Mãe: figura aristocrática na família católica
02 jan 2012 Deixe um comentário
por lucianalachance em dona-de-casa, esposa, família, maternidade Tags:dona-de-casa, família, filhos, rainha do lar
Introdução
Para iniciarmos este artigo é preciso desde já esclarecer o que queremos dizer por aristocracia, para daí entendermos porque a mãe representa este papel dentro do lar.
A palavra aristocracia é formada por duas palavras gregas: áristos, que quer dizer ‘melhor’; e krátos, que significa ‘poder, governo’. Portanto, o significado etimológico de aristocracia pode ser dado como ‘governo dos melhores’.
Este sentido básico inspira muitos outros, e, a partir dele, podemos formar conceitos interessantes para explicar a vida de família.
Na filosofia, a ideia de aristocracia, segundo o Cardeal Angel Herrera Oria, “leva entranhada em si a ideia de perfeição, a ideia de virtude”. Assim, o aristocrata seria alguém que possuiria “hábitos virtuosos” e que almejaria a “perfeição moral e o amor ao povo”(1).
A família
De acordo com a doutrina tradicional da Igreja, a autoridade da família católica corresponde ao esposo, a quem se submetem a esposa, os filhos e os empregados da casa. A família seria, portanto, um pequeno reino em que o pai representa a figura do rei… e como se sabe, o rei deve governar com firmeza, para que sua autoridade se faça valer – do mesmo modo o pai, do contrário, nem a mãe nem muito menos os filhos se habituariam em obeceder-lhe. Claro está que firmeza não é sinônimo de tirania, e, deste modo, o pai não precisa ser somente como que um policial do lar, que aparece para corrigir as infrações às leis domésticas: o pai precisa ser firme, mostrando que os limites dados por ele serão cumpridos, mas, geralmente, deve fazer com que isto fique evidente sem a necessidade de criar uma tensão excessiva no lar, gerando um constante temor tanto na mulher quanto nos filhos. Nos momentos necessários, obviamente, o pai pode se valer de sua autoridade para corrigir os filhos rebeldes, com um tratamento mais enérgico do que o de costume.
Enfim, pelo descrito acima, percebe-se que o pai é um misto de rei, juiz, policial, tendo também o seu lado afetuoso e dedicado, que a palavra “paternal” exprime bem. Mas, carregando a autoridade, o tipo de influência e exemplo que dá aos filhos é diverso do que é dado pela mãe, figura mais afável e delicada aos olhos da prole.
A Mãe Aristocrática: mediadora e conselheira
Quem de nós nunca aprontou uma “bagunça” daquelas e acabou ficando mau visto aos olhos do pai, que – de tão bravo – decidiu dar-nos um castigo severo para aprendermos que não podíamos nos portar de tal modo? Quem de nós nunca pensou em apelar para a mãe, para que ela – com toda sua doçura e “jeito” de falar – convencesse o pai de que a lição já havia sido muito bem aprendida e por isso deveria cessar o castigo? Pois bem, este é um dos papéis aristocráticos de nossas mães.
Esta intermediação que a mãe faz entre o pai e os filhos é uma qualidade aristocrática, visto que ela vai, a partir de conselhos, conciliando a autoridade do pai com a psicologia dos filhos, de modo que a harmonia familiar vai se formando. A mãe sente até que ponto os filhos estão recebendo os “mandos” do pai, para que o jugo não seja por demais pesado e o que poderia ser uma correção acabe se transformando num problema maior. De igual modo ela sente quando o marido está insatisfeito com a postura dos filhos e vai procurando melhorá-los em alguns pontos, de modo que o pai não se desgoste da vida familiar. Por exemplo, os filhos podem ser pouco estudiosos, e então o pai começa a se indispor por sempre receber notas baixas da escola; a mãe, percebendo tal situação, deve esforçar-se para que os filhos tomem gosto pelo estudo e, com o passar do tempo, possam entregar boletins com notas melhores. Assim, o pai vê seu desejo atendido sem a necessidade de se criar um novo problema de família que poderia demandar longas conversas ou a aplicação de castigos por vezes desnecessários.
Do sentido etimológico, dado no início do texto, podemos dizer que em certo sentido a mãe participa do “governo dos melhores”, pois, apenas pelo conselho e influência pessoal consegue com que o lar alcance a ordem necessária para o bom convívio de todos. No sentido filosófico, poderíamos dizer que a mãe concorre para a “perfeição” do lar, para a prática das virtudes; do mesmo modo, ela almeja a “perfeição moral” no seu lar e tem profundo “amor ao [seu] povo” (marido e filhos).
A Mãe Aristocrática: o espírito de caridade no Lar
A mãe também representa a caridade dentro do lar: primeiro por ser aquela que olha pela necessidade dos seus e procura aliviá-las. Se um filho está doente, ela é toda atenção e sacrifícios para o retorno de sua boa saúde; se uma filha vai mau na escola, gasta seu precioso tempo revendo as lições com a pequenina, de modo que ela fixe bem o assunto; se o marido está estressado por causa dos trabalhos, ela é toda doçura e amenidade, para que o seu amado não se sobrecarregue ainda com os pequenos problemas do lar, dos quais a própria mãe muitas vezes pode se encarregar. Ela também representa a caridade porque habitualmente é quem inculca nos filhos o espírito de economia, de amor aos necessitados, ensinando-lhes o valor das coisas e como é importante rezar pelos que mais precisam de bens espirituais e materiais.
Uma outra caridade feita pela mãe, muitas vezes sem que ninguém da casa o perceba, é a administração do tempo e atenção do esposo. As vezes acontece de o marido chegar do trabalho e dedicar muita atenção a um dos filhos e passar toda a noite sem dar afeto suficiente ao outros… a mãe, neste momento, arranja um modo pelo qual o pai note a presença dos demais e se entretenha com a presença deles: seja contando algo que aconteceu com o filho mais velho na escola, seja cantando despretensiosamente com a filha mais nova alguma cantiga de que o pai tenha um gosto especial… enfim, usando sua criatividade materna em favor dos seus pequenos.
No livro do Cardeal Herrera Oria, há uma ilustração da caridade materna na pessoa da Virgem Santissima. Eis o trecho:
“C. No Evangelho aparece muito claro o contraste entre a falta de misericórdia, de caridade, de espírito aristocrático dos apóstolos na cena que comentamos (o Evangelho da multiplicação dos pães – Jo. 6,1-15) e a inefável missão aristocrática que desempenhou Maria Santíssima nas Bodas de Caná.
“a) Atenta às necessidades dos demais, Maria aproxima-se de quem pode remediá-las para as expor.
“b) E depois se aproxima do povo, representado pelos criados, para mostrar-lhes que devem ser obedientes”.
É pedir demais que as mães tenham uma presença aristocrática no Lar?
Lendo este pequeno texto, a leitora pode pensar que talvez o texto tenha dado informações demais, e que seria impossível para uma mãe dar conta de tantas “funções” ao mesmo tempo. De fato, se para cada uma destas coisas a esposa/mãe precisasse de um longo tempo de preparação ou já tivesse que fazê-las impecavelmente, sem cometer nenhum deslize. Mas, no fundo estas são coisas que toda mãe de família dedicada naturalmente aplica no seu lar. Com um pouco de boa vontade e desejo de fazer do lar um ambiente ameno e em que se respira a paz de Nosso Senhor, a mãe de família vai se dando conta destas necessidades e começa a criar, ao seu modo, estratégias eficazes para que reine em sua casa o espírito da verdadeira família católica.
Fonte: As Chamas do Lar Católico
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