Eleonora Menicucci — haveria nome mais impróprio para fazer parte do governo?
A nova ministra, Eleonora Menicucci, e a ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes
Paulo Roberto Campos
prccampos@terra.com.br
Não foi desmentida a estarrecedora e repugnante entrevista que Eleonora Menicucci de Oliveira (a nova Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres) concedeu à Profa. Joana Maria Pedro em 14-10-2004, mas que somente veio a público no dia 13 último, pela postagem do jornalista Reinaldo Azevedo em seu blog na revista VEJA: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-ministerio-dilma-nova-ministra-da-mulher-confessa-que-ja-treinou-abortos-por-succao-mesmo-nao-sendo-medica-mais-ela-se-considera-avo-de-um-neto-mas-tambem-do-aborto/
Quando tomei conhecimento de tal entrevista, quase não podia acreditar, pois parecia um filme de terror. Pensei com meus botões: “Será real coisa tão asquerosa? Bom, se não for verídico, evidentemente, a ministra vai desmentir”.
A entrevista foi publicada antes do carnaval. A folia acabou, já estamos na primeira semana da Quaresma e nada de desmentido. Então resolvi transcrever aqui o texto publicado no mencionado blog. A íntegra da entrevista, feita pela referida professora – que é pesquisadora e Doutora em História Social pela USP – encontrava-se no site da Universidade Federal de Santa Catarina (http://www.ieg.ufsc.br/admin/downloads/entrevistas/29092009-111002menicucci.pdf), mas foi retirada por pedido expresso da nova ministra. Entretanto, o Reinaldo Azevedo tinha guardado uma cópia do texto, agora off-line.
A recém-empossada Ministra das Mulheres — melhor qualificação seria Ministra do Aborto — militou no Partido Operário Comunista (POC), que pretendia implantar no Brasil a ditadura comunista nos moldes da revolução cubana. Eleonora Menicucci deseja passar sua imagem como se tivesse sido uma heroína que em sua luta por um “ideal” fora encarcerada no presídio Tiradentes (na chamada “Torre das Donzelas”) em 1971, juntamente com Dilma Rousseff e outras guerrilheiras. Mas é preciso desmistificar tal “ideal”, pois não passava de um plano sórdido para levar o Brasil a ser dominado pelo tirânico regime comunista, cujo modelo de ação era o do bando covarde e assassino constituído pelos guerrilheiros Fidel Castro, Ché Guevara et caterva.
Devido às afirmações da nova Ministra — de ter-se submetido a dois abortos, de ter sido aborteira (usando o sistema “Aspiração Manual Intrauterina”, um método de sucção, como admitiu), e de ter-se relacionado com homens e mulheres (sic) — o deputado carioca Eduardo Cunha afirmou: “Quando a gente lê várias declarações dessa nova ministra, ela está no lugar e na época errada, devia estar em Sodoma e Gomorra”.
Como foi grande a indignação produzida pela referida entrevista, sem desmenti-la Menicucci declarou: “Essa é uma questão [do aborto] que não diz respeito ao Executivo, mas sim ao Congresso. Há um projeto de lei em tramitação e sabemos da responsabilidade de prevenir mortes femininas e maternas” (“O Estado de S. Paulo”, 17-2-12).
Certamente uma declaração feita para não afastar eleitores do PT, pois, como é público e notório, Dilma Rousseff não foi eleita no primeiro turno devido às suas anteriores declarações pró-aborto. E só conseguiu vencer no segundo com a promessa de não dar nenhum passo que favorecesse a legalização do aborto no Brasil.
Segue a sinistra entrevista da nova ministra. Mas, leitor, cuidado! Escolha um bom momento para fazer sua leitura, pois poderá ficar enojado...
Dilma Rousseff e algumas amigas convidadas para fazer parte de seu governo. No meio, à esquerda, nova ministra Eleonora Menicucci e, à direita, a ex-ministra Iriny Lopes (que deixou a pasta da Secretaria de Políticas para as Mulheres a fim de disputar a prefeitura de Vitória
“ESTIVE TAMBÉM FAZENDO UM TREINAMENTO DE ABORTO NA COLÔMBIA, POR ASPIRAÇÃO”
Eleonora — Dois anos. Aí, em São Paulo, eu integrei um grupo do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. ( ). E, nesse período, estive também pelo Coletivo fazendo um treinamento de aborto na Colômbia.
Joana — Certo.
Eleonora — O Coletivo nós críamos em 95.
Joana — Como é que era esse curso de aborto?
Eleonora — Era nas Clínicas de Aborto. A gente aprendia a fazer aborto.
Joana — Aprendia a fazer aborto?
Eleonora — Com aspiração AMIU.
Joana — Com aquele…
Eleonora — Com a sucção.
Joana — Com a sucção. Imagino.
Eleonora — Que eu chamo de AMIU. Porque a nossa perspectiva no Coletivo, a nossa base…
Joana — é que as pessoas se auto auto-fizessem!
Eleonora — Autocapacitassem! E que pessoas não médicas podiam…
Joana — Claro! Eleonora — Lidar com o aborto.
Joana — Claro!.
Eleonora — Então vieram duas feministas que eram clientes, usuárias do Coletivo, as quais fizeram o primeiro auto-exame comigo. Então é uma coisa muito linda.
Joana — Hum.
Eleonora — Muito bonita! Descobrirem o colo do útero e…
Joana — Hum. Eleonora — Ter uma pessoa que segura na mão.
Joana — Certo. “NÓS DECIDIMOS, EU E O PARTIDO, QUE EU DEVERIA FAZER UM ABORTO” Num outro trecho, Eleonora conta como ela e o seu partido, o POC (Partido Operário Comunista), tomaram uma decisão: ela deveria fazer um aborto. Tratava-se apenas de uma questão… política!
Eleonora — Porque a minha avaliação era que eu tinha que fazer
Joana — a luta armada aqui.
Eleonora — a luta armada aqui. E um detalhe importante nessa trajetória é que, seis meses depois de essa minha filha ter nascido, eu fiquei grávida outra vez. Aí junto com a organização nós decidimos, a organização, nós, que eu deveria fazer aborto porque não era possível.
Joana — Certo.
Eleonora — Na situação ter mais de uma criança, né? E eu não segurava também. Aí foi o segundo aborto que eu fiz.
“EU TIVE MINHA PRIMEIRA RELAÇÃO COM MULHER. E TRANSAVA COM HOMEM; ESTAVA COM MEU MARIDO”
Falastrona e ególatra, como já apontei aqui, ela faz questão de contar na entrevista que teve a sua primeira relação homossexual quando ainda estava casada. Era o seu mergulho no que ela entende por feminismo.
Eleonora — Aí já nessa época eu radicalizei meu feminismo. Eu comecei a militar.
Joana — Onde?
Eleonora — Em Belo Horizonte, eu comecei a militar neste grupo.
Joana — Neste mesmo grupo?
Eleonora — É
Joana — O que se fazia além de discutir?
Eleonora — Nós discutíamos o corpo.
Joana — Certo.
Eleonora — Discutíamos a sexualidade. Eu tive a minha primeira relação com mulher também.
Joana — Hum.
Eleonora — Quer dizer que foi bastante precoce pra essa E transava com homem.
Joana — Certo.
Eleonora — Pra minha trajetória
Joana — Mesmo porque tu também estavas com o teu marido eu acho, não estavas?
Eleonora — Sim, sim.
Joana — Estavas. Ah
Eleonora — Mas nós nunca tivemos esse E ele era um cara muito libertário. Nós nunca tivemos essa questão de relação
Joana — Certo.
“SOU MUITO AMIGA DO FREI BETTO. ELE ME PÔS NO CENTRO DE DIREITOS HUMANOS DA DIOCESE DE JOÃO PESSOA”
Ora, qual é o lugar ideal para uma humanista desse quilate trabalhar? Frei Betto — sim, aquele… — deu um jeito de arrumar para ela um emprego na Arquidiocese de João Pessoa:
Eleonora — E aí, no início de 78, eu já tinha me separado do meu ex-marido e resolvo sair de Belo Horizonte. Aí quando eu saio de Belo Horizonte eu busco um lugar bem longe porque eu não queria mais ser referência para a esquerda. ( )
Eleonora — E eu não podia. Então eu procurei isso. Sou muito amiga, por incrível que pareça, a vida inteira, do Frei Betto e pedi a ele pra me encontrar um lugar o mais longe possível de Belo Horizonte. Aí ele falou “Eu tenho dois lugares onde a Diocese é muito aberta: em Vitória, com Dom Luís, ou em João Pessoa, com Dom José Maria Pires. Eu falei: “Eu quero João Pessoa”, quanto mais longe melhor. ( )
Eleonora — É Mas, assim, eu cheguei, eu. Eu tive que construir minha vida.
Joana — Hum. Foste trabalhar?
Eleonora — No Centro de Direitos Humanos da Arquidiocese da Paraíba.
Joana — Tá legal.
Eleonora — E aí eu comecei a trabalhar com as mulheres rurais de Alagamar, que era o que eu queria ( ) Logo depois, retomei um grupo, a minha atividade de grupo de reflexão feminista com algumas mulheres em João Pessoa. A maioria de fora de João Pessoa e duas de dentro Então nós criamos o primeiro grupo feminista lá em João Pessoa. Chamado Maria Mulher. ( )
Eleonora — É. “Quem ama não mata” e “O silêncio é cúmplice da violência”, e aí começamos a nos articular dentro do Nordeste.
Joana — Tá.
Eleonora — Era o SOS Mulher. O SOS Corpo e um grupo de reflexão que tinha em Natal
Joana — Hum.
Eleonora — De auto-reflexão. E no Maria Mulher, o que é que nós fazíamos? Nós fazíamos auto-exame de colo de útero, auto-exame de mama. ( )
Eleonora — Depois, em 84, eu venho pra São Paulo fazer doutorado em Ciência Política, já articuladíssima…
Joana — Imagino…
Eleonora — com o feminismo e com linhas de pesquisa bem definidas do ponto de vista feminista.
Joana — Quem é que te orientou em São Paulo?
Eleonora — Em São Paulo, foi a Maria Lúcia Montes, uma antropóloga. Embora, na época, ela fosse da Ciência Política. E, em 84, eu entro para o doutorado com uma tese que era sobre Direitos Reprodutivos e Direitos Sexuais a partir É a construção da cidadania a partir do conhecimento sobre o próprio corpo.
Joana — Isso por conta do teu trabalho com as mulheres?
Eleonora — Por conta do meu trabalho com as mulheres em uma favela chamada Favela Beira-Rio.
Joana — Certo.
Eleonora — Lá em João Pessoa.
Joana — Hum.
Eleonora — Que hoje é um bairro. Então nesta época eu fiquei quatro anos em São Paulo fazendo a tese e voltando a João Pessoa. ( ) E aí fui coordenadora do grupo de Mulher e Política da ANPOCS, do GT.
Joana — Hum.
“EU TINHA ATITUDES MASCULINAS ( ) ERA DECIDIDA, DETERMINADA, FORTE, SABIA ATIRAR”
Neste trecho, ela revela como enxergava — enxergará ainda? — os papéis masculino e feminino. Ah, sim: ela sabia “atirar”. Afinal, não se tenta impor uma ditadura comunista no país só com bons sentimentos, não é?
Joana — Já. E com relação às organizações das quais tu participavas?
Eleonora — Ah, primeiro que as mulheres dificilmente chegavam a um cargo de poder
Joana — Mas tu eras a chefe?
Eleonora — Eu era. Fui uma das poucas. Por quê? Eu me travesti de masculino
Joana — É? Como era?
Eleonora — Eu tinha atitudes masculinas ( ) Era decidida, determinada, forte, sabia atirar
Joana — Huuunnnn.
Eleonora — Entendeu?
Joana — Entendi.
Eleonora — Sendo que muitas mulheres sabiam isso tudo.
Joana — Certo.
Eleonora — Transava com vários homens.
Joana — Certo.
Eleonora — Essa questão do desejo e do prazer sempre foi uma coisa muito libertária pra mim, e por isso eu fui muito questionada dentro da esquerda.
Joana — É?
Eleonora — É.
Joana — Dentro do mesmo grupo do qual tu eras a líder?
Eleonora — Sim. Porque o próprio Por questões de segurança, eu só poderia ter relação sexual com os companheiros da minha organização.
Joana — Certo.
Eleonora — Num determinado momento, sim, mas na história do movimento estudantil, também já existia isso.
“EU TIVE MUITAS REFLEXÕES COM MINHAS AMIGAS NA CADEIA; UMA DELAS, A DILMA”
Neste outro trecho, a gente fica sabendo que Dilma Rousseff foi sua companheira também nas reflexões sobre o feminismo.
Eleonora — E, depois, imediatamente eu quis ter outro filho
Joana — Hum.
Eleonora — E muito no sentido de pra provar para os torturadores, mesmo que fosse simbolicamente, que o que eles tinham feito comigo não tinha me tirado a possibilidade de reproduzir e de ter uma escolha sobre meu próprio corpo
Joana — Hum.
Eleonora — Então eu tive mais um filho e logo que ele nasceu também de cesária eu me laqueei.
Joana — Certo.
Eleonora — Então Eu tinha, Eu fui presa com 24 para 25 mais ou menos.
Joana — Nossa Senhora!.
Eleonora — E sai com 30.
Joana — Certo.
Eleonora — Assim, da história toda e com 30 para 31, tive o meu segundo filho e fiz a laqueadura de trompas ( )
Joana — E então, tu saíste da cadeia em 74.
Eleonora — Certo.
Joana — Tu tiveste algum contato com o feminismo dentro da cadeia, com leituras feministas.
Eleonora — Não.
Joana — Ou depois?
Eleonora — Não, não. Ao longo da cadeia eu tive Durante a cadeia? Eu tive muitas reflexões com as minhas companheiras de cadeia
Joana — Tá.
Eleonora — Uma delas é a Dilma Roussef. ( )
Joana — Fizeram uma espécie de grupo de consciência?
Eleonora — Grupo de reflexão lá dentro.
Joana — Grupo de reflexão. ( )
Eleonora — Porque eu já saí É.. Eu já saí em 74, eu saí em outubro.
Joana — Certo.
Eleonora — No dia 12, Dia da Criança, eu saí já bem claro que eu era feminista.
Joana — Certo.
Eleonora — E, logo que eu saí da cadeia, eu em Belo Horizonte, fui procurar um grupo de mulheres.
Joana — Esses grupos de consciência?
Eleonora — É, só que era um grupo de lésbicas.
Joana — Certo.
Eleonora — E eu não sabia. Era um grupo de pessoas amigas minhas. ( )
Eleonora — Porque eu voltei a estudar!
Joana — Ah, legal!
Eleonora — Eu parei de estudar em 68.
Joana — Huuummm.
Eleonora — Eu parei no quarto ano de Medicina e no quarto de Ciências Sociais.
Joana — Foste concluir?
Eleonora — Fui, aí eu voltei pra concluir.
Joana — Certo.
Eleonora — Na UFMG, e optei por acabar Sociologia.
“SOU AVÓ DE UMA CRIANÇA NASCIDA POR INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL NA MÃE LÉSBICA; E TAMBÉM SOU AVÓ DO ABORTO”
Finalmente, destaco outro momento de grande indignidade na fala desta senhora. Ao se dizer avó de um neto gerado por inseminação numa filha lésbica e também “avó do aborto”, não só expõe a sua vida privada e a de seus familiares como, é inescapável constatar, demonstra não saber a exata diferença entre a vida e a morte.
Eleonora — E eu digo que a questão feminista é tão dentro de mim, e a questão dos Direitos Reprodutivos também, que eu sou avó de uma criança que foi gerada por inseminação artificial na mãe lésbica.
Joana — Hum, hum.
Eleonora — Então eu digo que sou avó da inseminação artificial.
Joana — (risos)
Eleonora — Alta tecnologia reprodutiva. E aí eu queria colocar a importância dessa discussão que o feminismo coloca no sentido do acesso às tecnologias reprodutivas.
Joana — Certo.
Eleonora — Entendeu? E eu diria: “Eu fiz dois abortos e também digo que sou avó do aborto também porque por mim já passou.
Joana — Sim.
Eleonora — Também já passou nesse sentido. E diria que eu sou uma mulher muito feliz e muito realizada. E eu pauto em duas questões: na minha militância política e no feminismo.
* * *
Comentar? Creio que não precisa... as fotos aqui publicadas "falam" por si... Comente o leitor...
Em todo caso, deixo aqui registradas algumas perguntas para a Dona Dilma Rousseff:
Não haveria uma mulher mais inadequada para fazer parte de seu governo? Alguém que melhor representasse as mulheres? Alguém que não tivesse a “ficha sujíssima”? Ao menos, que não tivesse as mãos sujas de sangue inocente de nascituros por ter sido aborteira? Por que escolher alguém assim? Praticar aborto não é crime? Exercer a medicina ilegalmente não é crime? Como então colocar num Ministério uma aborteira assumida?
Fonte: Família Católica
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