Catedrais góticas: mistério mais grandioso que o das pirâmides do Egito
Burgos, Espanha
A técnica é definida pela Escolástica, da mesma forma que as artes, como “recta ratio factibilium”. Quer dizer, a reta ordenação do trabalho, ou também, a ciência de trabalhar bem.
Hoje, o mal uso da técnica, a empurra para produzir para além do que é bom, e espalhar instrumentos que afligem a vida dos homens.
Nos tempos em que o espírito do Evangelho penetrava todas as instituições, a técnica produziu frutos que vão além do tudo o que a Humanidade conheceu previamente.
Um desses frutos inigualados foi ‒ e continuam sendo ‒ as catedrais medievais.
Até hoje especialistas tentam decifrar como fizeram os arquitetos da Idade Média para, com tão pobres instrumentos, criar obras colossais que “humilham” as técnicas modernas mais avançadas.
Os técnicos das mais variegadas especialidades da construção e também da física, da química e das matemáticas se debruçam para tentar descobrir como os medievais erigiram esses portentos arquitetônicos.
Mergulham eles nos “mistérios das catedrais”.
São muitos os que até agora não estão elucidados: desde as fórmulas químicas desaparecidas que dão aos vitrais tonalidades únicas e irreproduzíveis até os mais complexos cálculos matemáticos e astronômicos que orientaram as proporções cósmicas das Bíblias de pedra.
Como decifrar o enigma?
“As catedrais se burlam de nós há oito séculos. Elas resistiram não só às intempéries e aos ataques insidiosos do clima, mas mais ainda por vezes a provas tão violentas como os bombardeios. Como é que estas catedrais loucas aguentam em pé?”, pergunta o arquiteto, historiador e geógrafo Roland Bechmann em seu livro “As raízes das catedrais”.
O livro de Bechmann recebeu elogios das maiores autoridades acadêmicas da França. Ele tem o mérito de mexer numa polêmica silenciosa, mas aberta como uma chaga nas almas de inúmeros franceses.
Enquanto o mundo parece rumar para uma modernidade cada vez mais caótica, as catedrais góticas em seu mutismo eloquente apontam um caminho inteiramente diverso.
O comentarista Paul François Paoli, do jornal “Le Figaro”, resume esse conflito interior dos franceses:
“As catedrais góticas são as pirâmides do Ocidente e nós não acabamos ainda de compreender como é que elas puderam ser construídas numa época considerada como obscura e arcaica do ponto de vista científico”.
O historiador Jacques Le Goff saudou o livro de Bechmann como uma obra prima de interdisciplinaridade sobre “esses prodígios de pedra que continuamos admirando em Amiens, Chartres ou Paris”.
Mas, segundo Bechmann, esses prodígios dizem uma coisa aos homens do século XXI: “como vocês são pequenos!”
“No fim da época gótica ‒ explica o autor ‒ havia uma igreja para cada 200 habitantes da França, e esses prédios considerados em seu conjunto podiam abrigar uma população maior que a do país inteiro. Calcula-se que em trezentos anos a França extraiu, transportou de charrete e erigiu mais pedra que o antigo Egito em toda sua história”.
Mas não é só uma questão de tamanho e volumes, não, diz Bechmann. É uma questão de ciência e grandeza de alma. E explica:
“Se hoje nós devêssemos construir catedrais góticas com os meios de que eles dispunham, nós não conseguiríamos. E mesmo que nós conhecêssemos até os pormenores de seus procedimentos, nós não ousaríamos.
“Calcular a resistência de construções como eles souberam realizar exigiria a ajuda de computadores. E ainda que nós conseguíssemos, haveria todas as chances de que nós chegássemos à conclusão de que essas catedrais, segundo as normas e coeficientes de segurança que nós aplicamos hoje, não poderiam ficar em pé...”
E, entretanto, elas continuam de pé e continuam nos emocionando, acrescenta Paul F. Paoli, jornalista do “Figaro”.
Este enigma profundo das catedrais e dos homens que as conceberam e realizaram em tão grande número e variedade nos conduz a considerações que superam a própria ciência e à própria técnica.
A primeira e mais imediata consideração é sobre a sabedoria dos construtores. Monges, teólogos, arquitetos, artistas, simples pedreiros, neles parecia habitar uma sabedoria que ia muito além de suas naturezas humanas, por vezes rudes e imperfeitas.
Pelos frutos se conhece a árvore. Pela catedral se conhece a alma de seus construtores.
Como foi possível tal afloração simultânea de homens com almas sólidas e plácidas, fortes e delicadas, lógicas e jeitosas, como as que fizeram essas Bíblias de pedra?
Homens que foram a encarnação da virtude da sabedoria. Da sabedoria sobrenatural que só a graça divina dispensa às suas almas mais amadas.
E essa é uma segunda consideração de natureza espiritual. Foi essa sabedoria sobrenatural, de que a Igreja Católica é a tesoureira, que gerou aqueles homens e suas catedrais.
Longe da Igreja, o homem do terceiro milênio sente-se apequenado, tristonho e cheio de incertezas.
Mas, as portas da Igreja estão abertas de par em par, como as portas das catedrais, para acolher esse homem de hoje e reconduzi-lo maternalmente pelas vias da Sabedoria eterna e encarnada, Nosso Senhor Jesus Cristo, pela intercessão de sua Santíssima Mãe.
Basta que a alma queira se abrir inteiramente a esse influxo sobrenatural.
P.S.: Alguém poderia perguntar: como conseguir me doar tão inteiramente à Igreja para receber essa sabedoria? Eu tento e não consigo... sou tão fraco...
Há séculos um grande santo respondeu isso para nós. Ele até excogitou um método para nós miseráveis pecadores receber a Sabedoria eterna e encarnada “sem esforço”.
Foi São Luis Maria Grignion de Montfort com seu método de consagração à Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, na qualidade de servos e escravos. Foi Ela que inspirou as mais gloriosas catedrais que levam seu nome: Notre Dame. Essa devoção está explicada no famosíssimo livro, disponível em todas as línguas: “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”.
FOnte: Ciência COnfirma a Igreja
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