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segunda-feira, 28 de agosto de 2017
quarta-feira, 9 de julho de 2014
Ruínas de Magdala, a cidade de Santa Maria Madalena onde Jesus pregou
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Funcionário limpa mosaicos ornamentados no sítio arqueológico de Magdala, Israel |
Uma tentativa de construir um hotel para peregrinos na Galileia acabou desencavando as ruínas da cidade natal de Santa Maria Madalena e uma antiga sinagoga onde Nosso Senhor Jesus Cristo pode muito bem ter pregado, noticiou “The New York Times”.
O padre Juan Solana, diretor do Instituto Centro Pontifício Notre Dame de Jerusalém, quis construir uma instalação para romeiros no lugar onde se ouviu a maior parte da pregação divina e se viu a maioria dos milagres de Jesus, segundo os Evangelhos.
Em 2009 um velho resort foi demolido, e quando se cavou a terra para colocar os alicerces, apareceram restos da cidade. Do ponto de vista arqueológico e histórico, a descoberta é relevante, pois não se conhecia ao certo o posicionamento de Magdala, (ou Migdal).
Somente os Evangelhos nos falam dessa cidade. Ela tinha deixado de existir e não faltou quem usasse a aparente contradição para impugnar a veracidade histórica da inspirada narração dos evangelistas.
A contradição também servia para alimentar a abstrusa afirmação de que Jesus e os Evangelhos, e também toda a Bíblia, não são históricos.
Tratar-se-ia, segundo esta teoria bizarra e anticristã, de mitos concebidos pelas primeiras comunidades cristãs para descrever suas experiências comunitárias. Um perfeito absurdo histórico, mas houve teólogos extraviados que deram forma sisuda a essa fantasia que mina as bases do cristianismo.
As autoridades da Igreja Católica e os arqueólogos enviados pela Autoridade de Antiguidades de Israel, a maior do país na matéria, não imaginavam encontrar nada de significativo no local.
Mas, a menos de meio metro abaixo da superfície, apareceu um banco de pedra que fez parte de uma sinagoga no século I.
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Piso ornamentado no sítio arqueológico de Magdala, Israel, onde porto e sinagoga foram encontrados |
Entre as ruínas, foi recuperada uma moeda datada no ano 29. Quer dizer, do tempo em que Jesus estava vivo e quiçá nem tinha começado sua vida pública. Para os especialistas, ficou claro que o local era a Magdala do Evangelho que estava perdida para a arqueologia.
Desde a primeira exumação de restos em 2009 até o presente, a escavação trouxe à luz um mercado; uma área presumivelmente destinada a salgar e secar peixes; uma casa grande ou edifício público com mosaicos, afrescos e três banhos rituais; uma colônia de pescadores e parte de um porto do século I.
9. Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana apareceu primeiramente a Maria de Magdala, de quem tinha expulsado sete demônios. (São Marcos 16, 9)
A descoberta fez mudar o projeto. Mas o centro já está concluído e tem vista para o porto e o mar da Galileia, onde aconteceram fatos narrados pelos evangelistas.
Na sinagoga foi encontrado um bloco de pedra com entalhes representando colunas e arcos, uma menorá (candelabro ritual) de sete braços e carruagens de fogo. Provavelmente foi usada como atril para ler a Torá, o livro sagrado judaico.
A pedra parece ser uma miniatura do Segundo Templo de Jerusalém, destruído pelos romanos no ano 70 e nunca mais reconstruído. O incêndio e arrasamento do Templo importou no fim do sacrifício hebraico, que cessou desde aquela data.
Esse sacrifício cruento foi substituído pelo sacrifício incruento operado na Missa instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo na Última Ceia.
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Mesa de pedra usada como atril para ler a Torá, o livro sagrado judaico, representa o Templo |
18. Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
19. E disse-lhes: Vinde após mim e vos farei pescadores de homens.
20. Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram.
21. Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu consertando as redes. Chamou-os,
22. e eles abandonaram a barca e seu pai e o seguiram.
23. Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
24. Sua fama espalhou-se por toda a Síria: traziam-lhe os doentes e os enfermos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos. E ele curava a todos. (São Mateus 4:23)
Magdala fica a oito quilômetros de Cafarnaum, onde Jesus pregou intensamente.
A arqueóloga chefe dos trabalhos, Dina Gorni-Avshalom, da Israel Antiquities Authority, considera que há “indícios circunstanciais” suficientes para se supor que Jesus pisou essa sinagoga.
A capela do resort para peregrinos está consagrada a Santa Maria Madalena, a pecadora arrependida que é símbolo da Redenção da humanidade imersa nas trevas em virtude do pecado original.
Ela aparece num grande mosaico no momento em que Nosso Senhor expulsa de seu corpo sete demônios, tendo como fundo a antiga cidade de Magdala.
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Santa Maria Madalena unge os pés de Jesus. Dieric Bouts, 1440, Sttatliche Museem Berlim. |
Por exemplo, considerar a vida de Maria Madalena, cujo nome deriva dessa cidade. Ela morava lá com Lázaro, de quem era irmã.
Lázaro, segundo as tradições do Oriente, tinha uma categoria social não política, de príncipe. Portanto, suas irmãs Marta e Maria eram pessoas de alta categoria.
Infelizmente, Maria Madalena tinha se tornado uma pecadora pública. Mas, uma vez arrependida, passou a praticar a contemplação e a penitência com suma seriedade e profundidade.
Sua irmã Marta viveu exclusivamente voltada para a contemplação, e por isso Nosso Senhor disse dela que escolheu a parte melhor.
Podemos refletir sobre essas pessoas, a vida que levavam e como foram se transformando em função de Nosso Senhor. Todo esse drama aconteceu entre essas ruínas da Galileia.
No fim da vida pública de Cristo, em Jerusalém, quando Santa Maria Madalena quebrou o vidro de perfume e começou a ungir os pés de Nosso Senhor, Judas criticou-a. Mas Jesus Nosso Senhor justificou a atitude dela.
Judas representou o contrário do arrependimento, e morreu no desespero, enforcando-se numa figueira. Santa Maria Madalena e Judas seguiram rumos diametralmente opostos.
Ela esteve ao pé da Cruz, enquanto Judas foi o apóstolo amaldiçoado. Santa Maria Madalena foi a primeira a presenciar a Ressurreição, enquanto ele se enforcou.
São antíteses tremendas entre um e outro. Pelo lado dela, o arrependimento, a pura contemplação e o desapego dos bens do mundo. Pelo lado dele, impenitência, desespero, apego aos bens do mundo, roubo, traição e, no fim, suicídio.
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Santa Maria Madalena, com a Cruz da penitência e o vaso do bálsamo preciosíssimo. Sevilha, Espanha. |
Houve um momento em que Judas esteve em estado de graça e Maria Madalena, em estado de pecado mortal. Ela saiu do pecado para subir até onde subiu.
E ele desceu da condição de apóstolo, para a qual havia sido convidado por Nosso Senhor, e precipitou-se para vender o seu divino Benfeitor.
Quanto pode uma alma que está no lodo subir, e quanto pode uma alma chamada ao que há de melhor cair!
As ruínas de Magdala nos ajudam a compor o cenário de tempo e lugar onde esse imenso drama em torno do Divino Redentor aconteceu.
Retirado de Ciência Confirma a Igreja
terça-feira, 8 de julho de 2014
Catedral de AACHEN (Aquisgrão): “nossa conversação está no Céu”
O que dizer dessa catedral?
O melhor comentário é: Oh!
O que significa esse oh!?
Significa: Oh!, preciosidade! Oh!, tesouro!
Oh!, símbolo de alguma coisa que eleva minha alma para os mais altos píncaros!
Oh!, catedral!
Analisando-a, parece ela um amontoado de torres, de capelas e de cúpulas, colocadas mais ou menos sem reflexão.
Mas de seu conjunto se desprende uma tal harmonia, que fico verdadeiramente maravilhado!
Harmonia que tem isto de curioso: tudo aponta para cima. Dir-se-ia que a catedral exclama: "Conversatio nostra in cœlo est" (Nossa conversação está no Céu).

Aponta para cima a cúpula, que, não satisfeita de se elevar com toda sua massa rumo ao alto, ainda ostenta uma cupulazinha, que é uma espécie de tentativa de alcançar com a ponta do dedo aquilo que a palma da mão não consegue tocar.
Aponta para cima a forma ogival das janelas que estão encrustradas na torre, e cuja extremidade parece refletir a tendência para subir, para subir...
Cada um dos torreõezinhos embaixo lembra-me aquelas palavras da Missa:
"Sursum corda! Habemus ad Dominum" (Elevai vossos corações ao alto. A resposta é: "Nós os temos voltados para o Senhor").
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Vídeo: a catedral imperial de Carlos Magno |
Todo O conjunto é um imenso, um maravilhoso sursum corda!
* * *
Entretanto, como pode uma pessoa, hoje em dia, possuir uma alma tão dura ou tão vil, que não se comova e não se entusiasme olhando essa catedral?
Imaginemos que se interrompesse uma novela pornográfica de televisão para se exibir, de repente, um filme sobre essa catedral.

Que alma é essa de alguém rejeitante de tal maravilha, e que prefere a pornografia?
Entretanto, a alma humana foi criada para tais elevações e tal dignidade.
E que o primeiro movimento de uma alma visando ausentar-se desses panoramas já a coloca à beira do abismo em que cairá!
(Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 22 de fevereiro de 1986. Sem revisão do autor.)
Retirado de Catedrais Medievais.terça-feira, 17 de junho de 2014
Relações entre empregado e empregador na Idade Média? Ou uma espécie de relação pai-filho?
Na sociedade medieval os relacionamentos humanos não eram tanto baseados nos contratos de serviço, mas nos contratos pessoais em que um homem se dá inteiro e recebe uma proteção total.
Hoje, os contratos entre patrão e empregado, ou entre patrão e patrão, empregado e empregado, são contratos trabalhistas, contratos de compra, venda, empréstimo, etc., e locação de serviços.
Esse tipo de contratos está restringido aos interesses e vantagens particulares legítimos.
Patroa e criados na colheita: relacionamento de alma
Porém, não se pode dizer que atendem a todos os desejos de relacionamento que existem no homem.
Trata-se de contratos legais onde o relacionamento de alma é secundário ou está ausente. Esta ausência deixa um vazio no espírito.
A sociedade medieval apanhou perfeitamente essa ausência na locação de serviços entre empregador e empregado.
Aliás, as palavras empregador e empregado são muito boas para o mundo do metal e do dinheiro.
Por exemplo, uma cozinheira que vai trabalhar a uma casa às tantas horas, faz o almoço todos os dias, sai, e volta para fazer o jantar. Depois ela recebe o pagamento no fim do mês. E com isto estão esgotadas as relações.
O que o patrão faz fora do jantar, o que a cozinheira faz fora da hora de trabalho? Cada um ignora quase tudo a respeito do outro.
A relação é: eu sou o que come e paga, ela é a que trabalha e vive do que eu dou para ela. Fora disto os contratos humanos estão inteiramente suspensos, não existem entre empregador e empregado.
Por isso o relacionamento é realmente entre empregador e empregado, porque a única relação que há é um emprego de caráter econômico. A expressão então é justa.
Mas, na Idade Média, a palavra patrão continha muito mais. Patrão vem da palavra latina pater, ou seja, pai, com todos os ponderáveis e imponderáveis que a palavra pai traz consigo.
E a palavra criado vem da ideia de criação, quer dizer a pessoa criada dentro da casa, como uma espécie de filho ou filha, com todos os ponderáveis e imponderáveis dos relacionamentos que há entre pai, mãe e filhos.
Então o contrato entre criado e patrão medieval tomava o homem todo também.
Os patrões cuidavam dos criados como se fossem outros filhos, dignificando-os.
Quando o criado entrava a trabalhar na casa do patrão era obrigado, antes de tudo, a morar na casa dele, a viver uma vida entrelaçada com a dele, contente com todos os fatos bons para o patrão, triste com todos os fatos ruins para essa forma de pai.
O casamento de um filho ou de uma filha, um filho que se formava um bom negócio que o patrão fazia, uma viagem, uma promoção, era para o criado um título de alegria, e ele participava do feliz sucesso.
Mas assim como o criado se dava completamente ao patrão, o patrão também se dava completamente ao criado.
E essa proteção atingia também aos filhos do criado, sua parentela, até mesmo quando, por alguma razão, ele deixava a casa.
Isto era algo muito semelhante, no nível doméstico ou do ofício, à vassalagem entre senhores feudais.
O vassalo pertencia ao seu senhor e a quem o senhor pertencia. Não como escravo, mas numa situação que era, de certo modo, uma prolongação da paternidade.
Por outro lado, na escala da nobreza, era a mesma coisa dos nobres inferiores em relação aos superiores e assim por diante, até chegar ao rei.
Conta-se que na noite de 10 de agosto de 1792, quando os revolucionários foram atacar o castelo das Tulherias, este castelo estava cheio de nobres acorridos dos fundos das províncias, alguns trazendo armamentos do tempo das guerras de Religião.
Por quê? Porque eles consideravam-se pertencer inteiramente ao rei, porque participavam da pessoa e da dignidade do monarca. E, portanto, se sentiam obrigados a derramar pelo rei seu próprio sangue.
Eles recebiam do rei todo o seu ser, tudo quanto eles eram. Mas de outro lado, eles davam tudo pelo rei. Era um contrato de homem a homem que toma por inteiro.
Episódios análogos se deram com os camponeses e domésticos defendendo as terras ou o castelo do patrão.
Relacionamento de alma, mais do que de dinheiro
Todos estes traços característicos do relacionamento pessoal na sociedade medieval existiam na Igreja Católica. E, às vezes, tinham sido criados pela própria Igreja.
Depois do Vaticano II estabeleceu-se por via de fato, entre o bispo e seus padres uma relação mais parecida com o frio – mas legítimo – contrato entre empregador e empregado.
Porque o padre trabalha para o bispo. E o bispo é um gerente dos padres. Mas, como a palavra gerente diminui, depaupera, avilta a dignidade do bispo!
Como deforma a realidade dizer que o padre é um empregado do bispo!
Em sentido diverso, qual era o relacionamento medieval do padre com o bispo?
O padre se dá à diocese. E dando-se à diocese, ele se entrega e passa a pertencer ao bispo. E por isso, um padre diz a verdade quando diz que é padre de tal bispo.
Por outro lado, o bispo também se dá à diocese e ao seu clero.
E por causa disto, o padre tinha uma dedicação pelo bispo que chega até ao derramamento de sangue. E vice-versa.
Muito mais frisante é isto nas Ordens religiosas, onde o religioso se dá à Ordem completamente na pessoa do abade ou superior, e onde o superior se dá à Ordem completamente.
Estas relações se parecem extraordinariamente com o princípio da sociedade temporal medieval. E muitas vezes, foram os religiosos – notadamente, os beneditinos – que passaram esse relacionamento de alma à sociedade.
Não havia um contrato de trabalho meramente material, argentário ou de interesses.
O contrato de trabalho é necessário, mas é apenas um dos elementos integrantes de toda uma situação humana de relações afetivas, de contatos morais, de gostos comuns, que se estabelecem na vida real sempre que dois ou mais se relacionam.
Dessa maneira, temos uma noção muito mais verdadeira, aconchegante, simpática e protetora do que era a civilização medieval.
Retirado de A Cidade Medieval.

quinta-feira, 5 de abril de 2012
sábado, 24 de março de 2012
Catolicismo e Contra-Revolução no Brasil dos séculos XIX e XX
Catolicismo e Contra-Revolução no Brasil dos séculos XIX e XX
Sergio Bértoli
Magníficos frutos do autêntico catolicismo no Brasil, baseado nos ensinamentos do Concílio de Trento, revigorado em meio a muitas provações e ataques anticlericais
O século XIX foi marcado pelo florescimento do catolicismo ultramontano, que fortaleceu a influência e o prestígio da Santa Igreja. Além de afirmarem as verdades eternas, os católicos se opunham decididamente aos inimigos da fé.
Inspirado nos perversos ideais da Revolução Francesa, expandia-se na época o chamado liberalismo católico, o qual pregava a “democratização” da Igreja e o distanciamento em relação à autoridade papal. Os católicos ultramontanos se levantaram então com ufania para defender a autoridade do Sumo Pontífice e a ortodoxia, gerando ao mesmo tempo grande dinamismo nas instituições e movimentos católicos.
Bem-aventurado Papa Pio IX
Na Europa, esse renouveau teve como figuras proeminentes contra-revolucionários do porte de Donoso Cortes, Joseph de Maistre, De Bonald, São Clemente Maria Hofbauer e, principalmente, o Bem-aventurado Papa Pio IX.
Muitos outros poderiam ser aqui citados. Catolicismo, na década de 1960, através da pena de seu saudoso colaborador, Prof. Fernando Furquim de Almeida, abordou com maestria a luta ultramontana e contra-revolucionária desenvolvida na Europa durante o século XIX.
No Brasil, este mesmo combate se travou com enorme vivacidade, envolvendo altas personalidades: a) de um lado, os defensores da fidelidade a um catolicismo genuíno; b) de outro, os propugnadores do dito catolicismo liberal, o “progressismo” da época.
Visão da História sob o prisma católico
Analisada a História sob o prisma católico, ela não se apresenta como uma sucessão de fatos caóticos e desarticulados entre si, mas sim orientados e influenciados por uma série de fatores naturais e sobrenaturais, que variam de acordo com o momento e a situação histórica. Um desses fatores negativos foi descrito pelo Papa Pio XII como sendo um sutil e misterioso inimigo da Igreja: “Ele se encontra em todo lugar e no meio de todos: sabe ser violento e astuto. Nestes últimos séculos tentou realizar a desagregação intelectual, moral, social, da unidade no organismo misterioso de Cristo”.1
Foi sob esse prisma que analisamos em nossos artigos anteriores o embate entre forças antagônicas no Brasil, a partir do século XIX, no tocante à educação, ao verdadeiro papel da mulher e em especial à influência da família na boa formação da sociedade.
Provações inerentes a toda obra de apostolado
D. Antônio Joaquim de Melo, primeiro bispo brasileiro a assumir a diocese de São Paulo, elaborou sólido plano de recuperação do catolicismo autêntico no Brasil, fundamentado nos ensinamentos do Concilio de Trento e nas orientações do Bem-aventurado Papa Pio IX. Entre suas metas principais figurava a constituição de seminários para a formação de um clero instruído e pleno de vida interior. Além disso, o prelado percebia bem quanto valor tinha a instrução católica da juventude, em especial a feminina, que levaria a boa seiva para suas famílias como filhas, irmãs, esposas e mães.
O plano do fervoroso bispo constava de uma instrução religiosa e cultural exímia. Exemplo disso foram as seis irmãs de São José de Chambéry, Sabóia (França), enviadas a Itu, no estado de São Paulo. Essa congregação tivera a glória de ser dispersa pela Revolução Francesa e ter suas primeiras mártires executadas na Praça de Martouret, na cidade de Puy, por não aceitarem a constituição civil do clero e as idéias iluministas desse movimento anticristão. A congregação felizmente não sucumbiu, e se reorganizou durante o século XIX.
A maioria de suas religiosas aqui aportadas era constituída por jovens entre 19 e 30 anos de idade, cuja chegada não deixou de causar, de um lado entusiasmos contagiantes, e de outro provações enormes, o que não é raro nas grandes obras de apostolado.
Assim, a indicada para superiora – Madre Maria Basília –, logo ao sair da Europa contraiu um resfriado, que se agravou a ponto de levá-la à morte em plena viagem. O Revmo. Pe. Terrier, dirigindo-se ao cardeal Billet, assim descreve o ocorrido: “Apesar da dedicação do médico, o mal se agravou, uma febre violenta a fez perder completamente o conhecimento de tudo, mantendo-a em delírio durante cinco dias. Pela tarde de 26 de julho, depois de ter repetido duas ou três vezes os nomes de Jesus, Maria e José, ela morreu como os justos, chorada por todos e a dois dias da chegada à terra, na altura do Cabo Frio, diante do Brasil onde ela tanto desejava chegar. Ó Eminência, que terrível golpe para nós; mas aos olhos da fé, que linda morte! Era mister uma vítima para atrair as bênçãos celestes sobre o nosso empreendimento: Deus escolheu a mais pura, a melhor preparada, a mais agradável aos seus olhos.
“Como não se podia conservar a bordo um cadáver além de 12 horas, foi preciso proceder-se à sua imersão, na madrugada seguinte. A cerimônia foi realizada com a maior solenidade possível. Celebrei a missa de corpo presente, e, bem assim, o Revmo. cônego Goud e o padre capuchinho: todos os católicos de bordo assistiram ao Santo Sacrifício. Findo este, o corpo, revestido do seu habito religioso, foi transportado para o convés e aí se cantou a Absolvição em meio dos soluços de todos os assistentes. Depois do último Requiescat in pace, suas Irmãs aproximaram-se para o derradeiro adeus, em seguida lhe ataram aos pés um saco de areia e escorregaram-na suavemente para o mar”.2
Madre Teodora de Voiron
x Deixamos para futuro artigo a narração das peripécias da viagem entre Rio, Santos, São Paulo e Itu. Pode-se bem imaginar as dificuldades sentidas por religiosas ainda muito jovens, vindas de uma sociedade europeia, sendo transportadas em liteiras, carroças e animais do mundo agreste de então. Entretanto, logo no primeiro instante, perceberam a cordialidade e a hospitalidade do brasileiro, características de nosso povo que foram objeto de elogios das religiosas.
Com a morte de Madre Basília, que superiora escolher? Foi indicada a Madre Maria Teodora de Voiron, de apenas 24 anos. D. Joaquim se opôs: “Mas é uma criança! Uma criança! Que faremos com uma criança?!”
Com o passar dos dias e observando-a atentamente, ele mudou o seu parecer: “Concluí que sua sensatez, sua discrição e sua prudência triunfariam de todos os obstáculos. Pareceu-me ver nela bom senso e condescendência, qualidades indispensáveis a uma superiora. Tudo me convenceu que ela devia governar”.
Madre Teodora, escrevendo à sua superiora na Europa, registrou: “O Sr. Bispo acaba de me enviar, por escrito, a confirmação do meu nome para superiora. Nunca senti tão vivamente minha fraqueza e profunda miséria. Minha única esperança está no Divino Salvador. Conto com a assistência de sua graça e com os conselhos de minha boa Mãe”. Logo em seguida acrescenta “Fazem-nos um pouco de guerra: nossa mudança excitou a raiva dos maus; eles não se conformam com a idéia de que a mais rica e bela Igreja, não somente da cidade, mas da Província, passe para mãos estrangeiras. Vêem que nossa obra prospera, que gozamos das simpatias de um grande número e não nos podem perdoar”.
Madre Teodora enfrentou provações múltiplas: contra a fé, contra a esperança, de desânimo, e muitas outras. Já com mais idade, contava sorrindo que certo dia, quando ainda jovem superiora, foi chamada ao locutório por um senhor de meia idade que, sem mais preâmbulos, exprimiu-lhe profunda admiração por sua brilhante inteligência, seu espírito de iniciativa e demais prendas. Acabou pedindo-a em casamento. Agradecendo-lhe a homenagem e os cumprimentos, Madre Teodora explicou-lhe: “Se fosse esse meu ideal, por certo eu não deixaria a França, onde recusei ótimos partidos”.
Esta é usualmente, diga-se de passagem, uma arma dos inimigos da Igreja contra sacerdotes e religiosas. E quantos apostatam! Mas era tal o desinteresse da Madre pelo assunto, que jamais cogitou da identidade do cavalheiro...
Oposição dos inimigos da Igreja
Interessa-nos realçar principalmente aqui em que consistiu a oposição a esta obra por parte de forças anticlericais de então, com seus métodos de ataques explícitos à Igreja. Hoje o lobo mudou de pele, embora tenha conservado e até requintado seu ódio à fé.
O jornal “A Gazeta de Campinas” publicou, no período de 1878 a 1880, uma série de artigos assinados por um L.L. (morador de Itu), sob o título O conventinho, os jesuítas e o Patrocínio de Itu. Entre sarcasmos, afirma-se nessa série (mantemos a ortografia do original): “Até quando ficaremos expostos aos effeitos funestissimos dessas cazas jesuíticas, que não escrupolizam em dar educação por ‘tais metas’[...]. Dezenas e dezenas de meninas costumam vir educar-se no Patrocínio, seria este cúmplice naqueles desmandos, caso não se viesse pela imprensa, abrir dos olhos aos ingênuos pais de famílias que, na boa fé, são aludidos pelos saltimbancos de roupeta”.
O alvo prioritário dos ataques eram os jesuítas. As Irmãs de São José também se tornam objeto das investidas, em virtude de sua ligação com os filhos de Santo Inácio. A congregação foi alvo de inúmeras crônicas, às vezes rudes, furibundas, fantasiosas e infundadas.
Um artigo no mesmo jornal, assinado por Ollem Sopmac — que, se lido na ordem inversa, pode significar Campos Mello — comenta: “Entretanto, a menina de que fallamos, que não teve tempo para estudar nem sequer a historia pátria, nem somente a provincial, sabia de cor inteiramente sem faltar uma linha, um volume inteiro da Historia Sagrada! [...] Nem um só dia deixa de repetir Cathecismo e Historia Sagrada [...], única cousa que se ensina com desvelo é o que lhe chamam religião, e que seria, se não estivesse enxertada das mesmas superstições dos jesuítas. Não vale a pena tão pouca cultura intellectual em troca de tanto fetichismo. [...] Em breve, os observadores conheceram que o beatíssimo começava a ressurgir de suas cinzas. Novas e desconhecidas praticas religiosas appareceram. As festas do mez de Maria de que nunca se fallou em Itu, foram instituídas; as solemnidades da Primeira Comunhão, um verdadeiro melodrama, que deslumbra as mulheres ignorantes e até alguns não muito ignorantes, celebram-se em grande concurso”.3
Expressões como “fanatizado pelos jesuítas”, “enorme turba de beatos”, “medrosos”, “multiplicaram-se as superstições”, “asqueroso fetichismo” etc., não cessavam de aparecer em tais escritos cheios de fel e anticlericalismo.
Resultado de uma grande obra de apostolado
Madre Teodora foi superiora da congregação por quase 66 anos. Apesar de todas as investidas, a obra foi adiante. A partir daquela semente nasceram numerosos frutos. Só no estado de São Paulo, até 1919, a congregação já mantinha 31 casas sob sua direção.
De acordo com o registro dos livros de matrículas que se encontra no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, de 1859 a 1919 foram matriculadas 2.275 alunas. Considerando o número de inscritas ano a ano, a tabela fala por si, demonstrando que o prestígio do colégio se mantinha equilibrado no decurso de 60 anos – caso inusitado, se comparado a outras instituições de educação que tentaram se firmar nesse mesmo período.
A sociedade paulista ficou marcada durante essas décadas pela moralidade católica tradicional. Moralidade esta combatida hoje ao extremo pelos fautores do hedonismo como “sociedade hipócrita, cheia de falso moralismo e tabus” e toda sorte de slogans injustos e superficiais. É a manifestação do mundo com seus ódios, falsos atrativos e falsas máximas, a que se refere São Paulo Apóstolo.
Em próximo artigo pretendemos expor o método e o programa de ensino das Madres de São José de Chambéry, tão amadas e queridas por várias gerações de formandas.
____________
Nota:
1. Alocução à União dos Homens da A. C. Italiana de 12-10-1952 – “Discorsi e Radiomessaggi”, vol XIV p. 359.
2. Uma alma de Fé, Olivia Sebastiana Silva, Ave Maria, São Paulo, 1985, p. 55 e 56.
3. “Educação Feminina numa Instituição total confessional Católica Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, Maria Iza Gerth da Cunha. Tese apresentada do Departamento de Historia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de SP (USP), 1999.
Veja:
Revista Catolicismo
Fonte: Fundadores
Sergio Bértoli
Magníficos frutos do autêntico catolicismo no Brasil, baseado nos ensinamentos do Concílio de Trento, revigorado em meio a muitas provações e ataques anticlericais
O século XIX foi marcado pelo florescimento do catolicismo ultramontano, que fortaleceu a influência e o prestígio da Santa Igreja. Além de afirmarem as verdades eternas, os católicos se opunham decididamente aos inimigos da fé.
Inspirado nos perversos ideais da Revolução Francesa, expandia-se na época o chamado liberalismo católico, o qual pregava a “democratização” da Igreja e o distanciamento em relação à autoridade papal. Os católicos ultramontanos se levantaram então com ufania para defender a autoridade do Sumo Pontífice e a ortodoxia, gerando ao mesmo tempo grande dinamismo nas instituições e movimentos católicos.
Bem-aventurado Papa Pio IX
Na Europa, esse renouveau teve como figuras proeminentes contra-revolucionários do porte de Donoso Cortes, Joseph de Maistre, De Bonald, São Clemente Maria Hofbauer e, principalmente, o Bem-aventurado Papa Pio IX.
Muitos outros poderiam ser aqui citados. Catolicismo, na década de 1960, através da pena de seu saudoso colaborador, Prof. Fernando Furquim de Almeida, abordou com maestria a luta ultramontana e contra-revolucionária desenvolvida na Europa durante o século XIX.
No Brasil, este mesmo combate se travou com enorme vivacidade, envolvendo altas personalidades: a) de um lado, os defensores da fidelidade a um catolicismo genuíno; b) de outro, os propugnadores do dito catolicismo liberal, o “progressismo” da época.
Visão da História sob o prisma católico
Analisada a História sob o prisma católico, ela não se apresenta como uma sucessão de fatos caóticos e desarticulados entre si, mas sim orientados e influenciados por uma série de fatores naturais e sobrenaturais, que variam de acordo com o momento e a situação histórica. Um desses fatores negativos foi descrito pelo Papa Pio XII como sendo um sutil e misterioso inimigo da Igreja: “Ele se encontra em todo lugar e no meio de todos: sabe ser violento e astuto. Nestes últimos séculos tentou realizar a desagregação intelectual, moral, social, da unidade no organismo misterioso de Cristo”.1
Foi sob esse prisma que analisamos em nossos artigos anteriores o embate entre forças antagônicas no Brasil, a partir do século XIX, no tocante à educação, ao verdadeiro papel da mulher e em especial à influência da família na boa formação da sociedade.
Provações inerentes a toda obra de apostolado
D. Antônio Joaquim de Melo, primeiro bispo brasileiro a assumir a diocese de São Paulo, elaborou sólido plano de recuperação do catolicismo autêntico no Brasil, fundamentado nos ensinamentos do Concilio de Trento e nas orientações do Bem-aventurado Papa Pio IX. Entre suas metas principais figurava a constituição de seminários para a formação de um clero instruído e pleno de vida interior. Além disso, o prelado percebia bem quanto valor tinha a instrução católica da juventude, em especial a feminina, que levaria a boa seiva para suas famílias como filhas, irmãs, esposas e mães.
O plano do fervoroso bispo constava de uma instrução religiosa e cultural exímia. Exemplo disso foram as seis irmãs de São José de Chambéry, Sabóia (França), enviadas a Itu, no estado de São Paulo. Essa congregação tivera a glória de ser dispersa pela Revolução Francesa e ter suas primeiras mártires executadas na Praça de Martouret, na cidade de Puy, por não aceitarem a constituição civil do clero e as idéias iluministas desse movimento anticristão. A congregação felizmente não sucumbiu, e se reorganizou durante o século XIX.
A maioria de suas religiosas aqui aportadas era constituída por jovens entre 19 e 30 anos de idade, cuja chegada não deixou de causar, de um lado entusiasmos contagiantes, e de outro provações enormes, o que não é raro nas grandes obras de apostolado.
Assim, a indicada para superiora – Madre Maria Basília –, logo ao sair da Europa contraiu um resfriado, que se agravou a ponto de levá-la à morte em plena viagem. O Revmo. Pe. Terrier, dirigindo-se ao cardeal Billet, assim descreve o ocorrido: “Apesar da dedicação do médico, o mal se agravou, uma febre violenta a fez perder completamente o conhecimento de tudo, mantendo-a em delírio durante cinco dias. Pela tarde de 26 de julho, depois de ter repetido duas ou três vezes os nomes de Jesus, Maria e José, ela morreu como os justos, chorada por todos e a dois dias da chegada à terra, na altura do Cabo Frio, diante do Brasil onde ela tanto desejava chegar. Ó Eminência, que terrível golpe para nós; mas aos olhos da fé, que linda morte! Era mister uma vítima para atrair as bênçãos celestes sobre o nosso empreendimento: Deus escolheu a mais pura, a melhor preparada, a mais agradável aos seus olhos.
“Como não se podia conservar a bordo um cadáver além de 12 horas, foi preciso proceder-se à sua imersão, na madrugada seguinte. A cerimônia foi realizada com a maior solenidade possível. Celebrei a missa de corpo presente, e, bem assim, o Revmo. cônego Goud e o padre capuchinho: todos os católicos de bordo assistiram ao Santo Sacrifício. Findo este, o corpo, revestido do seu habito religioso, foi transportado para o convés e aí se cantou a Absolvição em meio dos soluços de todos os assistentes. Depois do último Requiescat in pace, suas Irmãs aproximaram-se para o derradeiro adeus, em seguida lhe ataram aos pés um saco de areia e escorregaram-na suavemente para o mar”.2
Madre Teodora de Voiron
x Deixamos para futuro artigo a narração das peripécias da viagem entre Rio, Santos, São Paulo e Itu. Pode-se bem imaginar as dificuldades sentidas por religiosas ainda muito jovens, vindas de uma sociedade europeia, sendo transportadas em liteiras, carroças e animais do mundo agreste de então. Entretanto, logo no primeiro instante, perceberam a cordialidade e a hospitalidade do brasileiro, características de nosso povo que foram objeto de elogios das religiosas.
Com a morte de Madre Basília, que superiora escolher? Foi indicada a Madre Maria Teodora de Voiron, de apenas 24 anos. D. Joaquim se opôs: “Mas é uma criança! Uma criança! Que faremos com uma criança?!”
Com o passar dos dias e observando-a atentamente, ele mudou o seu parecer: “Concluí que sua sensatez, sua discrição e sua prudência triunfariam de todos os obstáculos. Pareceu-me ver nela bom senso e condescendência, qualidades indispensáveis a uma superiora. Tudo me convenceu que ela devia governar”.
Madre Teodora, escrevendo à sua superiora na Europa, registrou: “O Sr. Bispo acaba de me enviar, por escrito, a confirmação do meu nome para superiora. Nunca senti tão vivamente minha fraqueza e profunda miséria. Minha única esperança está no Divino Salvador. Conto com a assistência de sua graça e com os conselhos de minha boa Mãe”. Logo em seguida acrescenta “Fazem-nos um pouco de guerra: nossa mudança excitou a raiva dos maus; eles não se conformam com a idéia de que a mais rica e bela Igreja, não somente da cidade, mas da Província, passe para mãos estrangeiras. Vêem que nossa obra prospera, que gozamos das simpatias de um grande número e não nos podem perdoar”.
Madre Teodora enfrentou provações múltiplas: contra a fé, contra a esperança, de desânimo, e muitas outras. Já com mais idade, contava sorrindo que certo dia, quando ainda jovem superiora, foi chamada ao locutório por um senhor de meia idade que, sem mais preâmbulos, exprimiu-lhe profunda admiração por sua brilhante inteligência, seu espírito de iniciativa e demais prendas. Acabou pedindo-a em casamento. Agradecendo-lhe a homenagem e os cumprimentos, Madre Teodora explicou-lhe: “Se fosse esse meu ideal, por certo eu não deixaria a França, onde recusei ótimos partidos”.
Esta é usualmente, diga-se de passagem, uma arma dos inimigos da Igreja contra sacerdotes e religiosas. E quantos apostatam! Mas era tal o desinteresse da Madre pelo assunto, que jamais cogitou da identidade do cavalheiro...
Oposição dos inimigos da Igreja
Interessa-nos realçar principalmente aqui em que consistiu a oposição a esta obra por parte de forças anticlericais de então, com seus métodos de ataques explícitos à Igreja. Hoje o lobo mudou de pele, embora tenha conservado e até requintado seu ódio à fé.
O jornal “A Gazeta de Campinas” publicou, no período de 1878 a 1880, uma série de artigos assinados por um L.L. (morador de Itu), sob o título O conventinho, os jesuítas e o Patrocínio de Itu. Entre sarcasmos, afirma-se nessa série (mantemos a ortografia do original): “Até quando ficaremos expostos aos effeitos funestissimos dessas cazas jesuíticas, que não escrupolizam em dar educação por ‘tais metas’[...]. Dezenas e dezenas de meninas costumam vir educar-se no Patrocínio, seria este cúmplice naqueles desmandos, caso não se viesse pela imprensa, abrir dos olhos aos ingênuos pais de famílias que, na boa fé, são aludidos pelos saltimbancos de roupeta”.
O alvo prioritário dos ataques eram os jesuítas. As Irmãs de São José também se tornam objeto das investidas, em virtude de sua ligação com os filhos de Santo Inácio. A congregação foi alvo de inúmeras crônicas, às vezes rudes, furibundas, fantasiosas e infundadas.
Um artigo no mesmo jornal, assinado por Ollem Sopmac — que, se lido na ordem inversa, pode significar Campos Mello — comenta: “Entretanto, a menina de que fallamos, que não teve tempo para estudar nem sequer a historia pátria, nem somente a provincial, sabia de cor inteiramente sem faltar uma linha, um volume inteiro da Historia Sagrada! [...] Nem um só dia deixa de repetir Cathecismo e Historia Sagrada [...], única cousa que se ensina com desvelo é o que lhe chamam religião, e que seria, se não estivesse enxertada das mesmas superstições dos jesuítas. Não vale a pena tão pouca cultura intellectual em troca de tanto fetichismo. [...] Em breve, os observadores conheceram que o beatíssimo começava a ressurgir de suas cinzas. Novas e desconhecidas praticas religiosas appareceram. As festas do mez de Maria de que nunca se fallou em Itu, foram instituídas; as solemnidades da Primeira Comunhão, um verdadeiro melodrama, que deslumbra as mulheres ignorantes e até alguns não muito ignorantes, celebram-se em grande concurso”.3
Expressões como “fanatizado pelos jesuítas”, “enorme turba de beatos”, “medrosos”, “multiplicaram-se as superstições”, “asqueroso fetichismo” etc., não cessavam de aparecer em tais escritos cheios de fel e anticlericalismo.
Resultado de uma grande obra de apostolado
Madre Teodora foi superiora da congregação por quase 66 anos. Apesar de todas as investidas, a obra foi adiante. A partir daquela semente nasceram numerosos frutos. Só no estado de São Paulo, até 1919, a congregação já mantinha 31 casas sob sua direção.
De acordo com o registro dos livros de matrículas que se encontra no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, de 1859 a 1919 foram matriculadas 2.275 alunas. Considerando o número de inscritas ano a ano, a tabela fala por si, demonstrando que o prestígio do colégio se mantinha equilibrado no decurso de 60 anos – caso inusitado, se comparado a outras instituições de educação que tentaram se firmar nesse mesmo período.
A sociedade paulista ficou marcada durante essas décadas pela moralidade católica tradicional. Moralidade esta combatida hoje ao extremo pelos fautores do hedonismo como “sociedade hipócrita, cheia de falso moralismo e tabus” e toda sorte de slogans injustos e superficiais. É a manifestação do mundo com seus ódios, falsos atrativos e falsas máximas, a que se refere São Paulo Apóstolo.
Em próximo artigo pretendemos expor o método e o programa de ensino das Madres de São José de Chambéry, tão amadas e queridas por várias gerações de formandas.
____________
Nota:
1. Alocução à União dos Homens da A. C. Italiana de 12-10-1952 – “Discorsi e Radiomessaggi”, vol XIV p. 359.
2. Uma alma de Fé, Olivia Sebastiana Silva, Ave Maria, São Paulo, 1985, p. 55 e 56.
3. “Educação Feminina numa Instituição total confessional Católica Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, Maria Iza Gerth da Cunha. Tese apresentada do Departamento de Historia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de SP (USP), 1999.
Veja:
Revista Catolicismo
Fonte: Fundadores
Fra Angélico, luz sobre o dogma e a França
Fra Angélico, luz sobre o dogma e a França
27/2/2012
Nelson Ribeiro Fragelli
Admirável exposição de quadros do “pintor angélico” em Paris deslumbra nossos contemporâneos, despertando-lhes o desejo de evadir dos horrores atuais e antegozar as belezas do Céu.
“A França deveria ser para o conjunto das nações católicas a terra da harmonia, da bondade, do sorriso, da generosidade de alma, do dom total de si mesma à vossa pessoa e, por vosso intermédio, a vosso divino Filho; a terra cuja alma se exprime na Sainte Chapelle, em Notre-Dame e em tantos outros monumentos que cantam a vossa glória”.
Ao final deste fragmento de uma oração, dirigida por Plinio Corrêa de Oliveira a Nossa Senhora enquanto Rainha da França, nós poderíamos acrescentar Fra Angélico entre as expressões da alma francesa, embora ele fosse italiano. A harmonia e a doçura que emanam das linhas e das cores de suas configurações da História Sagrada e das verdades de fé são representações pictóricas inteiramente afins com a sacralidade daqueles monumentos arquitetônicos franceses.
O público francês confirma nestes dias essa atração: desde o final de setembro, todos os dias da semana, as salas de exposição do Museu Jacquemart-André, em Paris, estão continuamente cheias. Elas expõem uma coleção de numerosas pinturas de Fra Angélico.
Sob a chuva fina e gélida deste inverno europeu, as filas de espera à porta do Museu são ininterruptas. Não é fácil entrar, pois a administração não permite excesso de pessoas junto às obras, a fim de proporcionar ao público a calma para se deter diante dos mistérios sagrados ali representados. O estilo é preciso e singelo: ora radioso e terno quando se trata da gruta de Belém, ora trágico e dolente ao reproduzir a Crucifixão ou martírios, ora manifestando profeticamente a visão do mestre a respeito das verdades contidas no Credo, como a ressurreição dos corpos, a felicidade celeste dos bem-aventurados e o castigo dos condenados. Verdades há muito desaparecidas da quase totalidade dos sermões dominicais de nossas igrejas — como também nas da França —, verdades que trazem consigo, entretanto, perene atração.
“Angélico pintor” que transcendeu seu tempo
Crucifixão, convento de São Marcos, Florença
Fra Angélico é o nome com o qual o frade dominicano Giovanni da Fiesole, beatificado por suas virtudes insignes, entrou na legenda como um dos maiores mestres da pintura sacra. Ele viveu na primeira metade do século XV (1410-1455), foi religioso do convento de São Marcos, em Florença. Pouco depois de sua morte, outro frade, Domenico di Giovanni, admirando cenas da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo pintadas num armário para conservar ex-votos doados ao santuário mariano florentino da Santíssima Annunziata, exclamou: “Angelicus Pictor”. A exclamação bem traduzia o estilo e a linguagem pictórica usados por Fra Angélico. Os contemporâneos viram naquela exclamação uma explicitação do sentimento de todos. A partir de então, ele foi assim conhecido.
De angélico tinham suas obras o espírito da Filosofia Escolástica de Santo Tomás de Aquino — “Doctor Angelicus” —, bem como o do estilo gótico, denominado por muitos de “escolástica de pedra”. A obra de Fra Angélico se une assim, indissociavelmente, a grandes florões da Idade Média, apesar de ele ter vivido no início da época renascentista. Mas seu estilo transcende os parâmetros artísticos de seu tempo, conciliando-se com o espírito que impregnou o apogeu da civilização cristã medieval.
O juízo da Igreja sobre suas virtudes ao declará-lo Beato não se formou a partir da análise de eventuais escritos por ele deixados, mas firmou-se sobre a perfeição de alma revelada em suas pinturas.
Veneração pelo dogma movia seus pincéis
O Beato concebeu suas obras, segundo a tradição medieval, como instrumento de apostolado. Ele quis que elas trouxessem ao mundo reflexos da Beleza divina e de sua Igreja — reflexos tão perfeitos quanto seu pincel fosse capaz de representar. Sua visão do Belo deveria instruir, mover as almas à oração e à contemplação. Foi o que fez na cela dos frades ao receber ordem de seu superior de orná-las com afrescos, no convento de São Marcos. Nelas deixou pinturas cujos traços revelam, em sua pureza e simplicidade, intensa vida interior do artista.
Antigos autores sustentam a hipótese de que ele teria tido visões durante as orações preparatórias para a execução de seus trabalhos de pintor. Assim como os monges-construtores das primeiras catedrais góticas no século XII tinham em vista exclusivamente a edificação espiritual dos fieis, Fra Angélico apresentou, sob seus traços e suas cores, a verdade e o dogma. Sob as suaves aparências de seu estilo ele sensibilizou as almas e assim as moveu rumo à aceitação gaudiosa das verdades eternas. Ele sofria ao ver a crescente negação dessas verdades pelo espírito da Renascença, cuja virulência já em seus primórdios contaminava seus contemporâneos, pintores e religiosos como ele. A suavidade de seus personagens não nos deve iludir. Se os gestos e feições deles não polemizam é porque ao serem pintados os grandes dogmas da Cristandade — ainda não tinham sido negados pelo ímpio Lutero —, o foram sob o influxo de alegria vinda da profunda paz da qual gozam as consciências retas. Tais gestos e afeições invariavelmente denotam inabalável firmeza de princípios. A firmeza dos traços desperta o sentimento de coerência e de veracidade. A veneração pelo dogma movia seus pincéis.
Representações de perfeições espirituais
Em suas cenas são características as representações de largos espaços nos quais nenhuma ação se desenvolve. Esses espaços, imperceptivelmente, descansam o observador e permitem a meditação. Ele preferia levar o observador à meditação em vez de provocar aplauso para a obra. Pouco tempo depois, com o advento da plena Renascença, seriam suprimidos esses espaços nas concepções artísticas, sobrecarregando-as de elementos geométricos ou alegóricos, excitando assim a imaginação em detrimento da composição lógica. Estas execuções renascentistas introduziam a artificialidade, colhiam aplausos dos espíritos e os louvores faziam rejubilar seus autores voltados à glória terrena.
A singeleza das composições de Fra Angélico torna-as facilmente inteligíveis, os detalhes são subsidiários da idéia central e sua perspicácia psicológica enriquece agradavelmente o conhecimento. Suas obras ensinam. As fisionomias, ao exprimir densidade de pensamento ou de sentimentos, comunicam a certeza de terem sido aquelas mesmas as cogitações do personagem representado. Ele tornou presente a vocação de cada figura através de seus traços fisionômicos. Suas cenas são, portanto, repletas de um sentido histórico superior. Sua simbologia não é enigmática nem requer uma chave de interpretação para que o pensamento seja inteligível. Ela é de um entendimento simples e imediato, embora, uma vez compreendida, desperte o agradável sentimento de se atingir uma superior percepção de um mistério divino.
Nesses quadros, paradoxalmente, o mistério nada tem de obscuro, mas é apresentado sob a luz da razão. Eles reproduzem assim, de algum modo, os ensinamentos da Revelação. O encanto pelo mistério não é despertado por um astucioso jogo de cores, mas provém de aspectos sublimes da santidade delicadamente apresentados. Tal como nas catedrais, é a luz e seus matizes que elevam os corações. “Ad lucem per crucem”, diz-se na Igreja. O sofrimento é apresentado pelo frade pintor como sendo um caminho rumo a revelações superiores. Mesmo nas cenas de martírio as fisionomias permanecem inabaláveis, fixas em suas certezas e em sua determinação. No quadro “São Lourenço ajuda os pobres”, as feições dos mendigos traduzem tanta calma e segurança quanto a de São Lourenço, portador da bolsa de moedas. Esplendorosamente vestido, São Lourenço jejuava a fim de dar aos pobres mais virtudes do que dinheiro, e o modo com o qual eles o fitam mostra que pediam do santo, sobretudo gestos e palavras de vida eterna. Assim eram os espíritos naquela época de fé. Na cena inteira ressuma o desejo do pintor de inspirar virtudes sublimes. “Fra Angélico teve o carisma de exprimir em suas obras a perfeição espiritual — expressão tão mais excelente quanto mais elevado era o objeto da obra” (Plinio Corrêa de Oliveira).
Fra Angélico e artistas contemporâneos
Apresentação de Nosso Senhor no Templo, convento de São Marcos, Florença
O Beato foi praticamente o único pintor em seu gênero. Seus contemporâneos já estavam contaminados pelo ideal terreno, eminentemente emocional, que dentro em pouco dominaria a Renascença em plena realização. Zanobi Strozzi, um de seus primeiros discípulos, é um triste exemplo da solidão na qual os contemporâneos deixaram o mestre dominicano. Em seu célebre quadro sobre Nossa Senhora, o Menino Jesus aparece despido (em todas as eras da Humanidade não se conhece exemplo de mãe que deixe seu bebê despido) enquanto Maria tem o olhar frio e vago, parecendo ignorar o Filho. Dois anjos músicos ornam a parte inferior do quadro; um deles, o anjo da esquerda, melancólico e sensual, tem semelhança com certas figuras vistas nas ruas de nossas atuais cidades. Strozzi pintou também o “Cristo do Apocalipse”, cuja expressão dura e impessoal da face e do gesto de mão, imprópria à majestade, contrasta com a mesma cena pintada por Fra Angélico no “Juízo Final”. Giovanni di Francesco Ravezzano pertenceu à escola de Fra Angélico, embora tardiamente. Também ele quis representar Nossa Senhora com o Menino Jesus, mas sua concepção opõe-se à sutil sensibilidade do Beato. Seus personagens já não exprimem nem pensamento nem elevação de sentimentos, quando não são sentimentais. Pinturas como as de Ravezzano contribuíram poderosamente para desviar a fervorosa piedade mariana medieval.
Alguns quadros ou afrescos atribuídos a Fra Angélico por reconhecidos especialistas foram influenciados e até mesmo completados por seus “discípulos”, podendo assim apresentar detalhes contraditórios com o vulto geral de sua obra. Seu estilo apresenta uma “linguagem pictórica” forjada por intensa vida espiritual e pelo desejo santo de retratar Deus, seus anjos e seus santos de modo a serem mais bem conhecidos e amados. Seu inconfundível estilo pode ser apreciado particularmente na “Crucifixão”, na representação de “Nossa Senhora no trono”, no afresco sobre a “Anunciação” e no magistral afresco “Apresentação no Templo”, pintado em uma das celas do convento. A “alma” de seus personagens pode ainda ser percebida numa simples iluminura de um saltério. Trata-se da letra inicial do Salmo 52: “Disse o néscio em seu coração: Não há Deus. Perverteram-se, tornaram-se abomináveis...” Com riqueza de detalhes a iluminura retrata o néscio — espírito precipitado e temerário —, voltado para os aspectos terrenos da existência, carente de elevação moral. Um olhar mesmo fugaz desta iluminura despertaria imediatamente, em quem tinha o saltério nas mãos recitando os Salmos, uma santa repulsa por essa posição do espírito.
Pinturas de sobrenaturais virtudes da alma
Durante a visita ao Museu Jacquemart-André aprende-se que na biografia do Beato escrita pelo célebre Giorgio Vasari, o autor “insiste na particularidade de que o pintor parece ‘sair do paraíso’”. A afirmação deste especialista se compagina a outra, de Plinio Corrêa de Oliveira, segundo a qual Deus, ao criar as maravilhas da natureza, deu-nos a tarefa de as completar. Assim, muitas obras dos homens podem ser mais belas do que as da natureza, pois enquanto filhos de Deus os homens podem comunicar à sua obra algo de sua alma, a qual tem belezas inexistentes no mundo da natureza irracional. A obra-prima de um pintor consiste em tomar aspectos da natureza — ou cenas da História Sagrada, no caso de Fra Angélico — comunicando a ela reflexos de sua alma habitada pelo sobrenatural.
Vê-se que o Beato Angélico uniu aspectos superiores de sua alma ao objeto de suas pinturas. Ele mesmo fabricava suas tintas com safiras e rubis triturados, óleos especiais, resinas de utilização até então desconhecida. E assim ele trouxe à luz aspectos recônditos da natureza e das almas, da felicidade temporal e dos vislumbres da glória eterna. Suas tintas impregnaram telas e painéis de sobrenaturais virtudes de sua alma. Quem contempla seus quadros tem a agradável sensação de estar em presença de realidades evidentes, conhecidas de todos, mas que convidam a um aprofundamento na medida em que uma luz suave emanando daquelas cores sugere traços transcendentais cujo conhecimento seria uma descoberta. Em certo momento não se sabe o que mais atrai, se é a pintura ou a alma do Beato. Pode-se distinguir uma da outra?
Visitantes “transportados” à Idade Média
Seria esta a sensação da multidão de franceses cujos olhos se colavam às obras ali expostas, como que para se liberar de uma névoa que os impedia de ver tanta virtude? A cortesia expressa por aqueles personagens e a elegância dos anjos, a suavidade dos reis e o recolhimento dos monges constituiriam uma pausa na vulgaridade de seus dias? Sentiriam eles falta da certeza tão presente nos gestos humanos e angélicos daqueles quadros? Entre o relativismo balofo dos atuais dias e aqueles semblantes modelados pela decisão da vontade não optavam os expectadores pela prolongada permanência junto ao Beato? Por três horas ou mais, silenciosos, recolhidos, eles se deixavam transportar aos tempos da “doce primavera de Fé”. Se Fra Angélico pudesse observá-los através de um de seus personagens intensamente fixados pelo olhar do público, talvez ele — perspicaz psicólogo — chegasse a imaginar uma fisionomia única do homem padronizado de nossos dias. E se o Beato devesse fixar essa singular fisionomia em uma de suas pinturas, talvez ele a comporia misturando aos lineamentos fisionômicos do néscio, traços da saudade do que lhes foi negado, de compunção e de aspiração a um retorno...
A exposição apresenta obras de outros pintores, contemporâneos do Beato. Alguns franceses exercitavam seu senso artístico perguntando-se, diante de cada pintura, se aquela vinha das mãos de Fra Angélico. Era quase um jogo de discernimento de seu carisma. Atentos, eles procuravam nas pinturas “a marca da beatitude”. O que é essa “marca”? Certo é que ninguém descreveria tão bem seus quadros quanto ele mesmo. Mas talvez nem ele próprio pudesse dizer como pode exprimir na face da Mãe de Deus, não só a virgindade, mas também o apreço que Ela tinha por sua condição de Mãe, temperando essas expressões com a recusa de tudo o que não é imaculado! Rainha dos Anjos, deles Ela é verdadeiramente o arquétipo, superando-os em virtude. Aos poucos a observação atenta familiariza o observador com aquilo que — mais do que uma técnica ou uma habilidade — é o dom de uma alma santa. A 556 anos de sua morte, Fra Angélico brilha no firmamento da Igreja como das figuras mais perfeitas que pintou.
Que espanto ao soar inopinadamente a musiquinha sintética de um estridente celular! Maior espanto em ouvir a resposta da pessoa chamada. De maior desvario daria provas somente alguém que lançasse tinta sobre as asas de um daqueles anjos. Protestos se levantaram contra aquela ofensa ruidosa ao sagrado. Alívio ao verem o celular fugir da sala. Olhares indignados se alternaram com observações picantes — tudo à francesa — a respeito da incúria. Serenou aos poucos o exasperado redemoinho e os espíritos repousaram novamente no século XV, em pleno convento dominicano. Estávamos nesse momento em frente ao “Juízo Final”. Termina a exposição. Ficam nas almas sementes da eternidade.
Veja:
Revista Catolicismo
Fonte: Fundadores
27/2/2012
Nelson Ribeiro Fragelli
Admirável exposição de quadros do “pintor angélico” em Paris deslumbra nossos contemporâneos, despertando-lhes o desejo de evadir dos horrores atuais e antegozar as belezas do Céu.
“A França deveria ser para o conjunto das nações católicas a terra da harmonia, da bondade, do sorriso, da generosidade de alma, do dom total de si mesma à vossa pessoa e, por vosso intermédio, a vosso divino Filho; a terra cuja alma se exprime na Sainte Chapelle, em Notre-Dame e em tantos outros monumentos que cantam a vossa glória”.
Ao final deste fragmento de uma oração, dirigida por Plinio Corrêa de Oliveira a Nossa Senhora enquanto Rainha da França, nós poderíamos acrescentar Fra Angélico entre as expressões da alma francesa, embora ele fosse italiano. A harmonia e a doçura que emanam das linhas e das cores de suas configurações da História Sagrada e das verdades de fé são representações pictóricas inteiramente afins com a sacralidade daqueles monumentos arquitetônicos franceses.
O público francês confirma nestes dias essa atração: desde o final de setembro, todos os dias da semana, as salas de exposição do Museu Jacquemart-André, em Paris, estão continuamente cheias. Elas expõem uma coleção de numerosas pinturas de Fra Angélico.
Sob a chuva fina e gélida deste inverno europeu, as filas de espera à porta do Museu são ininterruptas. Não é fácil entrar, pois a administração não permite excesso de pessoas junto às obras, a fim de proporcionar ao público a calma para se deter diante dos mistérios sagrados ali representados. O estilo é preciso e singelo: ora radioso e terno quando se trata da gruta de Belém, ora trágico e dolente ao reproduzir a Crucifixão ou martírios, ora manifestando profeticamente a visão do mestre a respeito das verdades contidas no Credo, como a ressurreição dos corpos, a felicidade celeste dos bem-aventurados e o castigo dos condenados. Verdades há muito desaparecidas da quase totalidade dos sermões dominicais de nossas igrejas — como também nas da França —, verdades que trazem consigo, entretanto, perene atração.
“Angélico pintor” que transcendeu seu tempo
Crucifixão, convento de São Marcos, Florença
Fra Angélico é o nome com o qual o frade dominicano Giovanni da Fiesole, beatificado por suas virtudes insignes, entrou na legenda como um dos maiores mestres da pintura sacra. Ele viveu na primeira metade do século XV (1410-1455), foi religioso do convento de São Marcos, em Florença. Pouco depois de sua morte, outro frade, Domenico di Giovanni, admirando cenas da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo pintadas num armário para conservar ex-votos doados ao santuário mariano florentino da Santíssima Annunziata, exclamou: “Angelicus Pictor”. A exclamação bem traduzia o estilo e a linguagem pictórica usados por Fra Angélico. Os contemporâneos viram naquela exclamação uma explicitação do sentimento de todos. A partir de então, ele foi assim conhecido.
De angélico tinham suas obras o espírito da Filosofia Escolástica de Santo Tomás de Aquino — “Doctor Angelicus” —, bem como o do estilo gótico, denominado por muitos de “escolástica de pedra”. A obra de Fra Angélico se une assim, indissociavelmente, a grandes florões da Idade Média, apesar de ele ter vivido no início da época renascentista. Mas seu estilo transcende os parâmetros artísticos de seu tempo, conciliando-se com o espírito que impregnou o apogeu da civilização cristã medieval.
O juízo da Igreja sobre suas virtudes ao declará-lo Beato não se formou a partir da análise de eventuais escritos por ele deixados, mas firmou-se sobre a perfeição de alma revelada em suas pinturas.
Veneração pelo dogma movia seus pincéis
O Beato concebeu suas obras, segundo a tradição medieval, como instrumento de apostolado. Ele quis que elas trouxessem ao mundo reflexos da Beleza divina e de sua Igreja — reflexos tão perfeitos quanto seu pincel fosse capaz de representar. Sua visão do Belo deveria instruir, mover as almas à oração e à contemplação. Foi o que fez na cela dos frades ao receber ordem de seu superior de orná-las com afrescos, no convento de São Marcos. Nelas deixou pinturas cujos traços revelam, em sua pureza e simplicidade, intensa vida interior do artista.
Antigos autores sustentam a hipótese de que ele teria tido visões durante as orações preparatórias para a execução de seus trabalhos de pintor. Assim como os monges-construtores das primeiras catedrais góticas no século XII tinham em vista exclusivamente a edificação espiritual dos fieis, Fra Angélico apresentou, sob seus traços e suas cores, a verdade e o dogma. Sob as suaves aparências de seu estilo ele sensibilizou as almas e assim as moveu rumo à aceitação gaudiosa das verdades eternas. Ele sofria ao ver a crescente negação dessas verdades pelo espírito da Renascença, cuja virulência já em seus primórdios contaminava seus contemporâneos, pintores e religiosos como ele. A suavidade de seus personagens não nos deve iludir. Se os gestos e feições deles não polemizam é porque ao serem pintados os grandes dogmas da Cristandade — ainda não tinham sido negados pelo ímpio Lutero —, o foram sob o influxo de alegria vinda da profunda paz da qual gozam as consciências retas. Tais gestos e afeições invariavelmente denotam inabalável firmeza de princípios. A firmeza dos traços desperta o sentimento de coerência e de veracidade. A veneração pelo dogma movia seus pincéis.
Representações de perfeições espirituais
Em suas cenas são características as representações de largos espaços nos quais nenhuma ação se desenvolve. Esses espaços, imperceptivelmente, descansam o observador e permitem a meditação. Ele preferia levar o observador à meditação em vez de provocar aplauso para a obra. Pouco tempo depois, com o advento da plena Renascença, seriam suprimidos esses espaços nas concepções artísticas, sobrecarregando-as de elementos geométricos ou alegóricos, excitando assim a imaginação em detrimento da composição lógica. Estas execuções renascentistas introduziam a artificialidade, colhiam aplausos dos espíritos e os louvores faziam rejubilar seus autores voltados à glória terrena.
A singeleza das composições de Fra Angélico torna-as facilmente inteligíveis, os detalhes são subsidiários da idéia central e sua perspicácia psicológica enriquece agradavelmente o conhecimento. Suas obras ensinam. As fisionomias, ao exprimir densidade de pensamento ou de sentimentos, comunicam a certeza de terem sido aquelas mesmas as cogitações do personagem representado. Ele tornou presente a vocação de cada figura através de seus traços fisionômicos. Suas cenas são, portanto, repletas de um sentido histórico superior. Sua simbologia não é enigmática nem requer uma chave de interpretação para que o pensamento seja inteligível. Ela é de um entendimento simples e imediato, embora, uma vez compreendida, desperte o agradável sentimento de se atingir uma superior percepção de um mistério divino.
Nesses quadros, paradoxalmente, o mistério nada tem de obscuro, mas é apresentado sob a luz da razão. Eles reproduzem assim, de algum modo, os ensinamentos da Revelação. O encanto pelo mistério não é despertado por um astucioso jogo de cores, mas provém de aspectos sublimes da santidade delicadamente apresentados. Tal como nas catedrais, é a luz e seus matizes que elevam os corações. “Ad lucem per crucem”, diz-se na Igreja. O sofrimento é apresentado pelo frade pintor como sendo um caminho rumo a revelações superiores. Mesmo nas cenas de martírio as fisionomias permanecem inabaláveis, fixas em suas certezas e em sua determinação. No quadro “São Lourenço ajuda os pobres”, as feições dos mendigos traduzem tanta calma e segurança quanto a de São Lourenço, portador da bolsa de moedas. Esplendorosamente vestido, São Lourenço jejuava a fim de dar aos pobres mais virtudes do que dinheiro, e o modo com o qual eles o fitam mostra que pediam do santo, sobretudo gestos e palavras de vida eterna. Assim eram os espíritos naquela época de fé. Na cena inteira ressuma o desejo do pintor de inspirar virtudes sublimes. “Fra Angélico teve o carisma de exprimir em suas obras a perfeição espiritual — expressão tão mais excelente quanto mais elevado era o objeto da obra” (Plinio Corrêa de Oliveira).
Fra Angélico e artistas contemporâneos
Apresentação de Nosso Senhor no Templo, convento de São Marcos, Florença
O Beato foi praticamente o único pintor em seu gênero. Seus contemporâneos já estavam contaminados pelo ideal terreno, eminentemente emocional, que dentro em pouco dominaria a Renascença em plena realização. Zanobi Strozzi, um de seus primeiros discípulos, é um triste exemplo da solidão na qual os contemporâneos deixaram o mestre dominicano. Em seu célebre quadro sobre Nossa Senhora, o Menino Jesus aparece despido (em todas as eras da Humanidade não se conhece exemplo de mãe que deixe seu bebê despido) enquanto Maria tem o olhar frio e vago, parecendo ignorar o Filho. Dois anjos músicos ornam a parte inferior do quadro; um deles, o anjo da esquerda, melancólico e sensual, tem semelhança com certas figuras vistas nas ruas de nossas atuais cidades. Strozzi pintou também o “Cristo do Apocalipse”, cuja expressão dura e impessoal da face e do gesto de mão, imprópria à majestade, contrasta com a mesma cena pintada por Fra Angélico no “Juízo Final”. Giovanni di Francesco Ravezzano pertenceu à escola de Fra Angélico, embora tardiamente. Também ele quis representar Nossa Senhora com o Menino Jesus, mas sua concepção opõe-se à sutil sensibilidade do Beato. Seus personagens já não exprimem nem pensamento nem elevação de sentimentos, quando não são sentimentais. Pinturas como as de Ravezzano contribuíram poderosamente para desviar a fervorosa piedade mariana medieval.
Alguns quadros ou afrescos atribuídos a Fra Angélico por reconhecidos especialistas foram influenciados e até mesmo completados por seus “discípulos”, podendo assim apresentar detalhes contraditórios com o vulto geral de sua obra. Seu estilo apresenta uma “linguagem pictórica” forjada por intensa vida espiritual e pelo desejo santo de retratar Deus, seus anjos e seus santos de modo a serem mais bem conhecidos e amados. Seu inconfundível estilo pode ser apreciado particularmente na “Crucifixão”, na representação de “Nossa Senhora no trono”, no afresco sobre a “Anunciação” e no magistral afresco “Apresentação no Templo”, pintado em uma das celas do convento. A “alma” de seus personagens pode ainda ser percebida numa simples iluminura de um saltério. Trata-se da letra inicial do Salmo 52: “Disse o néscio em seu coração: Não há Deus. Perverteram-se, tornaram-se abomináveis...” Com riqueza de detalhes a iluminura retrata o néscio — espírito precipitado e temerário —, voltado para os aspectos terrenos da existência, carente de elevação moral. Um olhar mesmo fugaz desta iluminura despertaria imediatamente, em quem tinha o saltério nas mãos recitando os Salmos, uma santa repulsa por essa posição do espírito.
Pinturas de sobrenaturais virtudes da alma
Durante a visita ao Museu Jacquemart-André aprende-se que na biografia do Beato escrita pelo célebre Giorgio Vasari, o autor “insiste na particularidade de que o pintor parece ‘sair do paraíso’”. A afirmação deste especialista se compagina a outra, de Plinio Corrêa de Oliveira, segundo a qual Deus, ao criar as maravilhas da natureza, deu-nos a tarefa de as completar. Assim, muitas obras dos homens podem ser mais belas do que as da natureza, pois enquanto filhos de Deus os homens podem comunicar à sua obra algo de sua alma, a qual tem belezas inexistentes no mundo da natureza irracional. A obra-prima de um pintor consiste em tomar aspectos da natureza — ou cenas da História Sagrada, no caso de Fra Angélico — comunicando a ela reflexos de sua alma habitada pelo sobrenatural.
Vê-se que o Beato Angélico uniu aspectos superiores de sua alma ao objeto de suas pinturas. Ele mesmo fabricava suas tintas com safiras e rubis triturados, óleos especiais, resinas de utilização até então desconhecida. E assim ele trouxe à luz aspectos recônditos da natureza e das almas, da felicidade temporal e dos vislumbres da glória eterna. Suas tintas impregnaram telas e painéis de sobrenaturais virtudes de sua alma. Quem contempla seus quadros tem a agradável sensação de estar em presença de realidades evidentes, conhecidas de todos, mas que convidam a um aprofundamento na medida em que uma luz suave emanando daquelas cores sugere traços transcendentais cujo conhecimento seria uma descoberta. Em certo momento não se sabe o que mais atrai, se é a pintura ou a alma do Beato. Pode-se distinguir uma da outra?
Visitantes “transportados” à Idade Média
Seria esta a sensação da multidão de franceses cujos olhos se colavam às obras ali expostas, como que para se liberar de uma névoa que os impedia de ver tanta virtude? A cortesia expressa por aqueles personagens e a elegância dos anjos, a suavidade dos reis e o recolhimento dos monges constituiriam uma pausa na vulgaridade de seus dias? Sentiriam eles falta da certeza tão presente nos gestos humanos e angélicos daqueles quadros? Entre o relativismo balofo dos atuais dias e aqueles semblantes modelados pela decisão da vontade não optavam os expectadores pela prolongada permanência junto ao Beato? Por três horas ou mais, silenciosos, recolhidos, eles se deixavam transportar aos tempos da “doce primavera de Fé”. Se Fra Angélico pudesse observá-los através de um de seus personagens intensamente fixados pelo olhar do público, talvez ele — perspicaz psicólogo — chegasse a imaginar uma fisionomia única do homem padronizado de nossos dias. E se o Beato devesse fixar essa singular fisionomia em uma de suas pinturas, talvez ele a comporia misturando aos lineamentos fisionômicos do néscio, traços da saudade do que lhes foi negado, de compunção e de aspiração a um retorno...
A exposição apresenta obras de outros pintores, contemporâneos do Beato. Alguns franceses exercitavam seu senso artístico perguntando-se, diante de cada pintura, se aquela vinha das mãos de Fra Angélico. Era quase um jogo de discernimento de seu carisma. Atentos, eles procuravam nas pinturas “a marca da beatitude”. O que é essa “marca”? Certo é que ninguém descreveria tão bem seus quadros quanto ele mesmo. Mas talvez nem ele próprio pudesse dizer como pode exprimir na face da Mãe de Deus, não só a virgindade, mas também o apreço que Ela tinha por sua condição de Mãe, temperando essas expressões com a recusa de tudo o que não é imaculado! Rainha dos Anjos, deles Ela é verdadeiramente o arquétipo, superando-os em virtude. Aos poucos a observação atenta familiariza o observador com aquilo que — mais do que uma técnica ou uma habilidade — é o dom de uma alma santa. A 556 anos de sua morte, Fra Angélico brilha no firmamento da Igreja como das figuras mais perfeitas que pintou.
Que espanto ao soar inopinadamente a musiquinha sintética de um estridente celular! Maior espanto em ouvir a resposta da pessoa chamada. De maior desvario daria provas somente alguém que lançasse tinta sobre as asas de um daqueles anjos. Protestos se levantaram contra aquela ofensa ruidosa ao sagrado. Alívio ao verem o celular fugir da sala. Olhares indignados se alternaram com observações picantes — tudo à francesa — a respeito da incúria. Serenou aos poucos o exasperado redemoinho e os espíritos repousaram novamente no século XV, em pleno convento dominicano. Estávamos nesse momento em frente ao “Juízo Final”. Termina a exposição. Ficam nas almas sementes da eternidade.
Veja:
Revista Catolicismo
Fonte: Fundadores
sexta-feira, 23 de março de 2012
Belle Époque — esplendores e contradições
Belle Époque — esplendores e contradições
Nelson R. Fragelli
Transcorrida entre 1870 e 1914, foi uma época brilhante, na qual infelizmente o mito do progresso gerou novos estilos de vida, incompatíveis com a moral, o esplendor e a cortesia
Duas impressões vêm à mente da maior parte das pessoas quando pensam na Belle Époque. De um lado, as roupas femininas — saias longas, apertadas na cintura, chapéus largos, a sombrinha não podia faltar. E os trajes masculinos — fraque escuro e cartola. Ainda hoje, em ocasiões de gala, os homens usam esse traje como sendo o máximo da elegância.
Indissociavelmente ligadas a tal modo de vestir ficaram na lembrança as boas maneiras e a cortesia. Eram nas festas, recepções, concertos que essa distinção de trato encontrava o ambiente próprio a se desenvolver e encantar a sociedade. Não havia maior prazer do que a conversa.
A arte de conversar era então das mais cultivadas. No centro dessa arte estava a cortesia. Isto é, a consideração pela dignidade própria ao interlocutor, fosse ele sacerdote, nobre ou pessoa do povo. A escolha do assunto? — se é que se pode falar de escolha, pois ele surgia segundo a ocasião social, iluminando-se gradativamente, suavemente, como o acender das velas por lacaios em libré, lustre após lustre, naqueles salões. O desenvolvimento do assunto e a escolha das frases, isto sim, era circunstancial, fazendo da conversa uma obra de minuciosa composição temática. Uma obra que encantava.
Ritos como numa liturgia temporal
Que críticas não se deviam fazer em determinado ambiente? Ou em que medida fazer elogios? Em caso de uma discussão, como manter a elevação da conversa? Caso se tratasse de convite para um jantar, por exemplo, que flores oferecer e com que traje comparecer? Como se servir dos talheres, do guardanapo, dos vinhos? Terminada a refeição, prescreviam os ritos sociais conhecer o momento oportuno de se retirar, a fim de nem sobrecarregar a hospitalidade dos anfitriões com uma conversa muito longa, nem dar a impressão de aborrecimento, retirando-se apressadamente.
Todos os atos da vida social eram organizados segundo regras — flexíveis de acordo com o bom senso, é claro, mas que constituíam uma verdadeira liturgia da vida civil — cuja finalidade era dar ao próximo respeito, reverência e honra. Havia então uma ordem de valores que unia a todos da sociedade e essa ordem era superior aos interesses ou aos prazeres individuais. Essa liturgia era um resto da antiga caridade cristã, ensinada pela Igreja, e cujo modelo tinham sido as interlocuções dos monges nos mosteiros e nas abadias. Havia um momento da vida monacal dedicado à conversa — e ela era obra de santificação — que ensinava a dominar as inclinações e controlar a vontade própria em favor do próximo. Primava a caridade.
Assim, na Belle Époque, foi a amenidade e a elegância da vida social que a tornaram bela. A vida de salão atraía irresistivelmente a todos, porque no contacto humano a cortesia dá um prazer durável. A cortesia é o melhor portador de respeito e amizade: dois sentimentos que confortam a alma. A distinção orienta o homem no sentido diáfano do anjo.
Um episódio muito ilustrativo da época
Talvez um exemplo faça luz sobre a cortesia de então. Nos primeiros anos do século XX, em plena Belle Époque, chefiava Joaquim Nabuco a Missão Diplomática do Brasil em Londres. Pertencente a uma família de políticos, intelectual de renome, tomado por abstrações filosóficas e políticas, Nabuco era conhecido por suas distrações. Tendo recebido convite, belamente impresso, para jantar em casa de outro embaixador, esforçou-se por chegar à hora, pois embora a pontualidade não estivesse de modo algum em seus hábitos, na Inglaterra ela sempre foi rigorosamente exigida. Recebido pontualmente pelo mordomo, teve entretanto de esperar um tempo mais longo do que habitual até que aparecesse o embaixador, acompanhado de sua senhora. Amabilíssimos, contentes com a presença de Nabuco, mestres na arte de receber, incitaram-no a falar — desde sobre florestas exóticas do Brasil até os movimentos sociais da recente República — o que muito lhe agradou. Terminados o jantar e a animada conversa, o casal o acompanhou até a saída, e ao abrir-lhe a porta do cabriolé, disse então o diplomático anfitrião, com ligeira inclinação: “Prezado Doutor Nabuco, segundo o convite que tivemos a honra de lhe enviar, nós o aguardamos então, amanhã, para o jantar”. Nabuco tinha se enganado de data e comparecido um dia antes...
Salões e a nobre arte da conversa
Não surpreende que, em razão dessa amenidade de trato, nas grandes cidades européias os salões se multiplicavam em todas as classes sociais. A elite, em seus palácios, discutia arte e literatura, ambas em rápida transformação. Política era também um tema central. Monarquistas afeitos às belas e boas tradições enfrentavam os republicanos imbuídos de suas idéias de progresso e reformas sociais. Os salões burgueses se reuniam nos cafés. Escritores e poetas frequentavam cafés literários; professores e cientistas os cafés universitários. As novidades científicas empolgavam, pois as descobertas e invenções se multiplicavam. Na medicina surgiam novos remédios e métodos cirúrgicos. Em todos esses salões cintilavam inteligências. Quando o clima permitia, sobretudo na primavera e no verão, concertos e espetáculos ao ar livre reuniam nos grandes parques e jardins pessoas provenientes dos mais variados salões. Paris e Berlim ofereciam jardins cujo elevado bom gosto se refletia para os paulistanos no Parque da Luz e no Parque Antarctica, e para os cariocas na Praça Paris.
“Salões” nas pequenas cidades e aldeias
Havia também “salões” — talvez os mais autênticos — nas pequenas cidades e nas aldeias. À saída da Missa, pequenos grupos de pessoas se reuniam num café ou em casa de uma delas, quando não os recebia o chefe político local. A literatura, as artes, a ciência não constituíam os grandes temas das conversas. O centro das atenções era a vida do lugar. Uma cabra desaparecida, uma onça vista à noite ao lado do curral, o incêndio no paiol do vizinho, a chegada do novo pároco, rumores de que ladrões vindos de longe rondavam a região, narrativas de caçadas eram assuntos próprios a inflamar as conversas. Por vezes as reuniões se davam também durante a preparação das festas religiosas ou das procissões solenes. Desses encontros até crianças participavam, ouvindo silenciosamente, aprendendo com os mais velhos. Não havia rádio. A televisão estava ainda mais distante. Não havia, portanto, a excitação das novidades e a ânsia comercial despertada pela propaganda. As pessoas assim se preservavam, conservando o caráter autêntico de sua família e de sua região, sendo cada uma delas uma personalidade rica em particularidades. Precisamente esta riqueza tornava interessante o contacto, pois de que vale encontrar-se com pessoas padronizadas pela propaganda, tal como cada um dos outros? Se nesses “salões” a delicadeza cortês e as sutilezas de linguagem podiam não ser a nota dominante, como na capital, a autenticidade das almas oferecia uma variedade de caracteres também ela encantadora. Este esplendor das relações sociais conferiu à Belle Époque seu qualificativo de bela, tornando-a inesquecível.
Invenções modernas e mudanças sociais
Entretanto, havia o outro lado — realidade contraditória com o encanto social da Belle Époque. Ela representa a segunda impressão que logo vem à lembrança, ainda hoje, quando pensamos naquele período entre 1870-1914. Essa realidade se apresentou insidiosamente às pessoas de então, sob a máscara atraente do enorme progresso técnico. As cidades grandes foram as primeiras a adotar as invenções: eletricidade, telefone, rádio, cinema, bicicletas, automóveis. As conquistas da tecnologia entusiasmavam. Os olhos se enchiam de lágrimas ao verem os primeiros balões dirigíveis contornar as torres das catedrais ou ao se ter notícia, na Patagônia ou no Saara, da vitória japonesa em Port Arthur, no momento em que as armas ainda fumegavam: o telégrafo dava ao homem um novo senso de sua presença na Terra. Acreditava-se que a máquina a vapor e a eletricidade dariam ao mundo uma forma de felicidade nunca antes obtida.
Acontece que o progresso técnico trazia em seu bojo profundas mudanças sociais e morais, dele inseparáveis. Poucos viram esse perigo. Desejava-se juntar ao esplendor social os confortos trazidos pela técnica.
Mas a máquina, trazendo velocidades e a produção em massa, minava a sociedade. O trem — e logo depois o automóvel — trouxe o gosto pelas viagens — nascia o turismo, visitavam-se estações balneárias e montanhas desconhecidas da maioria. Consequentemente incrementava-se o esporte e com ele a modificação dos trajes, adaptados às novas maneiras e sempre tendentes a considerar como aceitável o que até pouco antes era visto como imoral. O esporte separava as gerações, pois os mais velhos ainda não os praticavam em razão das normas do decoro: como era ridículo ver alguém de fraque e cartola pedalando bicicletas! Com o esporte vieram as danças cujo ritmo parecia competir com a velocidade das máquinas, acelerando-se sempre, sempre mais sensuais. Do minueto passara-se à valsa, da valsa ao charleston e ao tango. A indústria empregava moças e elas, ainda então ligadas aos círculos da família paterna até o casamento, passaram a trabalhar como operárias ou secretárias, tornadas independentes pelo salário. Aumentavam as uniões fora dos laços sagrados do matrimônio cristão, apareciam os primeiros casos de divórcio, caía a prática religiosa. Em vários países europeus aumentava a prostituição. A glorificação das velocidades intoxicou os espíritos que passaram a se distanciar de toda forma de recolhimento. Entre os balões dirigíveis e a torre da catedral, esta passou a representar o passado petrificado enquanto os dirigíveis simbolizavam o futuro, o movimento, pois eles permitiam o descortino de horizontes mais vastos.
Utopia socialista, desluzimento de uma bela época
Politicamente, os republicanos oriundos da Revolução Francesa viam com simpatia os novos costumes. Sabiam que a decadência moral dos anos precedentes à Revolução de 1789 tinha sido uma das principais causas da vitória revolucionária. Partidários do progresso e da técnica consideravam os restos de tradições cristãs como incompatíveis com os novos tempos. Essa mesma corrente evoluía, aos poucos, rumo à aceitação da utopia socialista.
Tanto os aficionados à elevação social daqueles anos, na qual viam um ideal a ser conservado, quanto os partidários do progresso tiveram enorme sobressalto com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em meados de 1914. Os primeiros viam no terrível conflito a destruição de tradições tão preciosas e belas. Os outros, por reconhecer no progresso o criador de máquinas mortíferas nunca antes fabricadas. A brutalidade da Guerra sufocou na lama das trincheiras e nos gazes mortíferos a beleza daquela época. O mundo nunca mais voltou a ser o que era. O esplendor social empalideceu para em seguida entrar em obscuro ocaso. Hoje, em meio às frustrações de uma sociedade altamente tecnológica e vazia de conteúdo moral e religioso, um número crescente de pessoas admira o esplendor e lamenta o desaparecimento daquela doce liturgia que no convívio da Belle Époque regulava os atos de cortesia.
Veja:
Revista Catolicismo
Fonte: Fundadores
Nelson R. Fragelli
Transcorrida entre 1870 e 1914, foi uma época brilhante, na qual infelizmente o mito do progresso gerou novos estilos de vida, incompatíveis com a moral, o esplendor e a cortesia
Duas impressões vêm à mente da maior parte das pessoas quando pensam na Belle Époque. De um lado, as roupas femininas — saias longas, apertadas na cintura, chapéus largos, a sombrinha não podia faltar. E os trajes masculinos — fraque escuro e cartola. Ainda hoje, em ocasiões de gala, os homens usam esse traje como sendo o máximo da elegância.
Indissociavelmente ligadas a tal modo de vestir ficaram na lembrança as boas maneiras e a cortesia. Eram nas festas, recepções, concertos que essa distinção de trato encontrava o ambiente próprio a se desenvolver e encantar a sociedade. Não havia maior prazer do que a conversa.
A arte de conversar era então das mais cultivadas. No centro dessa arte estava a cortesia. Isto é, a consideração pela dignidade própria ao interlocutor, fosse ele sacerdote, nobre ou pessoa do povo. A escolha do assunto? — se é que se pode falar de escolha, pois ele surgia segundo a ocasião social, iluminando-se gradativamente, suavemente, como o acender das velas por lacaios em libré, lustre após lustre, naqueles salões. O desenvolvimento do assunto e a escolha das frases, isto sim, era circunstancial, fazendo da conversa uma obra de minuciosa composição temática. Uma obra que encantava.
Ritos como numa liturgia temporal
Que críticas não se deviam fazer em determinado ambiente? Ou em que medida fazer elogios? Em caso de uma discussão, como manter a elevação da conversa? Caso se tratasse de convite para um jantar, por exemplo, que flores oferecer e com que traje comparecer? Como se servir dos talheres, do guardanapo, dos vinhos? Terminada a refeição, prescreviam os ritos sociais conhecer o momento oportuno de se retirar, a fim de nem sobrecarregar a hospitalidade dos anfitriões com uma conversa muito longa, nem dar a impressão de aborrecimento, retirando-se apressadamente.
Todos os atos da vida social eram organizados segundo regras — flexíveis de acordo com o bom senso, é claro, mas que constituíam uma verdadeira liturgia da vida civil — cuja finalidade era dar ao próximo respeito, reverência e honra. Havia então uma ordem de valores que unia a todos da sociedade e essa ordem era superior aos interesses ou aos prazeres individuais. Essa liturgia era um resto da antiga caridade cristã, ensinada pela Igreja, e cujo modelo tinham sido as interlocuções dos monges nos mosteiros e nas abadias. Havia um momento da vida monacal dedicado à conversa — e ela era obra de santificação — que ensinava a dominar as inclinações e controlar a vontade própria em favor do próximo. Primava a caridade.
Assim, na Belle Époque, foi a amenidade e a elegância da vida social que a tornaram bela. A vida de salão atraía irresistivelmente a todos, porque no contacto humano a cortesia dá um prazer durável. A cortesia é o melhor portador de respeito e amizade: dois sentimentos que confortam a alma. A distinção orienta o homem no sentido diáfano do anjo.
Um episódio muito ilustrativo da época
Talvez um exemplo faça luz sobre a cortesia de então. Nos primeiros anos do século XX, em plena Belle Époque, chefiava Joaquim Nabuco a Missão Diplomática do Brasil em Londres. Pertencente a uma família de políticos, intelectual de renome, tomado por abstrações filosóficas e políticas, Nabuco era conhecido por suas distrações. Tendo recebido convite, belamente impresso, para jantar em casa de outro embaixador, esforçou-se por chegar à hora, pois embora a pontualidade não estivesse de modo algum em seus hábitos, na Inglaterra ela sempre foi rigorosamente exigida. Recebido pontualmente pelo mordomo, teve entretanto de esperar um tempo mais longo do que habitual até que aparecesse o embaixador, acompanhado de sua senhora. Amabilíssimos, contentes com a presença de Nabuco, mestres na arte de receber, incitaram-no a falar — desde sobre florestas exóticas do Brasil até os movimentos sociais da recente República — o que muito lhe agradou. Terminados o jantar e a animada conversa, o casal o acompanhou até a saída, e ao abrir-lhe a porta do cabriolé, disse então o diplomático anfitrião, com ligeira inclinação: “Prezado Doutor Nabuco, segundo o convite que tivemos a honra de lhe enviar, nós o aguardamos então, amanhã, para o jantar”. Nabuco tinha se enganado de data e comparecido um dia antes...
Salões e a nobre arte da conversa
Não surpreende que, em razão dessa amenidade de trato, nas grandes cidades européias os salões se multiplicavam em todas as classes sociais. A elite, em seus palácios, discutia arte e literatura, ambas em rápida transformação. Política era também um tema central. Monarquistas afeitos às belas e boas tradições enfrentavam os republicanos imbuídos de suas idéias de progresso e reformas sociais. Os salões burgueses se reuniam nos cafés. Escritores e poetas frequentavam cafés literários; professores e cientistas os cafés universitários. As novidades científicas empolgavam, pois as descobertas e invenções se multiplicavam. Na medicina surgiam novos remédios e métodos cirúrgicos. Em todos esses salões cintilavam inteligências. Quando o clima permitia, sobretudo na primavera e no verão, concertos e espetáculos ao ar livre reuniam nos grandes parques e jardins pessoas provenientes dos mais variados salões. Paris e Berlim ofereciam jardins cujo elevado bom gosto se refletia para os paulistanos no Parque da Luz e no Parque Antarctica, e para os cariocas na Praça Paris.
“Salões” nas pequenas cidades e aldeias
Havia também “salões” — talvez os mais autênticos — nas pequenas cidades e nas aldeias. À saída da Missa, pequenos grupos de pessoas se reuniam num café ou em casa de uma delas, quando não os recebia o chefe político local. A literatura, as artes, a ciência não constituíam os grandes temas das conversas. O centro das atenções era a vida do lugar. Uma cabra desaparecida, uma onça vista à noite ao lado do curral, o incêndio no paiol do vizinho, a chegada do novo pároco, rumores de que ladrões vindos de longe rondavam a região, narrativas de caçadas eram assuntos próprios a inflamar as conversas. Por vezes as reuniões se davam também durante a preparação das festas religiosas ou das procissões solenes. Desses encontros até crianças participavam, ouvindo silenciosamente, aprendendo com os mais velhos. Não havia rádio. A televisão estava ainda mais distante. Não havia, portanto, a excitação das novidades e a ânsia comercial despertada pela propaganda. As pessoas assim se preservavam, conservando o caráter autêntico de sua família e de sua região, sendo cada uma delas uma personalidade rica em particularidades. Precisamente esta riqueza tornava interessante o contacto, pois de que vale encontrar-se com pessoas padronizadas pela propaganda, tal como cada um dos outros? Se nesses “salões” a delicadeza cortês e as sutilezas de linguagem podiam não ser a nota dominante, como na capital, a autenticidade das almas oferecia uma variedade de caracteres também ela encantadora. Este esplendor das relações sociais conferiu à Belle Époque seu qualificativo de bela, tornando-a inesquecível.
Invenções modernas e mudanças sociais
Entretanto, havia o outro lado — realidade contraditória com o encanto social da Belle Époque. Ela representa a segunda impressão que logo vem à lembrança, ainda hoje, quando pensamos naquele período entre 1870-1914. Essa realidade se apresentou insidiosamente às pessoas de então, sob a máscara atraente do enorme progresso técnico. As cidades grandes foram as primeiras a adotar as invenções: eletricidade, telefone, rádio, cinema, bicicletas, automóveis. As conquistas da tecnologia entusiasmavam. Os olhos se enchiam de lágrimas ao verem os primeiros balões dirigíveis contornar as torres das catedrais ou ao se ter notícia, na Patagônia ou no Saara, da vitória japonesa em Port Arthur, no momento em que as armas ainda fumegavam: o telégrafo dava ao homem um novo senso de sua presença na Terra. Acreditava-se que a máquina a vapor e a eletricidade dariam ao mundo uma forma de felicidade nunca antes obtida.
Acontece que o progresso técnico trazia em seu bojo profundas mudanças sociais e morais, dele inseparáveis. Poucos viram esse perigo. Desejava-se juntar ao esplendor social os confortos trazidos pela técnica.
Mas a máquina, trazendo velocidades e a produção em massa, minava a sociedade. O trem — e logo depois o automóvel — trouxe o gosto pelas viagens — nascia o turismo, visitavam-se estações balneárias e montanhas desconhecidas da maioria. Consequentemente incrementava-se o esporte e com ele a modificação dos trajes, adaptados às novas maneiras e sempre tendentes a considerar como aceitável o que até pouco antes era visto como imoral. O esporte separava as gerações, pois os mais velhos ainda não os praticavam em razão das normas do decoro: como era ridículo ver alguém de fraque e cartola pedalando bicicletas! Com o esporte vieram as danças cujo ritmo parecia competir com a velocidade das máquinas, acelerando-se sempre, sempre mais sensuais. Do minueto passara-se à valsa, da valsa ao charleston e ao tango. A indústria empregava moças e elas, ainda então ligadas aos círculos da família paterna até o casamento, passaram a trabalhar como operárias ou secretárias, tornadas independentes pelo salário. Aumentavam as uniões fora dos laços sagrados do matrimônio cristão, apareciam os primeiros casos de divórcio, caía a prática religiosa. Em vários países europeus aumentava a prostituição. A glorificação das velocidades intoxicou os espíritos que passaram a se distanciar de toda forma de recolhimento. Entre os balões dirigíveis e a torre da catedral, esta passou a representar o passado petrificado enquanto os dirigíveis simbolizavam o futuro, o movimento, pois eles permitiam o descortino de horizontes mais vastos.
Utopia socialista, desluzimento de uma bela época
Politicamente, os republicanos oriundos da Revolução Francesa viam com simpatia os novos costumes. Sabiam que a decadência moral dos anos precedentes à Revolução de 1789 tinha sido uma das principais causas da vitória revolucionária. Partidários do progresso e da técnica consideravam os restos de tradições cristãs como incompatíveis com os novos tempos. Essa mesma corrente evoluía, aos poucos, rumo à aceitação da utopia socialista.
Tanto os aficionados à elevação social daqueles anos, na qual viam um ideal a ser conservado, quanto os partidários do progresso tiveram enorme sobressalto com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em meados de 1914. Os primeiros viam no terrível conflito a destruição de tradições tão preciosas e belas. Os outros, por reconhecer no progresso o criador de máquinas mortíferas nunca antes fabricadas. A brutalidade da Guerra sufocou na lama das trincheiras e nos gazes mortíferos a beleza daquela época. O mundo nunca mais voltou a ser o que era. O esplendor social empalideceu para em seguida entrar em obscuro ocaso. Hoje, em meio às frustrações de uma sociedade altamente tecnológica e vazia de conteúdo moral e religioso, um número crescente de pessoas admira o esplendor e lamenta o desaparecimento daquela doce liturgia que no convívio da Belle Époque regulava os atos de cortesia.
Veja:
Revista Catolicismo
Fonte: Fundadores
Maria Antonieta Personagem simbólica que a Revolução precisava derrubar
Maria Antonieta
Personagem simbólica que a Revolução precisava derrubar
Plinio Corrêa de Oliveira
Maria Antonieta - Élisabeth-Louise Vigée-Lebrun, 1785. Konopiste Castle, Praga, República Tcheca
Maria Antonieta, rainha da França, representava em sua versão brilhante o tipo de dama destinada a desaparecer pela ação demolidora da Revolução.(*) Era um modelo para um gênero de dama — não apenas da corte, mas de Paris e da província.
Ela representava também o ponto ideal de uma evolução, na qual os acontecimentos, as idéias e as tendências vinham, há séculos, gerando um modelo de dama. Esse modelo afinal desabrochou na pessoa de Maria Antonieta, com um brilho absolutamente excepcional. Ela ficou colocada na posição de figura de proa de navio em guerra, pois era um símbolo que a Revolução precisava destruir.
Por que esse precisava ser destruído? Porque ela era um símbolo anticonsensual. Os conselhos que ela dava ao rei eram anticonsensuais e todas as suas atitudes eram anticonsensuais. Por exemplo, naquele célebre fato histórico ocorrido em Versalhes, durante a Revolução Francesa, em que ela aparece num balcão do palácio diante da turba que vociferava.
* * *
Lembremos que Maria Antonieta morreu nas vésperas do início do século XIX, o qual presenciou o nascimento e a expansão pelo mundo inteiro dos primeiros movimentos feministas, com o aparecimento de um outro modelo de mulher cada vez menos caracteristicamente feminina. E mesmo as mulheres não feministas foram se tornando cada vez menos femininas.
A meu ver, o auge da mulher bem feminina, com todo charme e distinção, e também toda debilidade e força feminina, é notório em Maria Antonieta.
Ela representou, portanto, o extremo oposto dessas práticas antinaturais que se intensificaram hoje em dia: do homossexualismo e do lesbianismo rumo a um misterioso hermafroditismo.
Apesar de tudo isso, atualmente estamos assistindo ao reaparecimento, não só na França mas em vários outros países, de uma bolha de saudades dessa rainha.
Fenômenos desses a Revolução teme. Porque de repente tal sentimento de admiração toma volume, cresce e ela não consegue dominar...
___________
(*) A palavra Revolução é utilizada neste texto no sentido empregado pelo autor no seu ensaio Revolução e Contra-Revolução, publicado primeiramente em Catolicismo, nº 100, abril/1959.
_______________________________________________________________________
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 3 de setembro de 1988. Sem revisão do autor.
Veja:
Revista Catolicismo
Fonte: Fundadores
Personagem simbólica que a Revolução precisava derrubar
Plinio Corrêa de Oliveira
Maria Antonieta - Élisabeth-Louise Vigée-Lebrun, 1785. Konopiste Castle, Praga, República Tcheca
Maria Antonieta, rainha da França, representava em sua versão brilhante o tipo de dama destinada a desaparecer pela ação demolidora da Revolução.(*) Era um modelo para um gênero de dama — não apenas da corte, mas de Paris e da província.
Ela representava também o ponto ideal de uma evolução, na qual os acontecimentos, as idéias e as tendências vinham, há séculos, gerando um modelo de dama. Esse modelo afinal desabrochou na pessoa de Maria Antonieta, com um brilho absolutamente excepcional. Ela ficou colocada na posição de figura de proa de navio em guerra, pois era um símbolo que a Revolução precisava destruir.
Por que esse precisava ser destruído? Porque ela era um símbolo anticonsensual. Os conselhos que ela dava ao rei eram anticonsensuais e todas as suas atitudes eram anticonsensuais. Por exemplo, naquele célebre fato histórico ocorrido em Versalhes, durante a Revolução Francesa, em que ela aparece num balcão do palácio diante da turba que vociferava.
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Lembremos que Maria Antonieta morreu nas vésperas do início do século XIX, o qual presenciou o nascimento e a expansão pelo mundo inteiro dos primeiros movimentos feministas, com o aparecimento de um outro modelo de mulher cada vez menos caracteristicamente feminina. E mesmo as mulheres não feministas foram se tornando cada vez menos femininas.
A meu ver, o auge da mulher bem feminina, com todo charme e distinção, e também toda debilidade e força feminina, é notório em Maria Antonieta.
Ela representou, portanto, o extremo oposto dessas práticas antinaturais que se intensificaram hoje em dia: do homossexualismo e do lesbianismo rumo a um misterioso hermafroditismo.
Apesar de tudo isso, atualmente estamos assistindo ao reaparecimento, não só na França mas em vários outros países, de uma bolha de saudades dessa rainha.
Fenômenos desses a Revolução teme. Porque de repente tal sentimento de admiração toma volume, cresce e ela não consegue dominar...
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(*) A palavra Revolução é utilizada neste texto no sentido empregado pelo autor no seu ensaio Revolução e Contra-Revolução, publicado primeiramente em Catolicismo, nº 100, abril/1959.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 3 de setembro de 1988. Sem revisão do autor.
Veja:
Revista Catolicismo
Fonte: Fundadores
CARLOS MARTEL
CARLOS MARTEL
Plinio Corrêa de Oliveira
Plenitude de um verdadeiro chefe guerreiro e nobre
Carlos Martel na Batalha de Poitiers
A ilustração é de Carlos Martel(*). Um homem de certa rusticidade e muita gravidade, profundamente sério, de vistas elevadas e consequente. Quem ousar desafiá-lo poderá receber respostas bem sérias, pois ele está permanentemente em condições de fazer algo perigoso.
É um homem grave, forte, e muito estável. Quando afirma: “Eu, depois de pensar, amadureci um plano”, tenha certeza de que tal plano será inteiramente executado!
Eis aí, na plenitude, o que era um verdadeiro chefe guerreiro e nobre. Ele tem uma superioridade que não lhe advém do fato de ser mais fino, mas que reside na sua elevada gravidade de espírito e na força de sua personalidade.
Ele cavalga e luta disposto a derramar seu sangue por Nosso Senhor Jesus Cristo. É um cavaleiro que ouvindo narrar a Paixão de Cristo é capaz de chorar e que, voltando da guerra santa, poderá se transformar num monge, por exemplo. Com essa impostação, podemos compreender o que era o quilate de uma alma da Idade Média.
Um guerreiro que não tem medo de se confrontar com a verdade nem teme inimigo algum. Ele pensa de modo análogo ao de sua marcha para o combate. Senhor em toda linha, moldado para dominar. Ele chefia na guerra, domina na paz, impõe a ordem por toda parte — é propriamente um soldado de Cristo.
Em seu lar, na comodidade e placidez, estará até distendido. Mas é distensão de uma pessoa de grande seriedade e estabilidade. É uma personalidade constituída por uma só peça e que tem apenas um objetivo na vida.
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(*) A respeito dele, vide artigo A Batalha de Poitiers, nesta edição.
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Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Sem revisão do autor.
Veja:
Revista Catolicismo
Fonte: Fundadores
Plinio Corrêa de Oliveira
Plenitude de um verdadeiro chefe guerreiro e nobre
Carlos Martel na Batalha de Poitiers
A ilustração é de Carlos Martel(*). Um homem de certa rusticidade e muita gravidade, profundamente sério, de vistas elevadas e consequente. Quem ousar desafiá-lo poderá receber respostas bem sérias, pois ele está permanentemente em condições de fazer algo perigoso.
É um homem grave, forte, e muito estável. Quando afirma: “Eu, depois de pensar, amadureci um plano”, tenha certeza de que tal plano será inteiramente executado!
Eis aí, na plenitude, o que era um verdadeiro chefe guerreiro e nobre. Ele tem uma superioridade que não lhe advém do fato de ser mais fino, mas que reside na sua elevada gravidade de espírito e na força de sua personalidade.
Ele cavalga e luta disposto a derramar seu sangue por Nosso Senhor Jesus Cristo. É um cavaleiro que ouvindo narrar a Paixão de Cristo é capaz de chorar e que, voltando da guerra santa, poderá se transformar num monge, por exemplo. Com essa impostação, podemos compreender o que era o quilate de uma alma da Idade Média.
Um guerreiro que não tem medo de se confrontar com a verdade nem teme inimigo algum. Ele pensa de modo análogo ao de sua marcha para o combate. Senhor em toda linha, moldado para dominar. Ele chefia na guerra, domina na paz, impõe a ordem por toda parte — é propriamente um soldado de Cristo.
Em seu lar, na comodidade e placidez, estará até distendido. Mas é distensão de uma pessoa de grande seriedade e estabilidade. É uma personalidade constituída por uma só peça e que tem apenas um objetivo na vida.
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(*) A respeito dele, vide artigo A Batalha de Poitiers, nesta edição.
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Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Sem revisão do autor.
Veja:
Revista Catolicismo
Fonte: Fundadores
sexta-feira, 16 de março de 2012
quinta-feira, 15 de março de 2012
Manual do Professor - Refutado
Manual do Professor - Refutado
Autor: Fernando Nascimento
Em visita a um amigo conhecedor de nosso combate às descaradas mentiras históricas protestantes, aquele me apresentou um livro da sexta série denominado “Manual do professor, História Conceitos e Procedimentos”, que tem como autores Ricardo Dreguer e Eliete Toledo, com publicação pela Atual Editora, divulgado pela Editora Saraiva e utilizado por sua irmã professora da rede pública.
Capa do citado "Manual do Professor"
No capítulo 7 deste livro, que trata de “reformas religiosas”, está ali explicito para todo mundo ver, um escancarado proselitismo protestante valendo-se de todos os embustes anti-históricos forjados pelos próprios protestantes contra a Igreja Católica.
Os autores Ricardo Dreguer e Eliete Toledo, em conluio com a Atual editora, Editora Saraiva e esse marginalizado Ministério da Educação dos vazados Enens da vida, estão a transformar faz tempo, os professores deste país em verdadeiros prosélitos do protestantismo em sala de aula, atribuindo vergonhosamente à Igreja Católica o que é próprio da fé fundada por Lutero.
O próprio Lutero nos legou o relato dessa prática, anos antes de lançar-se em revolta aberta, dizia: “(...) os hereges não são bem acolhidos se não pintam a Igreja como má, falsa e mentirosa. Só eles querem passar por bons: a Igreja há de figurar como ruim em tudo.” (Franca, Leonel, S.J. A Igreja, a reforma e a civilização, Ed. Agir, 1952, 6ª ed. Pág. 200).
Uma vez protestante, ensinava Lutero: "Que mal pode causar se um homem diz uma boa e grossa mentira por uma causa meritória e para o bem da Igreja (luterana)." (Grisar, Hartmann, S.J., Martin Luther, His life & work, The Newman Press, 1960- pág 522).
Refutarei documentalmente, parágrafo a parágrafo, as mentiras estratégicas protestantes vendidas na primeira página do capítulo sete deste criminoso “Manual do Professor” desprovido de qualquer compromisso com a verdade.
Em vermelho, segue o constante no Manual, em seguida minha refutação.
“Das críticas à ruptura
A reforma luterana
No Brasil a lei garante a liberdade religiosa. Isso significa que as pessoas têm direito de escolher livremente suas crenças, sem ser discriminadas por isso. Os cidadãos têm também o direito de não seguir crença alguma e ser ateus, isso é, não acreditar na existência de Deus. "
Isso porque o Papa Paulo III assim determinou desde que o Brasil começou a ser colonizado:
Papa Paulo III (1534-1549),
“Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios a todas as mais gentes que aqui em diante vierem a noticia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos a servidão”. (...) determinamos e declaramos que os ditos índios, e as demais gentes hão de ser atraídas, e convidadas à dita Fé de Cristo, com a pregação da palavra divina, e com o exemplo de boa vida. E tudo o que em contrário desta determinação se fizer, seja em si de nenhum valor, nem firmeza; não obstante quaisquer cousas em contrário, nem as sobreditas, nem outras, em qualquer maneira. Dada em Roma, ano de 1537 aos 9 de junho, no ano terceiro do nosso Pontificado.” (Bula Veritas Ipsa” (1537)
Já os protestantes, que dizimaram os índios “pagãos” de seus países, ao chegarem no Brasil esbanjavam intolerância e ceifavam a vida de todo católico que não se convertesse ao protestantismo.
Em 1570, foram enviados ao Brasil para evangelizar os índios o Padre Inácio de Azevedo e mais 40 jesuítas. Vinham a bordo da nau São Tiago quando em alto mar os interceptou o calvinista Jacques Sourie. Como prova de seu "evangélico" zelo mandou degolar friamente todos os padres e irmãos e jogar os corpos aos tubarões. (Luigi Giovannini e M. Sgarbossa in Il santo del giorno, 4ª ed. E.P, pág. 224, 1978).
Na Bahia, em 1624, por intolerância dos invasores protestantes, as igrejas católicas foram depredadas e transformadas em depósitos, celeiros, adegas ou paióis e a Sé foi destinada ao culto anglicano. http://www.achetudoeregiao.com.br/ba/Bahia_sua_historia.htm
Em Olinda, no ano 1631, os invasores protestantes destruíram e queimaram as igrejas católicas. A única igreja que ficou intacta foi a de São João Batista dos Militares, que servia de quartel general às tropas invasoras. http://www.oocities.org/br/cantinhobacalhau02/71pag07.htm
Em 16 de julho de 1645, o Padre André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis participavam da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú, no município de Canguaretama, localizado na Zona Agreste do Rio Grande do Norte. Por seguirem a religião católica, pagaram com a própria vida o preço pela crença, por causa da intolerância calvinista dos invasores.
http://www.dnonline.com.br/app/noticia/cotidiano/2009/09/28/interna_cotidiano,19853/index.shtml
O livro que contém todas estas barbaridades e muito mais, foi o 1º. Prêmio de Erudição da Academia Brasileira de Letras e editado na Biblioteca Pedagógica Nacional, volume 180, pela Companhia Editora Nacional e chama-se algo que nunca existiu, “Civilização Holandesa no Brasil”, José Honório Rodrigues e Joaquim Ribeiro, 1940.
Ainda hoje, a coisa mais comum é encontrar nos jornais do Brasil, a notícia de que mais um evangélico invadiu uma Igreja Católica e a depredou. Longe desta conduta estão os católicos.
Ficará provado aqui, que o protestantismo defendido pelos autores deste Manual faz vasto uso da máxima lenista que diz:
“Xingue-os do que você é. Acuse-os do que você faz” (Lenin).
“Mas essa liberdade religiosa nem sempre foi permitida. Na Europa ocidental do século XIII, por exemplo, as regras estabelecidas pela Igreja Católica eram tidas como inquestionáveis. Quem não as aceitasse tornava-se vítima de perseguições. "
Acabamos de conhecer qual era a verdadeira religião intolerante perseguidora.
Essa estória de perseguição católica na Europa, é mais uma mentira estratégica forjada pelo protestante Casiodoro de Reina, que escreveu as mais diabólicas calúnias contra a Igreja sob pseudônimo de “Montanus”. Esse articulista foi quem mudou o termo inquisição, simples ato de inquirir, indagar, em “queimar pessoas”. Ele é o responsável pelas falsas mortes da inquisição, que apenas ao inquirir ou absolvia, ou excomungava católicos hereges e somente católicos; foi ele quem fantasiou em seus escritos sobre instrumentos de torturas que nunca existiram; mas foi sóbrio o bastante para omitir as 20 mil mortes de bruxas na fogueira ordenadas pelo luterano Benedict Carpzov; os milhares de camponeses mortos por Lutero e a queima do Médico Miguel Servet por Calvino. (Museum Plantin – Moretus, Antwerp), (Royal Library, The Hagur), (University Salamanca), (The Prado Museum), (Benedict Carpzov, Practica Nova Rerum Criminalium Imperialis Saxonica in Três Partes Divisão, Wittenberg, 1635.), (("Tischredden", Ed. Erlangen, Vol. 59, p. 284)
A Igreja nunca perseguiu ninguém por ter credo diferente. Os ortodoxos se separaram da Igreja no século XI, muito antes do século XIII e jamais foram perseguidos. No século XIII na Europa não existiam protestantes, mas Judeus, ortodoxos e muçulmanos.
Reproduzo, sobre este tema, a opinião de dois importantes judeus sobre a suposta perseguição da Inquisição. Quanto aos judeus, a Inquisição da Igreja não existia nem para os judeus, nem para os muçulmanos. Ela só julgava quem fosse católico e tivesse traído a Fé. Há textos de historiadores judeus que confirmam isso. George Sokolsky, editor judeu de Nova York, em artigo intitulado "Nós Judeus", escreveu: "A tarefa da Inquisição não era perseguir judeus, mas limpar a Igreja de todo traço de heresia ou qualquer coisa não ortodoxa. A Inquisição não estava preocupada com os infiéis fora da Santa Igreja, mas com aqueles heréticos que estavam dentro dela.” (Nova YorK, 1935, pg. 53)
O Dr. Cecil Roth, especialista inglês em "História do Judaísmo", declarou num Forum sionista em Bufalo, (USA, 25 de Fev de 1927): "Apenas em Roma existe uma colônia de judeus que continuou a sua existência desde bem antes da era cristã, isto porque, de todas as dinastias da Europa, o Papado não apenas recusou-se a perseguir os judeus de Roma e da Itália, mas também durante todos os períodos, os Papas sempre foram protetores dos judeus. (...) A verdade é que os Papas e a Igreja Católica, desde os primeiros tempos da Santa Igreja, nunca foram responsáveis por perseguições físicas aos judeus, e entre todas as capitais do mundo, Roma é o único lugar isento de ter sido cenário para a tragédia judaica. E, por isso, nós judeus, deveríamos ter gratidão."
Até aqui as citações, que estão disponívels no artigo http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=20040324003107&lang=bra
Se há na Europa uma religião terrivelmente intolerante e sanguinária, que perseguiu e ceifou a vida de milhões porque tinham credo oposto ao dela, esta foi o protestantismo.
Lutero escreveu um diabólico panfleto intitulado: “CONTRA OS JUDEUS E SUAS MENTIRAS”, obra esta, reproduzida na ’História do Anti-semitismo’, de Leon Poliakov onde brada:
"(...) Finalmente, no meu tempo, foram expulsos de Ratisbona, Magdeburgo e de muitos outros lugares... Um judeu, um coração judaico, são tão duros como a madeira, a pedra, o ferro, como o próprio diabo. Em suma, são filhos do demônio, condenados às chamas do Inferno. Os judeus são pequenos demônios destinados ao inferno.” ('Luther's Works,' Pelikan, Vol. XX, pp. 2230).
"Queime suas sinagogas. Negue a eles o que disse anteriormente. Force-os a trabalhar e trate-os com toda sorte de severidade ... são inúteis, devemos tratá-los como cachorros loucos, para não sermos parceiros em suas blasfêmias e vícios, e para que não recebamos a ira de Deus sobre nós. Eu estou fazendo a minha parte.” ('About the Jews and Their Lies,' citado em O'Hare, in 'The Facts About Luther, TAN Books, 1987, p. 290).
Os escritores Dennis Prager e Joseph Telushkin registram: "Ao executarem seu primeiro massacre em larga escala, em 9 de novembro de 1938, no qual destruíram quase todas as sinagogas da Alemanha e assassinaram trinta e cinco judeus, os nazistas anunciaram que a perseguição era uma homenagem ao aniversário de Martim Lutero.” (...) “... De fato, Julius Streicher (nazista), argumentou durante sua defesa no julgamento de Nuremberg, que nunca havia dito nada sobre os judeus que Martim Lutero não tivesse dito 400 anos antes”. (Why the Jews? The reason for anti-Semitism [Por que os Judeus: A causa do anti-semitismo] (Nova York: Simon & Shuster, 1983), p. 107.)
Graças à intolerância plantada por Lutero na Alemanha, nove milhões de judeus foram exterminados. Não era diferente o plano protestante para aos católicos, célebre é a frase do pastor protestante Friedrich Wieneke: “A paz só virá quando o último judeu se enforcar no último intestino do último vigário". (Fonte: Report from Wieneke, “attacks on Pastors”, dated 9,1941 – (BA Koblens R 43 11/478ª, fiche 1, document 19)).
No tempo de Lutero, relata o historiador Maurice Andrieux, que em 6 de maio de 1527, no terrível saque à Roma, uma horda de invasores protestantes, penetra o hospital do Espírito Santo e ali, aos berros, degola os enfermos. À semelhança de uma torrente bravia, os bárbaros se lançam sobre Roma gritando: -“Viva Lutero, nosso Papa!!!”- todos cumprem a palavra de ordem: quem for encontrado nas ruas deve morrer, seja moço ou velho, mulher ou homem, padre ou freira. Ávidos, incansáveis na busca das riquezas, dos despojos, os Reformadores e outros invasores assaltam, saqueiam, incendeiam, trucidam, arrebentam as suas vítimas, jogam crianças pelas janelas ou as esmagam contra as paredes. Conforme Maurice Andrieaux, esse ataque a Roma “superou em atrocidade todas as tragédias da história, até mesmo a destruição de Jerusalém e a tomada de Constantinopla.” (Rome, Maurice Andrieux,1968)
No dia em que a Inglaterra, arrastada pela paixão do rei Henrique VIII se separou da Igreja para abraçar os princípios da Reforma, começou o longo calvário da nação mártir. Tribunais religiosos foram instaurados e os católicos foram obrigados à assistir cultos protestantes, muitos importantes católicos opositores foram mortos, tais como Thomas More, o Bispo John Fischer muitos sacerdotes, frades franciscanos e monges cartuchos. (Macaulay. A História da Inglaterra. Leipzig, pag.:54.)
Na Irlanda, o primeiro suplício foi a expropriação e confiscação de bens. ISABEL, JAIME I, CARLOS I, CROMWELL despojaram os proprietário irlandeses de suas terras para reduzi-los à miséria e à escravidão. "Nos fins do século XVII os católicos irlandeses e anglo-irlandeses não possuíam mais que a sétima parte de sua ilha" (BANCROFT, Op. cit., t. IV, p. 47; LINGARD, History of England (4), Londron, 1838, t. IX, c. 2, p. 149; c. 5, p. 342).
Sob CROMWELL mais de cem mil cidadãos foram desterrados, vinte mil vendidos como escravos para a América, seis mil crianças de ambos os sexos lançadas fora da ilha e vendidas (C. CANTUI, Storia Universale (3), Torino, 1846, t. XVII, p. 395. (Cfr. BERNH. LESKER, Irland's Leiden und Kämpfen, Maiz 1881, p. 36 ss.).
Mas a fidelidade do povo à fé dos seus maiores não cedia à violência dos perseguidores. Novos suplícios: o extermínio feroz, a matança em massa. Quando os exércitos de CROMWELL entraram triunfantes na ilha oprimida, o sangue dos seus filhos correu em torrentes. Conta-se que o tirano-profeta baixara ordem de trucidar todos os católicos de 16 aos 60 anos, de arrancar os olhos aos de 6 a 16 e de transpassar o seio das mulheres. A soldadesca infrene atirou-se à carnificina. "Impossível determinar o número das vítimas que em 11 anos (1841-1852) sacrificou a Inglaterra para protestantizar a Irlanda". C. CANTU, Storia Universale(3), EPOCA XII, c. VI, Torino, 1843, t. XII, p. 204.)
Depois desses horrores, as execuções da justiça. Como se não bastara o sangue já derramado, para exterminar de todo os católicos ainda restantes, erigiu o gerente um tribunal, conhecido sob o nome de açougue (Cromwell's slaughter house). As sentenças de morte e de exílio por ele pronunciadas acabaram de semear a desolação e o terror na desventurada ilha. (Cfr. BEAMONT, l'Irlande (7), t. I, p. 74; P. F. MORAN, Historial sketch of the persecution suffered by the catholics of Ireland under the rele of Cromwell, Dublin, 1862, LINGARD, History of England(4), t. X, c. 5, 296 sgs.: B. LESKER, Irland's Leiden, p. 25 sgs.).
Excogitou-se então novo expediente: a excomunhão social, o ilotismo. Todos os católicos, como bestas-feras que se aferrolham em jaulas, foram expulsos das outras regiões da ilha, logo dividida entre os invasores, e encurralados na província de Connaught. Quem lhe ultrapassasse os limites poderia ser morto por qualquer cidadão (LINGARD, History of England(4), t. X, c. 6, p.369.
O catolicismo nunca perseguiu os protestantes e nunca se apoderou de seus templos ou bens. Mas a prova cabal das perseguições seculares protestantes aos católicos aí está para quem quiser ver. Até hoje na Europa inteira, as grandes igrejas protestantes permanecem sendo as que foram violentamente roubadas dos católicos sob sangue derramado. Por falta de protestantes, muitíssimas estão fechando ou à venda, como podemos ver neste link: http://www.property.org.uk/unique/ch.html
Estranho é os autores desse criminoso “Manual do Professor” se comprometer a falar de “Reforma Luterana” e omitir tudo isso, preferindo fazer eco às vergonhosas mentiras estratégicas protestantes, em explícito proselitismo.
“Nos séculos XIV e XV, no contexto das mudanças na mentalidade dos europeus, o número de pessoas que questionavam os valores e práticas da Igreja Católica aumentou. Nesse período, alguns pensadores começaram a descartar a necessidade de intermediários - padres ou santos no contato entre o ser humano e Deus. Criticavam também o luxo em que viviam alguns membros da Igreja, o excesso de rituais e o culto às imagens.”
Em todas as épocas, levantaram-se hereges com as mais estapafúrdias desculpas para querer colocar-se no lugar da Igreja, todos foram varridos pelo tempo, a Igreja persiste triunfante, pois Jesus disse que "as portas do inferno não prevalescem contra ela" (Mt 16, 18). Os hereges tentam em vão descartar os padres e santos legitimamente ordenados por Cristo e seus sucessores os apóstolos, que ouviram de viva voz do Salvador: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou." (Lc 10,16)
Os salteadores, sem qualquer ordenação da sucessão apostólica ou voto de pobreza, gananciosamente desejam esses postos apenas para ficarem ricos como muitíssimos que conhecemos e estiveram atrás das grades por escândalos financeiros. O recado foi dado por Jesus: “Em verdade, em verdade, vos digo: quem não entra pela porta no redil onde estão as ovelhas, mas sobe por outro lugar, esse é ladrão e assaltante.” (São João 10,1)
Eles não queriam tirar intermediários entre Deus e o povo coisa nenhuma, mas colocar-se entre o povo e o dinheiro do povo. Só no Brasil, o número de “pastores”, “pastoras”, “bispos”, “bispas”, “apóstolos”, “profetas”, “ministros”, “reverendos”, “diáconos” e "obreiros" entre Deus e os vangélicos superam os padres da Igreja Católica no mundo inteiro. Já em 2006, o número de pastores evangélicos por fiel era dezoito vezes maior que a proporção de padres por católico. Revista Veja, Edição 1964 . 12 de julho de 2006)
Se a intenção deles, contrariando Jesus que disse: “quem vos ouve a mim ouve...” fosse de fato tirar os intermediários entre Deus e o povo, eles não abririam tantas igrejolas e contas bancárias para os protestantes juntarem-se diante deles e entregar-lhes o obrigatório e concorrido dízimo, que na Igreja Católica não é obrigatório.
Os luxuosos pastores que hoje voam de jatinhos, helicópteros particulares e vivem à sombra de suas suntuosas mansões, criticam o relicário da Igreja porque desconhecem que os pertences da Igreja são doações históricas e voluntárias dos católicos e milenar patrimônio tombado da humanidade. Eles nunca verão essas coisas nos testamentos dos Papas que fazem votos de pobreza e sentam na mesma e única cadeira de madeira revestida de bronze após o anterior falecer. Os sofás dos pastores certamente são mais confortáveis.
Como o protestantismo é um samba do crioulo doido, Calvino criticava os apostólicos rituais católicos, mas Lutero não, nem as imagens. No link abaixo vemos a maioria das Igrejas históricas protestantes e pentecostais repletas de imagens sendo veneradas, o que prova que os argumentos protestantes não devem ser levados a sério, pois Deus nunca proibiu imagens, mas os ídolos pagãos. O bíblico e sagrado Templo Salomão era repleto de imagens. http://caiafarsa.wordpress.com/imagens-em-templos-prostestantes/
“No século XlV, o professor inglês John Wyclif (1320-1384) propôs mudanças profundas na Igreja. Entre elas incluía-se a transferência dos bens da Igreja Católica para o controle da sociedade e a realização das missas nas línguas locais, e não mais em latim. "
O protestantismo fundado em 1517, desesperadamente tenta criar sua falsa história desde John Wyclif (1320-1384), ignorando que esse cidadão era católico e morreu de causas naturais após passar mal numa missa. Wyclif foi sepultado em campo santo da Igreja. Os restos de Wyclif foram retirados de campo santo dez anos após ser descoberto herege por meio de um de seus escritos que negava a presença de Cristo na Eucaristia, além da eficácia dos sacramentos e rejeitava os ritos. Só isso prova que Wyclif era herege tanto para os católicos como para os protestantes e ortodoxos, que crêem na Eucaristia e nos sacramentos que estão na Bíblia. http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/JohnWycl.html
As palavras do arrependido Lutero vendo a desgraça que causou a “reforma” confirmam isso: "Este não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças" ( Luthers M. In. Weimar, XVIII, 547 ; De Wett III, 6l ).
Se Wyclif supostamente queria “a transferência dos bens da Igreja Católica para o controle da sociedade”, esquecia os bens de sua própria rica família? Certamente ele não sabia que a Igreja Católica há muito tempo transfere seus bens não só para a sociedade, mas para países inteiros, basta confirmar isso no site do próprio Vaticano:
Para conhecer as Doações do Papa aos países pobres, acesse: http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/corunum/corunum_po/profilo_po/doni_po.html
Para conhecer as Missões de caridades da Igreja pelo mundo, acesse: http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/corunum/corunum_po/attivita_po/missioni_po.html
Para conhecer a Assistência e Beneficiência da Igreja aos infermos e desvalidos, acesse: http://www.fides.org/ita/statistiche/2000_7.html
Ao contrário do que fala os que colocam palavras na boca do Wyclif, A Missa sempre foi rezada com palavras latinas, hebraicas (Amén, Hosanah, Aleluiah) e gregas (o Kyrie), porque a sentença de Pilatos condenando Cristo à morte foi escrita nessas três línguas. Pois quem reza a missa é o sacerdote, e não o povo.
Citar a Missa em latim, como uma das desculpas para a “reforma protestante”, não cola, visto que protestante nenhum vai à missa na Igreja Católica quando a missa é rezada também na língua vernácula. Aliás, nem tem missa em mais de 99% das igrejas protestantes. Na grande maioria nem mesmo o “Pai Nosso” é rezado ali, apesar de ensinado por Jesus.
Aproveito para acabar com um recente mito protestante que calunia que a Igreja não tinha bíblia vernácula antes de Lutero, pois os desmentindo, o próprio Lutero ainda católico dizia: "foi um efeito do poder de Deus que o papado preservou, em primeiro lugar, o santo batismo; em segundo, o texto dos Santos Evangelhos, que era costume ler no púlpito na língua vernácula de cada nação..." (De Missa privata, ed by Jensen, VI, Pg 92).
“As idéias de Wyclif foram condenadas como heréticas, mas se espalharam por varias regiões européias. Entre os seus seguidores destacou-se o sacerdote tcheco John Huss (c.1371-1415), que foi queimado vivo na fogueira por ter criticado a hierarquia católica e seus abusos. “
As idéias de Wyclif foram condenadas como heréticas porque de fato vimos que ele era um herege com “H” maiúsculo, invalidando a Eucaristia e os sacramentos estabelecidos por Cristo. Se John Huss o seguiu, era herege igualmente. Jonh Huss não criticava os “abusos” da Igreja, mas do igualmente herege e antipapa João XXIII, que foi levado a Roma pelas armas do rei Ladislau de Nápoles e obrigado a abdicar do falso cargo. Este foi quem condenou Huss a morte. O herege João XXIII, se opunha a Gregório XII, papa legítimo de Roma na época. (Enciclopédia Microsoft Encarta 99).
“Apesar das perseguições as novas idéias religiosas continuaram ganhando adeptos. No século XVI, elas levaram às reformas religiosas e a criação de novas Igrejas cristãs.”
Jesus disse: uma só fé, um só batismo e um só Senhor. (Ef 4,5-6), só isto basta.
Não houve “perseguições” as “novas idéias religiosas”, as “novas idéias religiosas” é que passaram a perseguir violentamente a Igreja Católica em todo o mundo, com suas intolerâncias, matanças, vilipêndios e toda sorte de calúnia, inclusive as como estas que refuto. E se um dia ganharam adeptos com suas mentiras, hoje perdem mais do ganham justamente para a Igreja Católica, confira:
1- Em apenas um dia, 400 mil protestantes anglicanos converterem-se ao catolicismo. http://www.acidigital.com/noticia.php?id=11760
2- O catolicismo nos Estados Unidos, país protestante, tornou-se a maior denominação cristã atualmente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Catolicismo_nos_Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
3- O catolicismo continuar liderando na Alemanha, berço do protestantismo. http://www.suapesquisa.com/paises/alemanha/
4- O bispo líder de 85% dos finlandeses luteranos disse que eles querem voltar à Igreja Católica. http://www.pime.org.br/noticias2005/noticiasfinlandia1.htm
5- O número de católicos continua crescendo no mundo.
http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/3174-cresce-o-numero-de-catolicos-no-mundo-revela-anuario-estatistico-da-igreja-
Houve uma "reforma protestante" porque o protestantismo estava precisando ser reformado, e essa "reforma" que nada tem a ver com a Igreja Católica continua em mais de 50 mil seitas protestantes rivais entre si.
Como bem diz o apologista Oswaldo Garcia: “É preciso saber que os "reformadores" não reformaram a Igreja de Cristo (que é irreformável em sua fé). Não se reforma uma casa criando em volta dela uma multidão de barracos.”
Se a "reforma" fosse para o catolicismo chamarse-ia "reforma católica".
A Igreja Católica, fundada por Jesus Cristo, continua a mesma ontem, hoje e sempre, desde que o Salvador a fundou no ano 30 na Palestina. Lembre-se disso toda vez que um protestante citar a "reforma protestante". Muita gente não nota que quando eles citam isso, estão simplesmente confessando que na verdade a "reforma" foi para o protestantismo, visto que a Igreja fez até uma Contra Reforma, ignorando a Babel protestante.
As mentiras estratégicas protestantes da primeira página do capítulo sete do criminoso “Manual do Professor” encerram com uma fantasiosa gravura usada nos antigos panfletos difamatórios protestantes, seguida da legenda: “venda de indulgências em representação de Jong Breu, 1530.”
Gravura utilizada no Manual
Contra essa outra quimera, registra a Enciclopédia Católica New Advent: ["Os baús indulgência de Tetzel exibido na Jüterbog e outras cidades alemãs, são falsificações, de acordo com o escritor protestante Körner (Leben Tetzel, 73)"].
Fonte: http://www.newadvent.org/cathen/14539a.htm
Com essa falsidade, os autores do Manual pretendem inculcar que a Igreja de fato vendia indulgência, quando isso é completamente falso.
Logo abaixo, Lutero, pai dos protestantes e testemunha ocular dos fatos na Alemanha, documenta em suas 95 teses o contrário do que pregam os embusteiros bacharéis da mentira:
"50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas." (Fonte: http://www.ibnshekinah.com.br/Estudos-B%C3%ADblicos/as-95-teses-de-lutero.html )
Não se deve incriminar a Igreja por atos desobedientes e isolados de um monge chamado Tetzel numa pequena cidade da Alemanha. Tal monge foi advertido por um enviado do Papa e envergonhado morreu de desgosto inclusive sendo perdoado por Lutero que assegura em suas teses:
"91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido."
Sobre a desonestidade das editoras evangélicas, alerta o insuspeito presbiteriano Prof. Juan Pablo, mestrado em História pela UFES:
“Bem, a respeito do estudo sobre o cristianismo antigo, a primeira coisa que devemos aceitar, é que os protestantes de modo geral, em especial os brasileiros, conhecem muito pouca coisa de História cristã. Infelizmente, a grande maioria dos livros de história do cristianismo publicados por editoras evangélicas aqui no Brasil não são fontes confiáveis para o estudo da história cristã antiga e medieval, e isso por dois motivos:
1 - são escritos por teólogos com péssima formação histórica;
2 - seu objetivo real não é realmente informar o leitor, e sim combater o catolicismo, para dar a falsa impressão de que tudo o que a ICAR alega seria mentira e portanto fazer apologética da teologia protestante. Ou seja: pecam por desonestidade intelectual. Faz-se necessário estudar a história do cristianismo a partir da historiografia acadêmica.” (Depoimento do Prof. Juan Pablo constante em: http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=511275&tid=5556312832534205906&na=3&nst=43&nid=511275-5556312832534205906-5556569177379161061 )
Eis a mais pura verdade, e alerto a sociedade em geral, que desde a ditadura militar, durante a passagem do protestante Ernesto Geisel pelo governo brasileiro, as mentiras estratégicas protestantes vêm sendo sorrateiramente publicadas como “verdades históricas” nos livros didáticos escolares, com mero propósito de promover o protestantismo de forma desonesta e criminosa nas salas de aulas.
Muitas queixas temos recebido de alunos em todo o país, que já percebem essa maquinação em curso, maquinação esta que acaba por gerar "bacharéis" como os autores deste "Manual do professor". Conclamamos aos pais a folhearem os livros de história de seus filhos e ao detectarem tal conduta, denunciem a editora ao Ministério Público Federal e os professores prosélitos ao NRE - Núcleo Regional da Educação local, muito fácil hoje é gravar o que se está ensinando em sala de aula.
Vergonhosa é a atitude dos autores Ricardo Dreguer e Eliete Toledo. Se eles omitem o desfecho da "reforma luterana", o Melanchton, parceiro de Lutero foi mais honesto ao dizer:
“Nem toda a água do rio Elba daria lágrimas bastante para chorar a desgraça da Reforma.” (citação de Melanchton, amigo de Lutero - Lúcio Navarro, Legítima Interpretação da Bíblia).
Cai a farsa.
Fonte: Cai a Farsa
Autor: Fernando Nascimento
Em visita a um amigo conhecedor de nosso combate às descaradas mentiras históricas protestantes, aquele me apresentou um livro da sexta série denominado “Manual do professor, História Conceitos e Procedimentos”, que tem como autores Ricardo Dreguer e Eliete Toledo, com publicação pela Atual Editora, divulgado pela Editora Saraiva e utilizado por sua irmã professora da rede pública.
Capa do citado "Manual do Professor"
No capítulo 7 deste livro, que trata de “reformas religiosas”, está ali explicito para todo mundo ver, um escancarado proselitismo protestante valendo-se de todos os embustes anti-históricos forjados pelos próprios protestantes contra a Igreja Católica.
Os autores Ricardo Dreguer e Eliete Toledo, em conluio com a Atual editora, Editora Saraiva e esse marginalizado Ministério da Educação dos vazados Enens da vida, estão a transformar faz tempo, os professores deste país em verdadeiros prosélitos do protestantismo em sala de aula, atribuindo vergonhosamente à Igreja Católica o que é próprio da fé fundada por Lutero.
O próprio Lutero nos legou o relato dessa prática, anos antes de lançar-se em revolta aberta, dizia: “(...) os hereges não são bem acolhidos se não pintam a Igreja como má, falsa e mentirosa. Só eles querem passar por bons: a Igreja há de figurar como ruim em tudo.” (Franca, Leonel, S.J. A Igreja, a reforma e a civilização, Ed. Agir, 1952, 6ª ed. Pág. 200).
Uma vez protestante, ensinava Lutero: "Que mal pode causar se um homem diz uma boa e grossa mentira por uma causa meritória e para o bem da Igreja (luterana)." (Grisar, Hartmann, S.J., Martin Luther, His life & work, The Newman Press, 1960- pág 522).
Refutarei documentalmente, parágrafo a parágrafo, as mentiras estratégicas protestantes vendidas na primeira página do capítulo sete deste criminoso “Manual do Professor” desprovido de qualquer compromisso com a verdade.
Em vermelho, segue o constante no Manual, em seguida minha refutação.
“Das críticas à ruptura
A reforma luterana
No Brasil a lei garante a liberdade religiosa. Isso significa que as pessoas têm direito de escolher livremente suas crenças, sem ser discriminadas por isso. Os cidadãos têm também o direito de não seguir crença alguma e ser ateus, isso é, não acreditar na existência de Deus. "
Isso porque o Papa Paulo III assim determinou desde que o Brasil começou a ser colonizado:
Papa Paulo III (1534-1549),
“Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios a todas as mais gentes que aqui em diante vierem a noticia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos a servidão”. (...) determinamos e declaramos que os ditos índios, e as demais gentes hão de ser atraídas, e convidadas à dita Fé de Cristo, com a pregação da palavra divina, e com o exemplo de boa vida. E tudo o que em contrário desta determinação se fizer, seja em si de nenhum valor, nem firmeza; não obstante quaisquer cousas em contrário, nem as sobreditas, nem outras, em qualquer maneira. Dada em Roma, ano de 1537 aos 9 de junho, no ano terceiro do nosso Pontificado.” (Bula Veritas Ipsa” (1537)
Já os protestantes, que dizimaram os índios “pagãos” de seus países, ao chegarem no Brasil esbanjavam intolerância e ceifavam a vida de todo católico que não se convertesse ao protestantismo.
Em 1570, foram enviados ao Brasil para evangelizar os índios o Padre Inácio de Azevedo e mais 40 jesuítas. Vinham a bordo da nau São Tiago quando em alto mar os interceptou o calvinista Jacques Sourie. Como prova de seu "evangélico" zelo mandou degolar friamente todos os padres e irmãos e jogar os corpos aos tubarões. (Luigi Giovannini e M. Sgarbossa in Il santo del giorno, 4ª ed. E.P, pág. 224, 1978).
Na Bahia, em 1624, por intolerância dos invasores protestantes, as igrejas católicas foram depredadas e transformadas em depósitos, celeiros, adegas ou paióis e a Sé foi destinada ao culto anglicano. http://www.achetudoeregiao.com.br/ba/Bahia_sua_historia.htm
Em Olinda, no ano 1631, os invasores protestantes destruíram e queimaram as igrejas católicas. A única igreja que ficou intacta foi a de São João Batista dos Militares, que servia de quartel general às tropas invasoras. http://www.oocities.org/br/cantinhobacalhau02/71pag07.htm
Em 16 de julho de 1645, o Padre André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis participavam da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú, no município de Canguaretama, localizado na Zona Agreste do Rio Grande do Norte. Por seguirem a religião católica, pagaram com a própria vida o preço pela crença, por causa da intolerância calvinista dos invasores.
http://www.dnonline.com.br/app/noticia/cotidiano/2009/09/28/interna_cotidiano,19853/index.shtml
O livro que contém todas estas barbaridades e muito mais, foi o 1º. Prêmio de Erudição da Academia Brasileira de Letras e editado na Biblioteca Pedagógica Nacional, volume 180, pela Companhia Editora Nacional e chama-se algo que nunca existiu, “Civilização Holandesa no Brasil”, José Honório Rodrigues e Joaquim Ribeiro, 1940.
Ainda hoje, a coisa mais comum é encontrar nos jornais do Brasil, a notícia de que mais um evangélico invadiu uma Igreja Católica e a depredou. Longe desta conduta estão os católicos.
Ficará provado aqui, que o protestantismo defendido pelos autores deste Manual faz vasto uso da máxima lenista que diz:
“Xingue-os do que você é. Acuse-os do que você faz” (Lenin).
“Mas essa liberdade religiosa nem sempre foi permitida. Na Europa ocidental do século XIII, por exemplo, as regras estabelecidas pela Igreja Católica eram tidas como inquestionáveis. Quem não as aceitasse tornava-se vítima de perseguições. "
Acabamos de conhecer qual era a verdadeira religião intolerante perseguidora.
Essa estória de perseguição católica na Europa, é mais uma mentira estratégica forjada pelo protestante Casiodoro de Reina, que escreveu as mais diabólicas calúnias contra a Igreja sob pseudônimo de “Montanus”. Esse articulista foi quem mudou o termo inquisição, simples ato de inquirir, indagar, em “queimar pessoas”. Ele é o responsável pelas falsas mortes da inquisição, que apenas ao inquirir ou absolvia, ou excomungava católicos hereges e somente católicos; foi ele quem fantasiou em seus escritos sobre instrumentos de torturas que nunca existiram; mas foi sóbrio o bastante para omitir as 20 mil mortes de bruxas na fogueira ordenadas pelo luterano Benedict Carpzov; os milhares de camponeses mortos por Lutero e a queima do Médico Miguel Servet por Calvino. (Museum Plantin – Moretus, Antwerp), (Royal Library, The Hagur), (University Salamanca), (The Prado Museum), (Benedict Carpzov, Practica Nova Rerum Criminalium Imperialis Saxonica in Três Partes Divisão, Wittenberg, 1635.), (("Tischredden", Ed. Erlangen, Vol. 59, p. 284)
A Igreja nunca perseguiu ninguém por ter credo diferente. Os ortodoxos se separaram da Igreja no século XI, muito antes do século XIII e jamais foram perseguidos. No século XIII na Europa não existiam protestantes, mas Judeus, ortodoxos e muçulmanos.
Reproduzo, sobre este tema, a opinião de dois importantes judeus sobre a suposta perseguição da Inquisição. Quanto aos judeus, a Inquisição da Igreja não existia nem para os judeus, nem para os muçulmanos. Ela só julgava quem fosse católico e tivesse traído a Fé. Há textos de historiadores judeus que confirmam isso. George Sokolsky, editor judeu de Nova York, em artigo intitulado "Nós Judeus", escreveu: "A tarefa da Inquisição não era perseguir judeus, mas limpar a Igreja de todo traço de heresia ou qualquer coisa não ortodoxa. A Inquisição não estava preocupada com os infiéis fora da Santa Igreja, mas com aqueles heréticos que estavam dentro dela.” (Nova YorK, 1935, pg. 53)
O Dr. Cecil Roth, especialista inglês em "História do Judaísmo", declarou num Forum sionista em Bufalo, (USA, 25 de Fev de 1927): "Apenas em Roma existe uma colônia de judeus que continuou a sua existência desde bem antes da era cristã, isto porque, de todas as dinastias da Europa, o Papado não apenas recusou-se a perseguir os judeus de Roma e da Itália, mas também durante todos os períodos, os Papas sempre foram protetores dos judeus. (...) A verdade é que os Papas e a Igreja Católica, desde os primeiros tempos da Santa Igreja, nunca foram responsáveis por perseguições físicas aos judeus, e entre todas as capitais do mundo, Roma é o único lugar isento de ter sido cenário para a tragédia judaica. E, por isso, nós judeus, deveríamos ter gratidão."
Até aqui as citações, que estão disponívels no artigo http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=20040324003107&lang=bra
Se há na Europa uma religião terrivelmente intolerante e sanguinária, que perseguiu e ceifou a vida de milhões porque tinham credo oposto ao dela, esta foi o protestantismo.
Lutero escreveu um diabólico panfleto intitulado: “CONTRA OS JUDEUS E SUAS MENTIRAS”, obra esta, reproduzida na ’História do Anti-semitismo’, de Leon Poliakov onde brada:
"(...) Finalmente, no meu tempo, foram expulsos de Ratisbona, Magdeburgo e de muitos outros lugares... Um judeu, um coração judaico, são tão duros como a madeira, a pedra, o ferro, como o próprio diabo. Em suma, são filhos do demônio, condenados às chamas do Inferno. Os judeus são pequenos demônios destinados ao inferno.” ('Luther's Works,' Pelikan, Vol. XX, pp. 2230).
"Queime suas sinagogas. Negue a eles o que disse anteriormente. Force-os a trabalhar e trate-os com toda sorte de severidade ... são inúteis, devemos tratá-los como cachorros loucos, para não sermos parceiros em suas blasfêmias e vícios, e para que não recebamos a ira de Deus sobre nós. Eu estou fazendo a minha parte.” ('About the Jews and Their Lies,' citado em O'Hare, in 'The Facts About Luther, TAN Books, 1987, p. 290).
Os escritores Dennis Prager e Joseph Telushkin registram: "Ao executarem seu primeiro massacre em larga escala, em 9 de novembro de 1938, no qual destruíram quase todas as sinagogas da Alemanha e assassinaram trinta e cinco judeus, os nazistas anunciaram que a perseguição era uma homenagem ao aniversário de Martim Lutero.” (...) “... De fato, Julius Streicher (nazista), argumentou durante sua defesa no julgamento de Nuremberg, que nunca havia dito nada sobre os judeus que Martim Lutero não tivesse dito 400 anos antes”. (Why the Jews? The reason for anti-Semitism [Por que os Judeus: A causa do anti-semitismo] (Nova York: Simon & Shuster, 1983), p. 107.)
Graças à intolerância plantada por Lutero na Alemanha, nove milhões de judeus foram exterminados. Não era diferente o plano protestante para aos católicos, célebre é a frase do pastor protestante Friedrich Wieneke: “A paz só virá quando o último judeu se enforcar no último intestino do último vigário". (Fonte: Report from Wieneke, “attacks on Pastors”, dated 9,1941 – (BA Koblens R 43 11/478ª, fiche 1, document 19)).
No tempo de Lutero, relata o historiador Maurice Andrieux, que em 6 de maio de 1527, no terrível saque à Roma, uma horda de invasores protestantes, penetra o hospital do Espírito Santo e ali, aos berros, degola os enfermos. À semelhança de uma torrente bravia, os bárbaros se lançam sobre Roma gritando: -“Viva Lutero, nosso Papa!!!”- todos cumprem a palavra de ordem: quem for encontrado nas ruas deve morrer, seja moço ou velho, mulher ou homem, padre ou freira. Ávidos, incansáveis na busca das riquezas, dos despojos, os Reformadores e outros invasores assaltam, saqueiam, incendeiam, trucidam, arrebentam as suas vítimas, jogam crianças pelas janelas ou as esmagam contra as paredes. Conforme Maurice Andrieaux, esse ataque a Roma “superou em atrocidade todas as tragédias da história, até mesmo a destruição de Jerusalém e a tomada de Constantinopla.” (Rome, Maurice Andrieux,1968)
No dia em que a Inglaterra, arrastada pela paixão do rei Henrique VIII se separou da Igreja para abraçar os princípios da Reforma, começou o longo calvário da nação mártir. Tribunais religiosos foram instaurados e os católicos foram obrigados à assistir cultos protestantes, muitos importantes católicos opositores foram mortos, tais como Thomas More, o Bispo John Fischer muitos sacerdotes, frades franciscanos e monges cartuchos. (Macaulay. A História da Inglaterra. Leipzig, pag.:54.)
Na Irlanda, o primeiro suplício foi a expropriação e confiscação de bens. ISABEL, JAIME I, CARLOS I, CROMWELL despojaram os proprietário irlandeses de suas terras para reduzi-los à miséria e à escravidão. "Nos fins do século XVII os católicos irlandeses e anglo-irlandeses não possuíam mais que a sétima parte de sua ilha" (BANCROFT, Op. cit., t. IV, p. 47; LINGARD, History of England (4), Londron, 1838, t. IX, c. 2, p. 149; c. 5, p. 342).
Sob CROMWELL mais de cem mil cidadãos foram desterrados, vinte mil vendidos como escravos para a América, seis mil crianças de ambos os sexos lançadas fora da ilha e vendidas (C. CANTUI, Storia Universale (3), Torino, 1846, t. XVII, p. 395. (Cfr. BERNH. LESKER, Irland's Leiden und Kämpfen, Maiz 1881, p. 36 ss.).
Mas a fidelidade do povo à fé dos seus maiores não cedia à violência dos perseguidores. Novos suplícios: o extermínio feroz, a matança em massa. Quando os exércitos de CROMWELL entraram triunfantes na ilha oprimida, o sangue dos seus filhos correu em torrentes. Conta-se que o tirano-profeta baixara ordem de trucidar todos os católicos de 16 aos 60 anos, de arrancar os olhos aos de 6 a 16 e de transpassar o seio das mulheres. A soldadesca infrene atirou-se à carnificina. "Impossível determinar o número das vítimas que em 11 anos (1841-1852) sacrificou a Inglaterra para protestantizar a Irlanda". C. CANTU, Storia Universale(3), EPOCA XII, c. VI, Torino, 1843, t. XII, p. 204.)
Depois desses horrores, as execuções da justiça. Como se não bastara o sangue já derramado, para exterminar de todo os católicos ainda restantes, erigiu o gerente um tribunal, conhecido sob o nome de açougue (Cromwell's slaughter house). As sentenças de morte e de exílio por ele pronunciadas acabaram de semear a desolação e o terror na desventurada ilha. (Cfr. BEAMONT, l'Irlande (7), t. I, p. 74; P. F. MORAN, Historial sketch of the persecution suffered by the catholics of Ireland under the rele of Cromwell, Dublin, 1862, LINGARD, History of England(4), t. X, c. 5, 296 sgs.: B. LESKER, Irland's Leiden, p. 25 sgs.).
Excogitou-se então novo expediente: a excomunhão social, o ilotismo. Todos os católicos, como bestas-feras que se aferrolham em jaulas, foram expulsos das outras regiões da ilha, logo dividida entre os invasores, e encurralados na província de Connaught. Quem lhe ultrapassasse os limites poderia ser morto por qualquer cidadão (LINGARD, History of England(4), t. X, c. 6, p.369.
O catolicismo nunca perseguiu os protestantes e nunca se apoderou de seus templos ou bens. Mas a prova cabal das perseguições seculares protestantes aos católicos aí está para quem quiser ver. Até hoje na Europa inteira, as grandes igrejas protestantes permanecem sendo as que foram violentamente roubadas dos católicos sob sangue derramado. Por falta de protestantes, muitíssimas estão fechando ou à venda, como podemos ver neste link: http://www.property.org.uk/unique/ch.html
Estranho é os autores desse criminoso “Manual do Professor” se comprometer a falar de “Reforma Luterana” e omitir tudo isso, preferindo fazer eco às vergonhosas mentiras estratégicas protestantes, em explícito proselitismo.
“Nos séculos XIV e XV, no contexto das mudanças na mentalidade dos europeus, o número de pessoas que questionavam os valores e práticas da Igreja Católica aumentou. Nesse período, alguns pensadores começaram a descartar a necessidade de intermediários - padres ou santos no contato entre o ser humano e Deus. Criticavam também o luxo em que viviam alguns membros da Igreja, o excesso de rituais e o culto às imagens.”
Em todas as épocas, levantaram-se hereges com as mais estapafúrdias desculpas para querer colocar-se no lugar da Igreja, todos foram varridos pelo tempo, a Igreja persiste triunfante, pois Jesus disse que "as portas do inferno não prevalescem contra ela" (Mt 16, 18). Os hereges tentam em vão descartar os padres e santos legitimamente ordenados por Cristo e seus sucessores os apóstolos, que ouviram de viva voz do Salvador: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou." (Lc 10,16)
Os salteadores, sem qualquer ordenação da sucessão apostólica ou voto de pobreza, gananciosamente desejam esses postos apenas para ficarem ricos como muitíssimos que conhecemos e estiveram atrás das grades por escândalos financeiros. O recado foi dado por Jesus: “Em verdade, em verdade, vos digo: quem não entra pela porta no redil onde estão as ovelhas, mas sobe por outro lugar, esse é ladrão e assaltante.” (São João 10,1)
Eles não queriam tirar intermediários entre Deus e o povo coisa nenhuma, mas colocar-se entre o povo e o dinheiro do povo. Só no Brasil, o número de “pastores”, “pastoras”, “bispos”, “bispas”, “apóstolos”, “profetas”, “ministros”, “reverendos”, “diáconos” e "obreiros" entre Deus e os vangélicos superam os padres da Igreja Católica no mundo inteiro. Já em 2006, o número de pastores evangélicos por fiel era dezoito vezes maior que a proporção de padres por católico. Revista Veja, Edição 1964 . 12 de julho de 2006)
Se a intenção deles, contrariando Jesus que disse: “quem vos ouve a mim ouve...” fosse de fato tirar os intermediários entre Deus e o povo, eles não abririam tantas igrejolas e contas bancárias para os protestantes juntarem-se diante deles e entregar-lhes o obrigatório e concorrido dízimo, que na Igreja Católica não é obrigatório.
Os luxuosos pastores que hoje voam de jatinhos, helicópteros particulares e vivem à sombra de suas suntuosas mansões, criticam o relicário da Igreja porque desconhecem que os pertences da Igreja são doações históricas e voluntárias dos católicos e milenar patrimônio tombado da humanidade. Eles nunca verão essas coisas nos testamentos dos Papas que fazem votos de pobreza e sentam na mesma e única cadeira de madeira revestida de bronze após o anterior falecer. Os sofás dos pastores certamente são mais confortáveis.
Como o protestantismo é um samba do crioulo doido, Calvino criticava os apostólicos rituais católicos, mas Lutero não, nem as imagens. No link abaixo vemos a maioria das Igrejas históricas protestantes e pentecostais repletas de imagens sendo veneradas, o que prova que os argumentos protestantes não devem ser levados a sério, pois Deus nunca proibiu imagens, mas os ídolos pagãos. O bíblico e sagrado Templo Salomão era repleto de imagens. http://caiafarsa.wordpress.com/imagens-em-templos-prostestantes/
“No século XlV, o professor inglês John Wyclif (1320-1384) propôs mudanças profundas na Igreja. Entre elas incluía-se a transferência dos bens da Igreja Católica para o controle da sociedade e a realização das missas nas línguas locais, e não mais em latim. "
O protestantismo fundado em 1517, desesperadamente tenta criar sua falsa história desde John Wyclif (1320-1384), ignorando que esse cidadão era católico e morreu de causas naturais após passar mal numa missa. Wyclif foi sepultado em campo santo da Igreja. Os restos de Wyclif foram retirados de campo santo dez anos após ser descoberto herege por meio de um de seus escritos que negava a presença de Cristo na Eucaristia, além da eficácia dos sacramentos e rejeitava os ritos. Só isso prova que Wyclif era herege tanto para os católicos como para os protestantes e ortodoxos, que crêem na Eucaristia e nos sacramentos que estão na Bíblia. http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/JohnWycl.html
As palavras do arrependido Lutero vendo a desgraça que causou a “reforma” confirmam isso: "Este não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças" ( Luthers M. In. Weimar, XVIII, 547 ; De Wett III, 6l ).
Se Wyclif supostamente queria “a transferência dos bens da Igreja Católica para o controle da sociedade”, esquecia os bens de sua própria rica família? Certamente ele não sabia que a Igreja Católica há muito tempo transfere seus bens não só para a sociedade, mas para países inteiros, basta confirmar isso no site do próprio Vaticano:
Para conhecer as Doações do Papa aos países pobres, acesse: http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/corunum/corunum_po/profilo_po/doni_po.html
Para conhecer as Missões de caridades da Igreja pelo mundo, acesse: http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/corunum/corunum_po/attivita_po/missioni_po.html
Para conhecer a Assistência e Beneficiência da Igreja aos infermos e desvalidos, acesse: http://www.fides.org/ita/statistiche/2000_7.html
Ao contrário do que fala os que colocam palavras na boca do Wyclif, A Missa sempre foi rezada com palavras latinas, hebraicas (Amén, Hosanah, Aleluiah) e gregas (o Kyrie), porque a sentença de Pilatos condenando Cristo à morte foi escrita nessas três línguas. Pois quem reza a missa é o sacerdote, e não o povo.
Citar a Missa em latim, como uma das desculpas para a “reforma protestante”, não cola, visto que protestante nenhum vai à missa na Igreja Católica quando a missa é rezada também na língua vernácula. Aliás, nem tem missa em mais de 99% das igrejas protestantes. Na grande maioria nem mesmo o “Pai Nosso” é rezado ali, apesar de ensinado por Jesus.
Aproveito para acabar com um recente mito protestante que calunia que a Igreja não tinha bíblia vernácula antes de Lutero, pois os desmentindo, o próprio Lutero ainda católico dizia: "foi um efeito do poder de Deus que o papado preservou, em primeiro lugar, o santo batismo; em segundo, o texto dos Santos Evangelhos, que era costume ler no púlpito na língua vernácula de cada nação..." (De Missa privata, ed by Jensen, VI, Pg 92).
“As idéias de Wyclif foram condenadas como heréticas, mas se espalharam por varias regiões européias. Entre os seus seguidores destacou-se o sacerdote tcheco John Huss (c.1371-1415), que foi queimado vivo na fogueira por ter criticado a hierarquia católica e seus abusos. “
As idéias de Wyclif foram condenadas como heréticas porque de fato vimos que ele era um herege com “H” maiúsculo, invalidando a Eucaristia e os sacramentos estabelecidos por Cristo. Se John Huss o seguiu, era herege igualmente. Jonh Huss não criticava os “abusos” da Igreja, mas do igualmente herege e antipapa João XXIII, que foi levado a Roma pelas armas do rei Ladislau de Nápoles e obrigado a abdicar do falso cargo. Este foi quem condenou Huss a morte. O herege João XXIII, se opunha a Gregório XII, papa legítimo de Roma na época. (Enciclopédia Microsoft Encarta 99).
“Apesar das perseguições as novas idéias religiosas continuaram ganhando adeptos. No século XVI, elas levaram às reformas religiosas e a criação de novas Igrejas cristãs.”
Jesus disse: uma só fé, um só batismo e um só Senhor. (Ef 4,5-6), só isto basta.
Não houve “perseguições” as “novas idéias religiosas”, as “novas idéias religiosas” é que passaram a perseguir violentamente a Igreja Católica em todo o mundo, com suas intolerâncias, matanças, vilipêndios e toda sorte de calúnia, inclusive as como estas que refuto. E se um dia ganharam adeptos com suas mentiras, hoje perdem mais do ganham justamente para a Igreja Católica, confira:
1- Em apenas um dia, 400 mil protestantes anglicanos converterem-se ao catolicismo. http://www.acidigital.com/noticia.php?id=11760
2- O catolicismo nos Estados Unidos, país protestante, tornou-se a maior denominação cristã atualmente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Catolicismo_nos_Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
3- O catolicismo continuar liderando na Alemanha, berço do protestantismo. http://www.suapesquisa.com/paises/alemanha/
4- O bispo líder de 85% dos finlandeses luteranos disse que eles querem voltar à Igreja Católica. http://www.pime.org.br/noticias2005/noticiasfinlandia1.htm
5- O número de católicos continua crescendo no mundo.
http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/3174-cresce-o-numero-de-catolicos-no-mundo-revela-anuario-estatistico-da-igreja-
Houve uma "reforma protestante" porque o protestantismo estava precisando ser reformado, e essa "reforma" que nada tem a ver com a Igreja Católica continua em mais de 50 mil seitas protestantes rivais entre si.
Como bem diz o apologista Oswaldo Garcia: “É preciso saber que os "reformadores" não reformaram a Igreja de Cristo (que é irreformável em sua fé). Não se reforma uma casa criando em volta dela uma multidão de barracos.”
Se a "reforma" fosse para o catolicismo chamarse-ia "reforma católica".
A Igreja Católica, fundada por Jesus Cristo, continua a mesma ontem, hoje e sempre, desde que o Salvador a fundou no ano 30 na Palestina. Lembre-se disso toda vez que um protestante citar a "reforma protestante". Muita gente não nota que quando eles citam isso, estão simplesmente confessando que na verdade a "reforma" foi para o protestantismo, visto que a Igreja fez até uma Contra Reforma, ignorando a Babel protestante.
As mentiras estratégicas protestantes da primeira página do capítulo sete do criminoso “Manual do Professor” encerram com uma fantasiosa gravura usada nos antigos panfletos difamatórios protestantes, seguida da legenda: “venda de indulgências em representação de Jong Breu, 1530.”
Gravura utilizada no Manual
Contra essa outra quimera, registra a Enciclopédia Católica New Advent: ["Os baús indulgência de Tetzel exibido na Jüterbog e outras cidades alemãs, são falsificações, de acordo com o escritor protestante Körner (Leben Tetzel, 73)"].
Fonte: http://www.newadvent.org/cathen/14539a.htm
Com essa falsidade, os autores do Manual pretendem inculcar que a Igreja de fato vendia indulgência, quando isso é completamente falso.
Logo abaixo, Lutero, pai dos protestantes e testemunha ocular dos fatos na Alemanha, documenta em suas 95 teses o contrário do que pregam os embusteiros bacharéis da mentira:
"50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas." (Fonte: http://www.ibnshekinah.com.br/Estudos-B%C3%ADblicos/as-95-teses-de-lutero.html )
Não se deve incriminar a Igreja por atos desobedientes e isolados de um monge chamado Tetzel numa pequena cidade da Alemanha. Tal monge foi advertido por um enviado do Papa e envergonhado morreu de desgosto inclusive sendo perdoado por Lutero que assegura em suas teses:
"91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido."
Sobre a desonestidade das editoras evangélicas, alerta o insuspeito presbiteriano Prof. Juan Pablo, mestrado em História pela UFES:
“Bem, a respeito do estudo sobre o cristianismo antigo, a primeira coisa que devemos aceitar, é que os protestantes de modo geral, em especial os brasileiros, conhecem muito pouca coisa de História cristã. Infelizmente, a grande maioria dos livros de história do cristianismo publicados por editoras evangélicas aqui no Brasil não são fontes confiáveis para o estudo da história cristã antiga e medieval, e isso por dois motivos:
1 - são escritos por teólogos com péssima formação histórica;
2 - seu objetivo real não é realmente informar o leitor, e sim combater o catolicismo, para dar a falsa impressão de que tudo o que a ICAR alega seria mentira e portanto fazer apologética da teologia protestante. Ou seja: pecam por desonestidade intelectual. Faz-se necessário estudar a história do cristianismo a partir da historiografia acadêmica.” (Depoimento do Prof. Juan Pablo constante em: http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=511275&tid=5556312832534205906&na=3&nst=43&nid=511275-5556312832534205906-5556569177379161061 )
Eis a mais pura verdade, e alerto a sociedade em geral, que desde a ditadura militar, durante a passagem do protestante Ernesto Geisel pelo governo brasileiro, as mentiras estratégicas protestantes vêm sendo sorrateiramente publicadas como “verdades históricas” nos livros didáticos escolares, com mero propósito de promover o protestantismo de forma desonesta e criminosa nas salas de aulas.
Muitas queixas temos recebido de alunos em todo o país, que já percebem essa maquinação em curso, maquinação esta que acaba por gerar "bacharéis" como os autores deste "Manual do professor". Conclamamos aos pais a folhearem os livros de história de seus filhos e ao detectarem tal conduta, denunciem a editora ao Ministério Público Federal e os professores prosélitos ao NRE - Núcleo Regional da Educação local, muito fácil hoje é gravar o que se está ensinando em sala de aula.
Vergonhosa é a atitude dos autores Ricardo Dreguer e Eliete Toledo. Se eles omitem o desfecho da "reforma luterana", o Melanchton, parceiro de Lutero foi mais honesto ao dizer:
“Nem toda a água do rio Elba daria lágrimas bastante para chorar a desgraça da Reforma.” (citação de Melanchton, amigo de Lutero - Lúcio Navarro, Legítima Interpretação da Bíblia).
Cai a farsa.
Fonte: Cai a Farsa
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