sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Santa Teresinha e o centro da fé cristã

Santa Teresinha e o centro da fé cristã

Entramos em outubro, mês das missões, recordando Santa Teresinha, padroeira dos missionários. Há alguns anos, a pequena e jovem grande santa, tão querida do povo, foi proclamada “Doutora da Igreja” pelo papa João Paulo II. Doutores da Igreja são grandes intérpretes e expositores da fé cristã e são reconhecidos assim porque deram uma contribuição extraordinária à compreensão e à exposição do “Mistério” de nossa fé.

Qual foi a contribuição desta Santinha, que entrou no Carmelo com apenas 15 anos de idade, após uma licença especial arrebatada pessoalmente do coração do Papa, olho no olho do Pontífice estupefato... Qual é o ensinamento, para toda a Igreja, dessa jovem carmelita, falecida aos 24 anos de idade, sem ter escrito mais que cartas, poesias e sua história auto-biográfica?

O caminho para a santidade, vivido por S.Teresinha, passou a ser chamado “a pequena via”, ou “o caminho da infância espiritual”. Ela viveu um constante relacionamento filial e familiar com Deus, como criança que se sente profundamente querida e amada pelo pai. E, a partir dessa atitude, ela compreendia e vivia a mística correspondente, através da oração constante, da resposta de amor traduzida como obediência a Deus, da preocupação missionária para que também os outros compreendessem o amor misericordioso de Deus. Ela ardia de zelo missionário e mantinha contato, por cartas, com muitos missionários em várias partes do mundo.

Também dessa interpretação genuína da vida cristã, como relação filial e familiar com Deus, S.Teresinha compreendia e interpretava a fé, professada pela Igreja, bem como a vida moral daí decorrente enquanto prática vivida do amor a Deus, que leva a evitar tudo o que ofende a Deus e ao próximo, ou que não convém à dignidade dos filhos de Deus, e a praticar toda virtude que enobrece o agir cristão e também manifesta aos outros o amor de Deus.

Não seria isso sonho e fantasia de uma adolescente, ainda não provada pelos rigores da vida real? Quem lê a história auto-biográfica da Santa verá que não é assim; embora muito jovem, ela foi muito provada. O certo é que ela compreendeu bem e traduziu na própria vida o ensinamento central da fé cristã: Deus nos ama muito, como uma pai ama seus filhos. Desta afirmação está repleta a Sagrada Escritura. A própria vinda de Filho de Deus a este mundo, fazendo-se solidário conosco, e que é o fato central da revelação bíblica, testemunha isso mesmo: “Deus tanto amou este mundo, que lhe entregou seu próprio Filho” (cf Jo 3,16). E Jesus nos ensinou a chamar Deus de “nosso Pai” (cf Mt 6,9)

O Cristianismo, antes e mais que a afirmação de uma doutrina ou de uma via moral, é a afirmação de uma realidade e de um grande fato: Deus vem ao encontro do homem e o “salva”, ou seja, tira-o de sua indigência, da sua angústia, do seu limite natural e o eleva a uma condição sobrenatural. Tudo decorre daí. Deus nos chama para o encontro familiar com Ele, no qual o homem não é diminuído ou anulado, mas recebe uma plenitude que ele próprio nunca poderia alcançar por si mesmo. A salvação anunciada pela fé da Igreja, coerente com o Evangelho, não nos fala apenas da comunicação de “bens de Deus” a nós, mas da participação na “casa do Pai”, ou seja, da vida com Deus. É assim que nós cremos; é isso que a Igreja anuncia.

No Batismo, pela adesão de fé a Deus, por Jesus Cristo, no dom do Espírito Santo, recebemos a participação na vida sobrenatural – vida divina - já neste mundo; e somos chamados a viver uma relação familiar com Deus já neste mundo. Esta é a realidade mais bonita e esperançosa da nossa fé, decorrente do Evangelho. Não é fantasia, mas é o cerne do Evangelho, anunciado e testemunhado pelos Apóstolos, os santos, os mártires, os verdadeiros pastores e doutores da fé, ao longo dos séculos. S.Teresinha o fez de maneira simples e extraordinária! E nós, como discípulos de Cristo, somos convidados a viver esta “vida nova” e a transmitir, como missionários, esse “belo anúncio” aos outros. Todos precisam saber disso! Não podemos guardar isso só para nós!

Fonte: Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo - SP

Fonte: Reflexões na Web

Pode um cristão ser empresário?

Pode um cristão ser empresário?

É conhecida a determinação das comunidades católicas do século III, em não aceitar como cristãos, os comerciantes. É que naquela época não havia leis claras sobre medidas e pesos – o metro, o braço, o palmo, o pé, variavam de acordo com a vontade do comerciante - e não havia legislação suficiente por parte do poder público para coibir os abusos que se cometiam. (Hoje temos até o Código de Defesa do Consumidor). Depois a praxe mudou, por causa das parábolas de Cristo, que colocavam a atividade econômica como uma ação não pecaminosa. E as ameaças de Jesus contra os ricos devem ser entendidas, referindo-se a roubos, juros extorsivos, lucros exorbitantes, e não ao simples procedimento financeiro. Na sociedade precisamos de todas as categorias profissionais: do guarda noturno, do lavrador, da empregada doméstica, do engenheiro, e também do empresário. Este organiza a produção, responde às necessidades da sociedade, e abre possibilidades de empregos. Nunca se pode afirmar que um soldado raso é menos feliz do que um produtor de máquinas agrícolas. Mas também precisamos de líderes empresariais. Sem eles a sociedade estagna, as famílias empobrecem, a nação começa a comprar de países mais empreendedores.

Vamos tirar da cabeça a idéia de que um cristão perfeito é aquele que reza, faz retiros, mas não deve “sujar” as mãos nas atividades mundanas da economia. Também vamos compreender para sempre de que o convite de Jesus “para vender tudo e dar aos pobres” ( Lc 12, 33) se refere a um pequeno grupo que busca desenvolver-se , sem preocupações de dinheiro, como ele próprio fez. Mas Jesus não se refere à maioria da humanidade, que tem família para sustentar, precisa casa condigna para viver, precisa dar educação aos filhos. Tratar com dinheiro, com bancos, com cartões de crédito, é quase um imperativo. E mesmo, querer melhorar de vida não é atitude que briga com o ser cristão. Vai contra a mentalidade de Jesus enriquecer com dolo, enganar o semelhante, ou não querer trabalhar, e exigir tudo dos outros. “Saibam que a fadiga de vocês não é inútil no Senhor” (1 Cor 15, 58). Respeitada a justiça e o direito, devemos trabalhar com afinco.

Fonte:Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo de Uberaba - MG

Fonte: Reflexões na Web

O banquete de Deus

O banquete de Deus

A vida é dom de Deus, colocada no mundo numa dimensão de banquete. Mas sabemos que nem tudo é festa, alegria e felicidade. A festa existe quando bem organizada e formada pelos convidados que aceitam livremente participar e se preparam para isto.

A vinda de Jesus Cristo ao mundo foi como uma festa de casamento. Aconteceu o encontro dele com a humanidade, criando enlace matrimonial. Uma festa que continua na história. Participar dela supõe superação de tudo que destrói o que a constitui.

A fraternidade é o banquete da vida, que significa destruir os caminhos de sofrimento, de isolamento e de morte. É fruto de confiança e de entrega ao bem. É a certeza no Deus da vida, caminhando sob a proteção do bastão e do cajado do pastor divino.

No banquete de Deus, o verdadeiro pastor não deixa as ovelhas no curral, na enganação e na falta de liberdade. Ali ninguém se vende e nem desvia o que é bem para todos. É o banquete da solidariedade, das convicções, da partilha e da soma de valores.

Participar da festa do Senhor é comprometer-se com a justiça do Reino. É não concordar com as tramóias realizadas pelas falsas lideranças na sociedade. Este fato causa indignação e revolta na comunidade.

Muitas atitudes nos excluem do banquete de Deus. Há os que não aceitam o convite porque sua participação exige atitudes de justiça. Ali não é local de privilégios e de lucros pessoais. É o banquete da construção da sociedade justa e fraterna.

Na verdade, todas as pessoas são convidadas para construir o bem e para a alegria da festa. Devem abrir as portas do coração e atender a voz de Deus, superando os interesses próprios e egoístas. É não ter medo de vestir o traje da justiça.

O banquete de Deus é espaço de liberdade e vida para todas as pessoas, onde há gratuidade e solidariedade com os mais necessitados e empobrecidos. Somos chamados aí para uma atuação política de liberdade, sem falsas promessas.

Fonte: Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto - SP

Fonte: Reflexões na Web

O pecado da impureza (luxúria)

O pecado da impureza (luxúria)

Fornicação é sexo fora do casamento

A gravidade do pecado da impureza, também chamado de luxúria, é que “mancha um membro de Cristo”. “Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um de sua parte, é um dos seus membros” (1Cor 12,27).
"Assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um dos outros" (Rom 12,5).

Deus quis salvar a humanidade em corpo, formando o Corpo de Cristo, de modo a “restaurar todas as coisas em Cristo” (Ef 1,10).

Quando eu cometo um pecado de impureza, não sujo apenas a mim mesmo, mas também o Corpo de Cristo, do qual sou membro. É neste sentido que São Paulo alertava os fiéis de Corinto sobre a gravidade desse pecado: “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo?” (1Cor 6,15). Note que o apóstolo enfatiza os “corpos”, isto é, a realidade do corpo místico de Cristo não é apenas espiritual, mas também corporal. Sem os nossos corpos não haveria a impureza.

"Tomarei, então, os membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta? Ou não sabeis que o que se ajunta a uma prostituta se torna um só corpo com ela?" (1Cor 6,16). Está escrito: "Os dois serão uma só carne" (Gen 2,24).

Vemos que para o apóstolo entregar-se à prostituição é o mesmo que prostituir o corpo de Cristo. Esta é uma realidade religiosa da qual ainda não tomamos ciência plena, ou seja, toda vez que eu peco o meu pecado atinge todo o corpo de Cristo. Esta é uma das razões pela qual nos confessamos com o ministro da Igreja, para nos reconciliarmos com ela [Igreja], que foi manchada pela nossa falta.
O que levava São Paulo a pedir aos coríntios entre os quais havia este problema: "Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo" (1Cor 6,18).

Fornicação é sexo fora do casamento para não casados.

É preciso entender que nós não apenas “temos” um corpo, mas “somos” um corpo. Nossa identidade está ligada ao nosso corpo; ela é fixada pela nossa foto, impressão digital ou código genético (DNA). Portanto, o pecado da impureza agrava-se à medida que, mais do que nos outros casos, envolve toda a nossa pessoa, corpo e alma. E o apóstolo nos mostra que o Espírito Santo não habita apenas a nossa alma, mas também o nosso corpo; daí a gravidade da sua profanação.

“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em vós, o qual recebestes de Deus, e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço” (1Cor 6,19).

Como disse São Pedro: "não fomos resgatados a preço de bens perecíveis, prata e ouro, mas 'pelo precioso sangue de Cristo'" (1Pe 1,18), para pertencermos a Deus, no corpo de Cristo.
É importante notar que São Paulo ensina que devemos dar glória a Deus com o nosso corpo. Ele diz: “O corpo, porém, não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o Corpo: Deus que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder”. (1Cor 6,13).

“Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (1Cor 6,20).

Nosso corpo está destinado a ressuscitar no último dia, glorioso como o corpo de Cristo ressuscitado. São Paulo diz aos filipenses sobre isto:
“Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso...” (Fil 3,20)
Nosso corpo glorificado dará glória a Deus para sempre, assim como os corpos de Jesus e Maria já estão no céu.
Isto explica a importância do nosso corpo, que levava Paulo a dizer aos coríntios: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, porque o Seu templo é sagrado - e isto sois vós” (1Cor 3,16-17).

Quantas pessoas destruíram a si mesmas, porque destruíram os seus próprios corpos! O desrespeito ao corpo, seja pela impureza, pelos vícios ou imprudências compromete a integridade e a dignidade da pessoa toda que é templo de Deus.
Jesus foi intransigente com o pecado da impureza. No Sermão da Montanha, marco dos seus ensinamentos, Ele disse: “Todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração” (Mt 5,27-28). Jesus quer assim destruir a impureza na sua raiz, isto é, no coração dos nossos pensamentos. “Porque é do coração que provém os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias” (Mt 15,19).

Para viver a pureza há, então, que estarmos em alerta o tempo todo, como recomendou o Senhor: “vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26,41).

Todos nós já pudemos comprovar como é fraca a nossa carne, a nossa natureza humana, enfraquecida pelo pecado original. Portanto, não nos resta outra alternativa para prevenir a queda, senão, vigiar e orar.
Nunca, como em nossos dias, foi tão grande o pecado de impureza. De forma acintosa, ele aparece nas músicas, nas TVs, nas revistas, jornais, filmes, cinemas, teatros etc. Estamos sendo invadidos por um verdadeiro mar de lama que traz a imoralidade para dentro dos nossos lares, sem respeitar nem mesmo crianças e velhos.
A exploração comercial do sexo atingiu níveis assustadores, colocando o ser humano, especialmente a mulher, no mais baixo nível de dignidade.
Será que Deus pode ficar indiferente a uma situação desta? Será que a própria natureza humana pode deixar de reagir contra tanta bestialidade que hoje se pratica sob as câmeras de TVs? É difícil dizer não.

O ato sexual é a “liturgia” do amor conjugal, sua maior manifestação. No ápice da sua celebração, o filho é gerado como a verdadeira encarnação do amor dos pais; e por isso, a Igreja não aceita que o filho seja gerado sem a participação dos próprios pais, num ato sexual. Sem amor e compromisso, o sexo torna-se vazio, perigoso e banal. São Paulo ensinava aos coríntios: “A mulher não pode dispor do seu corpo: ele pertence ao seu marido. E também o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa” (1Cor 7,4).

Note que o apóstolo fala em “mulher e marido”, não em namorados, noivos ou amigados. O Catecismo diz que: “Os noivos são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação, eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus”. (§ 2350).

A união dos corpos só tem sentido quando existe a união prévia dos corações e das almas, de maneira sólida e permanente, como se dá no casamento. O Catecismo da Igreja nos ensina que a vida sexual é legítima e adequada aos esposos: “Os atos com os quais os cônjuges se unem, íntima e castamente, são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido” (CIC,2362; GS,49).

São terríveis as consequências da vida sexual antes ou fora do casamento: adolescentes grávidas, sem o mínimo preparo para serem mães; pais solteiros, filhos abandonados e “órfãos de pais vivos”, abortos, adultérios, destruição familiar, doenças venéreas, AIDS etc.
O sexo é belo, mas fora do plano de Deus é um desastre, explode como uma bomba atômica.

Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Fonte: Canção Nova

A mãe das crianças do Brasil

A mãe das crianças do Brasil

Maria, exemplo de mãe para os cristãos

No dia 12 de outubro, celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida, a mãe do povo brasileiro. E como todas as mães, Nossa Senhora tem carinho especial com seus filhos menores e mais frágeis, que são as crianças. É por isso que a coincidência de datas (Dia de Nossa Senhora Aparecida e Dia das Crianças) nos leva a dizer que a Virgem Aparecida é a mãe das crianças do Brasil.

Costuma-se dizer que um país que não cuida de suas crianças e de seus adolescentes está fadado a ter um futuro nada promissor. O mesmo podemos dizer das comunidades cristãs que não zelam por seus pequenos e adolescentes. Elas estão fadadas a desaparecer num futuro não muito distante.

Cuidar das crianças e dos jovens como comunidade cristã pode significar a necessidade de criar ambientes próprios para eles nas celebrações. Pode significar a organização da Pastoral da Criança e da Pastoral do Menor. Pode significar também a dinamização da Pastoral dos Coroinhas, a qualificação da catequese e a dinamização das celebrações. Cuidar dos menores implica no desenvolvimento de ações com as mães gestantes e com os jovens que se preparam para o casamento.

O exemplo de mãe para os cristãos é Maria, a mãe de Jesus. Entre os inúmeros títulos com os quais ela é invocada, o povo brasileiro a venera como Nossa Senhora Aparecida.

A origem da devoção vem do ano de 1717, quando dois pescadores tiraram a imagem enegrecida das águas do rio Paraíba. No encerramento do Congresso Mariano de 1929, de posse da imagem tirada do rio, Nossa Senhora foi proclamada Rainha do Brasil com o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Em 1931, na presença do presidente Getúlio Vargas, ela foi aclamada como “Rainha e Padroeira do Brasil”. No ano de 1980, pela Lei nº 6.802, foi decretado feriado nacional no dia 12 de outubro. No mesmo ato, Nossa Senhora Aparecida foi reconhecida oficialmente como padroeira dos católicos do Brasil.

Que a Mãe Aparecida olhe com carinho para o povo brasileiro. Que ela inspire os governantes a promoverem a paz e a justiça social. Ajude os pais a educarem seus filhos nos valores do Evangelho. Ilumine a Igreja a promover ações de solidariedade e a se transformar em “casa e lugar de comunhão”. E que, acima de tudo, a Mãe de Aparecida ampare as crianças do Brasil, para que elas possam “crescer em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens”, a exemplo do Seu Filho, Jesus de Nazaré.

Dom Canísio Klaus
Bispo Diocesano de Santa Cruz do Sul

Fonte: Canção Nova

As bem-aventuranças

As bem-aventuranças

Felizes são aqueles que se deixam transformar

No início do Evangelho (Mateus 5,1-12a), Jesus fala com as multidões. Que todos nós nos aproximemos hoje da Palavra de Jesus que nos revela Deus como fonte, razão de toda a felicidade. As bem-aventuranças são a beleza da presença Divina que alcança o homem e o quer feliz.

A primeira bem-aventurança se volta aos pobres em espírito. “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Ela é para os humildes, para os pequenos. São felizes aqueles que se apresentam diante de Deus com as mãos vazias, porque renunciaram as atitudes orgulhosas.
Devemos olhar cada bem-aventurança e perceber que é um apelo a todo aquele que quer seguir Jesus. Não há lugar no Reino dos Céus para quem não for pobre em espírito.

A segunda bem-aventurança fala aos aflitos. “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”. É a bem-aventurança daqueles que vivem a aflição. O humilde que passa pela aflição em Deus confia. Somente o humilde passa pela aflição confiando e se deixa consolar pelo Senhor.

A terceira bem-aventurança fala da mansidão. “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra”. O homem e a mulher, governados por essa mansidão, são aqueles que constroem as coisas desarmados, sem a autodefesa. É alguém que não tem o próprio ego como centro. Somente aquele que é manso, se deixa conduzir por Deus que vai conduzindo-o no Seu querer. A mansidão é segredo da santidade.

A quarta bem-aventurança: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”. Essa bem-aventurança é para aquele que está sempre com sede da santidade, porque quer ver Deus. Está engajado na vontade divina a todo momento e se angustia se fica longe da vontade do Pai. Somente o sedento da vontade de Deus será saciado no Reino dos Céus. Há essa fome, essa sede em você? O Reino dos Céus é para os sedentos e famintos da vontade do Senhor.

Quinta bem-aventurança: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. As bem-aventuranças partem da humildade, porque chegam na misericórdia. São aqueles que concretamente liberam em seus corações o perdão que reconcilia; não vivem tomados de divisões interiores, porque, em seus corações, reina a misericórdia do Pai. O que reina em seu coração? Se não reinar a misericórdia, você não será feliz.

A sexta bem-aventurança fala aos puros de coração: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” Os que trazem essa pureza são declarados bem-aventurados por Jesus. Com que você tem alimentado seu coração? Você tem buscado aquilo que é puro e verdadeiro? Caso contrário, seu coração se tornará impuro. No Reino de Deus há lugar somente para os corações puros.

Sétima bem-aventurança: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”. Jesus se congratula com os que semeiam a paz, com os que promovem a reconciliação. O shalom do Pai se revela na face, na palavra e nos gestos dessas pessoas. Você faz bem para os outros? As pessoas têm alegria em conviver com você?

A oitava bem-aventurança é para os perseguidos: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus”. São felizes os que são perseguidos por causa da justiça. Não é uma perseguição por qualquer coisa, mas por causa da fidelidade ao querer de Deus. As demais bem-aventuranças precisam reinar em nosso coração para que, na perseguição, nós tenhamos força.

Na nona bem-aventurança, Jesus se dirige aos discípulos: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.

Essa última bem-aventurança é do discípulo que, de fato, segue o seu Senhor; e não de quem segue a si mesmo. Jesus fala do discípulo que segue a Deus por aquilo que Ele é, não simplesmente por causa da recompensa. É a bem-aventurança do discípulo que sofre pela verdade. Aqui Jesus é a causa da perseguição e também a fonte da salvação. Se você sofre por ser cristão, não fique envergonhado.

Nós precisamos e desejamos a manifestação de Jesus. Essa é nossa esperança e ela está no fato de que somos cidadãos dos Céus. Somos vocacionados para a eternidade. A felicidade não está nesse mundo, mas ainda tem muita gente buscando a plenitude naquilo que é passageiro.
O homem é aquilo que ama e admira. Somente uma vivência de fé coerente suportará a tribulação. De outra forma, ninguém a suportará, pois é violenta demais para aqueles que não viveram seu batismo.

Cuidado com aquilo que você tem amado, porque, senão, você não será esse bem-aventurado do Evangelho.

Padre Eliano
Fraternindade Jesus Salvador

Fonte: Canção Nova

Deus é o senhor da historia humana

Deus é o senhor da historia humana

Nem sempre entendemos os caminhos que nos libertam e salvam

O ser humano tem seu verdadeiro significado quando vive o processo de liberdade, condição necessária para atingir a salvação proposta por Deus. Esta liberdade, que deve ser própria e íntima de cada pessoa, pode acontecer até numa situação de escravidão.
A liberdade interior existe também sem a presença da fé em Deus para quem não tem formação nesta área. O Senhor pode usar de pessoas, até no contexto político, para realizar a salvação do ser humano. Nem sempre entendemos os caminhos que libertam e salvam.

Deus é o Senhor da história em todos os tempos e a conduz de formas diversas. Isto Ele faz até usando maneiras diferentes do nosso modo de agir. A marca principal é a honestidade, nos termos do “dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”, vendo aí autoridade religiosa e política.
Temos que reconhecer a autenticidade da autoridade verdadeiramente constituída, mas não podemos nos conformar com atos de injustiça praticados por elas nas comunidades. Sua ação não pode estar acima do poder de Deus e tomando o seu lugar. Sendo assim, seus atos tornam-se desumanos.

Toda autoridade legítima, que age para o bem comum, passa a ser representante de Deus. Ela não pode se proclamar divina, agindo acima dos princípios de Deus com injustiça e desonestidade. Não pode ser uma autoridade de idolatria do poder temporal, que se acha dona da vida e da realização das pessoas.
Nenhuma autoridade constituída na história dos povos é eterna e absoluta a ponto de impedir a realização do plano de Deus. Podemos sim escolher colaborar ou não com esse plano. É uma questão de livre arbítrio, isto é, de ação feita por uma autoridade ou por uma pessoa simples do povo.

Todo pessoa humana foi criada para ser comprometida com a construção do humano, ou de condições necessárias para que todos vivam bem. Mas precisa entender que, por traz de tudo, existe a mão de Deus construindo os eventos históricos.
Assim não podemos confundir autoridade humana com autoridade divina.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto

Fonte: Canção Nova

A mãe do nosso Senhor

A mãe do nosso Senhor

“O Espírito do Senhor descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado filho do Altíssimo.” Maria respondeu: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra!”(Lc 1, 35.38)


Aquela menina que dizia sim ao chamado de seu Senhor, entrava para sempre na história da salvação da humanidade. Seu corpo receberia o mistério da vida, a primeira manjedoura do Menino. Durante nove meses, mãe e filho intimamente unidos. E Maria ouvia os segredos do corpo que se transformava, ouvia José que a recebia, ouvia Isabel que precisava também contar sua boa nova.


Ao dar à luz, Maria envolve em faixas sua Criança e a coloca em uma manjedoura. A primeira cama do Pão da Vida é justamente o lugar do alimento da criação. Em seus primeiros momentos de vida, Jesus já anuncia a que veio: o alimento que sacia, a Eucaristia celebrada. E o evangelista nos conta que Maria tudo ouvia, tudo guardava e tudo meditava em seu coração.


O exemplo que Maria deixa para todas as mães é o exemplo do que ouve; do que é capaz de silenciar para ouvir o que Deus lhe pede. Somos capazes desse silêncio? Somos capazes de nos colocar em contato com o mais íntimo de nós e, lá, ouvir a voz de Deus?


A capacidade de ouvir é a base para a capacidade contemplativa, daquele que consegue ver em tudo e em todos a presença de Deus. Ouvir, nos capacita para reconhecer a voz do que fala, voz que muitas vezes não sai pela boca, mas pelo olhar, pelas mãos estendidas, pelo cheiro... Ouvir remete à intimidade, à condescendência. Ouvir é a atitude do que se dá ao outro e que lhe afirma a importância.


Aprendamos com Maria a ouvir os sinais da humanidade que clama para que a maternidade seja realmente um dom de Deus para a mulher, cada dia seja renovada a esperança, cada dia seja recebido o alimento. Que meditemos em nossos corações os acontecimentos de nossas vidas, de nosso mundo, de nosso país e possamos descobrir Deus que se faz novo todos os dias e que caminhou conosco, reafirmando Sua promessa à Virgem de Nazaré: “O Espírito do Senhor descerá sobre ti!” (Lc 1, 35)

Fonte: Amai-vos e Portal Católico

Discurso de Bento XVI aos prefeitos da Itália - 14/10/2011

Discurso
Aos prefeitos da Itália
Sala Clementina
Sexta-feira, 14 de outubro de 2011


Ilustres prefeitos,

estou contente por encontrar-me convosco, particularmente neste ano em que – como foi recordado – recorrem os 150 anos da unidade da Itália, e a todos dirijo a minha saudação deferente e cordial, bem consciente da importância da função das prefeituras na articulação do Estado Italiano. Dirijo uma cordial saudação ao Senhor Ministro do Interior, Roberto Maroni, agradecendo-o pelas corteses expressões que quis dirigir-me, interpretando os sentimentos comuns. Vós sois provenientes das Províncias de toda a Península, onde são inumeráveis os testemunhos da presença do Cristianismo, que, ao longo dos séculos, fecundou a cultura italiana, suscitando uma civilização rica de valores universais. Por todas as partes, de fato, podem-se observar as marcas que a fé cristã imprimiu no costume do povo italiano, dando vida a nobres e enraizadas tradições religiosas e culturais e a um patrimônio artístico único ao mundo.

Portadora de uma mensagem de salvação válida para o homem de todos os tempos, a Igreja católica é bem enraizada e operante, de modo capilar, no território italiano. É uma realidade viva e vivificante, como o fermento de que fala o Evangelho (cf. Mt 13,33); uma presença significativa, caracterizada pela proximidade às pessoas, por acolher as necessidades profundas na lógica da disponibilidade ao serviço. Muitas são as exigências e as expectativas às quais devem corresponder o anúncio do Evangelho e as iniciativas da solidariedade fraterna. Quanto mais urgem as necessidades, tanto mais a presença da Igreja se esforça por ser solícita e rica de frutos. Respeitosa das legítimas autonomias e competências, a Comunidade eclesial considera seu preciso mandato destinar-se ao homem em cada contexto: na vida cultural, do trabalho, dos serviços, do tempo livre. Consciente de que "todos dependem de todos", como escrevia o Beato João Paulo II (Sollicitudo rei socialis, 38), a Igreja deseja construir, juntamente com os outros sujeitos institucionais e as várias realidades territoriais, uma sadia plataforma de virtudes morais sobre as quais edificar uma convivência à medida do homem. Nessa sua missão, a Igreja sabe que pode contar com a colaboração efetiva e cordial dos Prefeitos, que desempenham funções de impulso e coesão social e de garantia dos direitos civis, constituindo um importante ponto de referência para os vários componentes territoriais. A esse respeito, ao salientar com vivo apreço as relações de estreita proximidade e de profícua cooperação que as Prefeituras possuem com as Dioceses e as paróquias, desejo encorajar cada um a prosseguir no caminho desta mútua compreensão no interesse dos cidadãos e do bem comum.

Ilustres Prefeitos, sei que vos esforçais por cumprir o vosso alto e qualificado serviço à Nação com sincera dedicação às Instituições, ao mesmo tempo, com atenção às exigências dos entes locais e às diversas problemáticas comerciais, familiares e pessoais. De fato, a figura do Prefeito é sempre mais percebida na opinião pública como ponto de referência territorial para a solução dos problemas sociais e como instância de mediação e de garantia dos serviços públicos essenciais. Na vossa responsabilidade, a nível provincial, com respeito à ordem e segurança pública, vós sois referências unitárias e principais promotores e garantias do critério de leal colaboração em um sistema pluralista. A esse respeito, não esqueçais que "a administração pública, em qualquer nível, como instrumento do Estado, tem por finalidade servir os cidadãos…. O papel de quem trabalha na administração pública não se deve conceber como algo de impessoal e de burocrático, mas como uma ajuda pressurosa para os cidadãos, desempenhado com espírito de serviço” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 412).

O vosso delicado papel institucional constitui, além disso, quase como uma proteção para as categorias mais débeis, e é ainda mais complexo e agravante nas presentes circunstâncias de incerteza social e econômica. Não desencorajai-vos frente as dificuldades e as incompreensões, mas estejais sempre prontos a tratar as questões a vós confiadas com grande senso de dever e com prudência, não abrindo mão do obséquio pela verdade e da coragem na defesa dos bens supremos. A tal propósito, é-me espontâneo ir com o pensamento à luminosa figura de Santo Ambrósio, vosso celeste patrono, que improvisamente – como sabeis – foi chamado ao Episcopado, devendo abandonar uma brilhante carreira de alto funcionário público; e não era ainda batizado! Esse santo Bispo admirava e amava o Império romano, ao qual tinha servido leal e generosamente até os 35 anos de idade, antes de ser escolhido como Pastor da Igreja Ambrosiana. Tal consideração pela legítima autoridade, cultivada desde a juventude, foi revigorada pela graça do Batismo, ao ponto de amar apaixonadamente a Igreja não somente pela riqueza espiritual de verdade e de vida, mas também na concretude dos seus Organismos e dos homens que a compõe, sobretudo os pobres e os últimos. Ele soube, em certo sentido, transferir para o exercício do ministério pastoral os traços substanciais daquele habitus, que o distinguiu e o levou a ser admirado por muitos enquanto honesto funcionário civil. Por outro lado, tornado Bispo, soube indicar aos responsáveis das Instituições civis aqueles valores cristãos que dão novo vigor e um novo esplendor ao trabalho das pessoas envolvidas nos assuntos públicos.

Santo Ambrósio, no seu comentário ao Evangelho de São Lucas, afirma: "a instituição do poder civil deriva tanto do bem de Deus que aquele que o exerce é ele mesmo ministro de Deus" (In Lc. 4,29). Daqui o porquê de a função civil ser tão eminente e insigne a ponto de se revestir de um caráter quase "sacro"; portanto, requer ser exercida com grande dignidade e com um vivo sentido de responsabilidade. Esse santo Bispo e Doutor da Igreja, animado pelo grande amor e respeito tanto pelas Instituições estatais quanto pelas eclesiais, constitui um extraordinário exemplo de retidão, especialmente a sua lealdade à lei e a firmeza contra as injustiças e as opressões, bem como pela sua parresía, com a qual exortava também os poderosos, e a todos ensinava os princípios da autêntica liberdade e do serviço. Escrevia: "o Apóstolo [Paulo] ensinou-me aquilo que vai além da própria liberdade, que, isto é, é liberdade também o servir. 'Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, eu me fiz servo de todos' [1Cor 9,19]… Para o sábio, portanto, também o servir é liberdade" (Ep. 7,23-24).

Também vós, enquanto representantes do Estado, no exercício das vossas responsabilidades, sois chamados a unir autoridade e profissionalismo, sobretudo nos momentos de tensão e de contrastes. O testemunho de Santo Ambrósio vos seja de estímulo e encorajamento, a fim de que o vosso trabalho possa estar, a cada dia, a serviço da justiça, da paz, da liberdade e do bem comum.

Deus não deixará de apoiar os vossos esforços, enriquecendo-os de frutos abundantes, para uma sempre mais ampla e capilar difusão da civilização do amor. Com esses desejos, e confirmando-os, invoco sobre todos as bênçãos do Onipotente. Obrigado.

Fonte: Canção Nova

Tem início processo de beatificação da irmã Benigna

Tem início processo de beatificação da irmã Benigna

O Arcebispo de Belo Horizonte (MG), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, preside a celebração de abertura do processo de beatificação da irmã Benigna Victima de Jesus, da Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, neste sábado, dia 15, às 9h30, na Paróquia Santa Teresa e Santa Teresinha, em Belo Horizonte. Participam da celebração, a Superiora Geral da Congregação, Madre Neuza Cota da Silva, o Postulador da Causa dos Santos enviado pelo Vaticano, Dr. Paolo Vilotta e a Presidente da Associação dos Amigos de Irmã Benigna, Maria do Carmo de Souza.

Por meio de edital amplamente divulgado e fixado nas 265 paróquias da arquidiocese e na Cúria Metropolitana, Dom Walmor anunciou o início da investigação diocesana sobre a vida, virtude e fama de santidade de irmã Benigna. O arcebispo convida os fiéis a comunicar à Cúria Metropolitana todas as notícias das quais se possam obter elementos favoráveis ou contrários a esta causa. Documentos e escritos também serão recolhidos e analisados de acordo com as normas da Congregação das Causas dos Santos. (SP)

Fonte: Rádio Vaticano e Portal Católico