sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Civilização do amor: Necessidade urgente - Parte 2

Civilização do amor: Necessidade urgente - Parte 2
Por: Jairo Coelho
Seminarista Diocesano
E-mail: jairo.coelho@hotmail.com


Construir a CIVILIZAÇÃO DO AMOR não é tarefa fácil. Por isso, não é para qualquer um, embora seja responsabilidade de todos. Requer coragem e audácia profética para enfrentar os adversários de uma cultura de paz, que disseminam, de forma virulenta, uma cultura de guerra e de morte, cujas principais vítimas são os jovens.

Por outro lado, não se pode negar que a juventude é “dinamizadora do corpo social e especialmente do corpo eclesial, por isso, a Igreja faz uma opção preferencial pelos jovens com vistas à sua missão evangelizadora na América Latina” (cf. CNBB – DOC. 85, Nº 90). Apesar disso, é fato que “muitos jovens estão distantes da Igreja e é difícil ir ao seu encontro” (cf. PASTORAL VOCACIONAL, 1981), e o que é mais grave, os poucos que ainda perseveram não encontram muito apoio. Pelo contrário, mesmo a Igreja reconhecendo que “Deus nos fala pelos jovens” e que a “juventude é uma prioridade em sua missão evangelizadora”, em muitas paróquias há uma verdadeira guerra: de um lado estão os jovens reclamando (e com razão) da falta de incentivo e espaço para trabalharem; e do outro, estão aqueles que vivem dizendo que “os jovens só sabem fazer bagunça”, “não querem saber de nada”, “atrapalham a vida da comunidade” e “só dão prejuízo”.

É conveniente reconhecer, no entanto, que tais atitudes não estão em comunhão com a opção da Igreja. Enquanto os pastores renovam a sua “opção afetiva e efetiva pelos jovens”, nas bases a realidade é outra.

Desta forma, “os jovens não acreditam porque não encontram sinais e testemunhos convincentes que possam estimulá-los a comprometer-se com a Igreja [...] Mas se apresentarmos aos jovens o verdadeiro rosto da Igreja e a sua missão no mundo, que é serviço de comunhão, participação, salvação e vida, ajudá-los-emos a aderir e a comprometer-se” (PV, 1981). A palavra-chave é, portanto, TESTEMUNHO.

Construir a CIVILIZAÇÃO DO AMOR exige da Igreja cortar na própria carne e transpor da teoria à prática a opção preferencial pelos jovens. Em outras palavras, é preciso uma conversão pastoral.

No que se refere à relação entre juventude e sociedade, o problema é muito pior. Os jovens não encontram o seu “lugar ao sol” e não passam de objeto de consumo e por serem mais vulneráveis, são presas fáceis diante dos problemas da sociedade pós-moderna. A educação é falha e não há vagas no mercado de trabalho, apenas para citar alguns dos problemas.

A sociedade capitalista, que visa apenas o lucro, descobriu no jovem um consumidor em potencial, daí os grandes apelos publicitários. Sem dinheiro para satisfazer os seus desejos e sem uma estrutura familiar sólida, muitos jovens recorrem a meios poucos virtuosos para conseguirem realizar o sonho de consumo. Por isso, muitos se prostituem, outros roubam e matam e há também aqueles que se drogam.

Diante de tudo isso, é urgente investir na força dos jovens e na sua capacidade transformadora para mudar a realidade e construir a tão sonhada CIVILIZAÇÃO DO AMOR. Sem grandes pretensões, apresentamos aqui algumas propostas:

SETOR JUVENTUDE: conforme propõe o Doc. 85 da CNBB, é urgente organizar, em nível de Diocese, o SETOR JUVENTUDE. Não se pode mais admitir as “briguinhas infantis” entre pastorais e movimentos para ver quem consegue o maior número de adeptos. É preciso unir as forças e fazer um grande MUTIRÃO em favor da evangelização da juventude.

GRUPO DE JOVENS: mais do que um espaço de encontro, os grupos de jovens devem ser um lugar de oração, formação e reflexão capazes de gerar ações concretas em favor de uma sociedade mais justa e solidária. É fato que o jovem não gosta de “esquentar banco”, o que obriga os grupos a reverem suas metodologias.

FAMÍLIA: conforme os documentos da Igreja, a família é a “igreja doméstica”. Neste sentido, todos são evangelizados e evangelizadores. Porém, o que se vê são famílias completamente desestruturadas, incapazes de ajudar os próprios filhos. Daí, a importância de se investir na evangelização dos jovens para que estes evangelizem as próprias famílias. Os pais são mais sensíveis aos apelos dos filhos que aos apelos da Igreja.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO: os jovens são verdadeiros peritos em comunicação, sobretudo no que se refere às novas tecnologias. “A vós, jovens, que vos encontrais quase espontaneamente em sintonia com estes novos meios de comunicação, compete de modo particular a tarefa da evangelização deste ‘continente digital’” (Bento XVI). O universo da comunicação talvez seja o espaço em que mais rapidamente os jovens podem se ver como protagonistas. É necessário, portanto, estimular uma formação crítica e incentivar a participação da juventude nos meios de comunicação.

CULTURA JUVENIL: Conhecer, compreender e valorizar as mais variadas manifestações culturais e artísticas dos jovens: música, teatro, dança, esporte, etc. (sem preconceitos), é o primeiro passo para penetrar neste universo tão vasto, tão rico e ao mesmo tempo tão significativo. Tais manifestações são a “matéria-prima” para a evangelização da juventude.

Diante de tudo isso devemos ter sempre em nossos corações as palavras de Paulo a Timóteo: “Ninguém despreze a tua juventude...” (1Tm 4,12). Agindo assim, estaremos colaborando com a construção da CIVLIZAÇÃO DO AMOR, por entendermos que a juventude é muito mais que uma fase da vida; é um tempo kairológico através do qual Deus se manifesta de maneira sempre nova, dinâmica, alegre e criativa.

Fonte: Catequisar

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