Anticlerical ma pero nun mutcho...
Não sou conservador. Rejeito esta pecha. Eu sou o que sou, como Deus. Eu só tento seguir o livrinho amarelo, o catecismo, o livrinho vermelho, o missal (acharam que era o "Das Kapital"?) e o livrinho azul, a Bíblia. Para entender o azul, uso o amarelo. Para justificar o amarelo, uso o azul. Para cumprir o que o azul diz, uso o vermelho. E porque sou comprometido por meus votos àqueles que ordenaram que o livro amarelo fosse escrito, o colégio dos bispos, procuro seguir o vermelho sem me desviar para a esquerda, nem para a direita. Assim deveriam ser os sacerdotes. Assim deveriam ser...
Conheci um grande católico. Grande mesmo. Se fosse teólogo, subiria às alturas, seria um doutor da Igreja. Mas é leigo, e foi tocando a vida como leigo sem usar os grandes talentos teológicos que Deus lhe deu. Por conhecer muito, é especialmente sensível às mazelas que vê no clero, que deveriam ser as últimas trincheiras da teologia, a Verdun da crença, a Stalingrado da fé. É muito difícil, ao conhecer o diamante sem jaça da doutrina católica, agüentar o cocô malcheiroso que anda o clero brasileiro. É como tomar uma margarita feita com a melhor tequila do mundo servida com pedras de urina congelada ("Margarita!" - Vejam como o frei é old-fashioned!).
Enfim, este amigo anda cada vez mais desapontado com o clero, ao ponto de ameaçar sua fé. Finalmente, anda entregando os pontos, sufocado pelo mal exemplo está começando a jogar às favas os mandamentos, como ovelha que inevitavelmente se perde pelo cochilo dos pastores. Por que ele seria fiel, se o clero não é? Por que ele se importaria com a Igreja, se Deus parece que não se importa? Começa-se largando o III mandamento, o mais difícil de se cumprir no Brasil hoje em dia.
Ele anunciou a mim que estava virando anti-clerical! "Anti-Clerical!" eu iria retrucar lembrando de todas asnadas a moda "Crime do Padre Amaro", que o próprio Eça considerou infantil com mais juízo. Porém fui indulgente. Ele ele desabafou:
- No clero brasileiro só tem herege e pederasta. - disse sem se desculpar comigo, que NAO SOU herege NEM pederasta. Já o Padre Hedger, vigário episcopal da zona leste...
Dei risada. Quem dera que houvesse um anticlericalismo que pusesse os dedos na ferida assim! Louvei o anticlericalismo dele. Uma pessoa que estivesse preocupada com a ortodoxia do clero (herege!) e seu comportamento (pederasta!) não é realmente anticlerical. É PRO-clerical. Toda a boa formação católica dele está lá, ferida e maltratada, mas está lá.
E querem saber de uma coisa? Ele não está errado, a despeito do exagero, há sacerdotes segundo o coração do Altíssimo ainda nestas terras... Como diria o profeta Baruc, nós sacerdotes devemos corar de vergonha porque abandonamos o Senhor. Os bispo tem sim que fazer uma limpa nos Seminários, tem de purgar as dioceses dos elementos contrarios. A Igreja é uma organização associativa. As pessoas PEDIRAM para fazer parte dela. São livres para sair também.
Não concorda com a Doutrina, padre? A porta da rua é serventia da casa. Há liberdade de religião. Procure a crença que melhor se adequa a sua. Mas na Igreja, tem de seguir o livrinho amarelo.
Quer sentir "sensações diferentes", padre? Ok, você é livre. Nem Deus impede seus folguedos retais. Mas não enquanto membro dirigente desta organização, que reprova estas práticas. Fora da Igreja, inclusive, você encontrará diversos entusiastas destas práticas homoafetivas das mais diferentes maneiras, que a consideram o supra-sumo da civilização, do belo e do justo. Na Igreja, não. Somos arcaicos e retrógrados, né? Pois é... somos assim!
Não sei porque estes padres insatisfeitos se torturam. Convenhamos, ser padre sem fé deve ser a pior coisa do mundo. Sem fé, as missas são um porre. Sem fé, as confissões são chocantes. Sem fé, os bispos são os piores chefes do mercado. Sem fé, o salário de um padre é uma merreca. Peguem suas trouxas, seus trens e saiam pelo mundo! Ensinem o que queiram, namorem quem queiram.
Mas aqui não. Enquanto estiverem aqui, e estão porque quiseram, tem de seguir as regras de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Fonte: Blog do Frei Clemente Rojão
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