Um católico com cara de protestante.
Trechos da entrevista concedida ontem por Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, ao portal Terra (em vídeo aqui):
Dois dias antes da entrevista em que defende a união civil entre homossexuais, Chalita faz uma das leituras na Missa da Paróquia São José, no bairro do Belém, em São Paulo.
Dois dias antes da entrevista em que defende a união civil entre homossexuais, Chalita faz uma das leituras na Missa da Paróquia São José, no bairro do Belém, em São Paulo.
Sobre o aborto e a polêmica a este respeito na corrida presidencial de 2010:
“Eu acho que foi muito feio o que aconteceu na eleição presidencial. Eu não tenho problema em responder questão de nenhuma ordem. Mas o que aconteceu na eleição presidencial [...] de repente teve um reducionismo na eleição presidencial de uma discussão religisoa que nasceu de boataria de internet.”
“Eu sou um candidato, eu sou uma pessoa religiosa, nunca escondi isso de ninguém, eu frequento a Igreja, sou católico, tive num evento nos evangélicos nessa semana, e uma evangélica falou assim: nossa, você tem a cara dos evangélicos.”
“Eu sou contra o aborto, porque eu acho que você vai diretamente contra a vida. Eu não mudei, eu continuei defendendo isso, mas a presidenta Dilma disse o seguinte: ‘no meu governo não terá aborto’. E não tem. Ah, agora ela colocou uma ministra que é favorável ao aborto; sim, mas uma pessoa no governo ser favorável ao aborto não significa que o governo vai nessa linha, nessa direção. Eu não tive nenhuma mudança de percurso nessa minha trajetória política, o que houve foi essa quantidade de boatos que tentou colar nela a imagem de uma pessoa que era contra a vida.”
O Fratres in Unum gostaria de refrescar a memória do pré-candidato Chalita:
Sobre a união civil entre homossexuais:
“Maria, acho que esse é um tema fundamental. Eu fico muito à vontade para falar sobre isso porque em todos os meus livros, aí vem a questão do afeto ou os livros sobre a ética, livros que foram traduzidos. Eu tenho uma visão que eu acredito profundamente que a dignidade da pessoa humana, o respeito ao ser humano devem nortear todas as ações na área pública e na área privada. Então, é inadimissível que uma sociedade não consiga conviver com uma pessoa que seja diferente. Qualquer tipo de preconceito, qualquer tipo de intolerância deve ser perseguido, devem ser banido da área pública. Eu tenho o maior respeito pelas pessoas que tenham uma orientação sexual diferente. Acho que o Supremo já decidiu a esse respeito, dando o direito da união civil de pessoas do mesmo sexo.
- O senhor é favorável a isso?”
“Sou favorável a isso. Acho que isso já está decidido, discutido. Agora a questão do casamento religioso em igrejas, nem me parece que isso seja alguma coisa que essa comunidade queira, que os homossexuais queiram. Aí tem que respeitar a Igreja”.
* * *
Aproveitamos a oportunidade para recordar alguns princípios que deveriam ser seguidos por todos os católicos — o que incluiria o senhor Chalita, apesar de ser a cara dos “evangélicos” — e enunciados pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, atualmente Bento XVI:
“Onde o Estado assume uma política de tolerância de facto, sem implicar a existência de uma lei que explicitamente conceda um reconhecimento legal de tais formas de vida, há que discernir bem os diversos aspectos do problema. É imperativo da consciência moral dar, em todas as ocasiões, testemunho da verdade moral integral, contra a qual se opõem tanto a aprovação das relações homossexuais como a injusta discriminação para com as pessoas homossexuais. São úteis, portanto, intervenções discretas e prudentes, cujo conteúdo poderia ser, por exemplo, o seguinte: desmascarar o uso instrumental ou ideológico que se possa fazer de dita tolerância; afirmar com clareza o carácter imoral desse tipo de união; advertir o Estado para a necessidade de conter o fenómeno dentro de limites que não ponham em perigo o tecido da moral pública e que, sobretudo, não exponham as jovens gerações a uma visão errada da sexualidade e do matrimónio, que os privaria das defesas necessárias e, ao mesmo tempo, contribuiria para difundir o próprio fenómeno. Àqueles que, em nome dessa tolerância, entendessem chegar à legitimação de específicos direitos para as pessoas homossexuais conviventes, há que lembrar que a tolerância do mal é muito diferente da aprovação ou legalização do mal.
Em presença do reconhecimento legal das uniões homossexuais ou da equiparação legal das mesmas ao matrimónio, com acesso aos direitos próprios deste último, é um dever opor-se-lhe de modo claro e incisivo. Há que abster-se de qualquer forma de cooperação formal na promulgação ou aplicação de leis tão gravemente injustas e, na medida do possível, abster-se também da cooperação material no plano da aplicação. Nesta matéria, cada qual pode reivindicar o direito à objecção de consciência.
Fonte: Frates in Unum
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