sábado, 15 de outubro de 2011

Saboreie e veja(e ouça e toque)o Evangelho

Saboreie e veja(e ouça e toque)o Evangelho


Por Scott Han

Para entender as partes da Missa

Algumas pessoas de coração romântico gostam de pensar que o culto primitivo era puramente expontâneo e improvisado. Gostam de imaginar os primeiros fiéis tão cheios de entusiasmo que o louvor e a ação de graças simplesmente transbordavam em profunda oração quando a Igreja se reunia para partir o pão .Afinal de contas, quem precisa de Missal a fim de exclamar "eu te amo"?

Outrora Scott acreditava nisso. Entretanto, o estudo das Escrituras e da Tradição o levaram a ver o bom senso da ordem no culto.

Enquanto Scott ainda era protestante, aos poucos foi sendo atraído à liturgia e procurou"formar uma liturgia a partir das palavras das Escrituras". Scott não sabia que isso já tinha sido feito. Já com São Paulo, vemos a preocupação da Igreja com a exatidão ritual e o cerimonial litúrgico. Scott crê haver boa razão para isso.

Scott pede para que algum romântico tenha paciência enquanto ele diz que "ordem e rotina" não são necessariamente más. De fato, são indispensáveis para uma vida boa, piedosa e serena. Sem horários e rotinas, pouco realizaríamos em nosso dia de trabalho. Sem frases pré determinadas, o que seriam nossos relacionamentos humanos?

Scott diz que nunca encontrou pais que se cansassem de ouvir os filhos repetirem antiga expressão:"Obrigado". Nunca encontrou esposos que se enjoassem de ouvir:"Eu te amo". A fidelidade a nossas rotinas é um meio de demonstrar amor. Não trabalhamos por trabalhar, ou agradecemos ou damos afeto quando estamos inclinados a fazê-lo por fazê-lo. Amores verdadeiros são amores que vivemos com constância se revela na rotina.

A Liturgia forma hábitos

As rotinas não são apenas boa teoria, funcionam na prática. A ordem deixa a vida mais tranquila, mais eficiente e mais eficaz. De fato quanto mais rotinas criamos, mais eficientes nos tornamos. As rotinas nos libertam da necessidade de cogitar a todo momento em pequenos detalhes; as rotinas deixam os bons hábitos tomar conta e libertam a mente e o coração a seguirem para frente e para o alto.

Os ritos da liturgia cristã são as frases pré determinadas que, através do tempo, se manifestaram: o obrigado dos filhos de Deus; o eu te amo da esposa de Cristo, a Igreja. A liturgia é o hábito que nos faz altamente eficientes, não apenas na "vida espiritual", mas na vida em geral, pois a vida deve ser vivida em um mundo que Deus criou e redimiu. A liturgia cativa a pessoa toda: corpo, alma e espírito.

Scott lembra a primeira vez que participou de uma liturgia católica, as Vésperas em um seminário bizantino. Sua formação e seu treinamento calvinistas não o prepararam para a experiência - o incenso e os ícones, as prostrações e as reverências, o canto e os sinos. Todos os seus sentidos foram absorvidos. Depois um seminarista pergunta a Scott: "O que achou?" Scott só consegue dizer:"Agora sei porque Deus me deu um corpo: Para adorar o Senhor com seu povo na liturgia".

Os católicos não apenas ouvem o Evangelho. Na liturgia, nós a ouvimos, vemos, cheiramos e saboreamos.

A divisão de um bom momento

Talvez a frase em que ouvimos mais claramente o chamado à Missa seja a que ressoa na maior parte das liturgias do mundo todo, em toda a história da Igreja:" Corações ao alto!" Aonde vão nossos corações? para o céu, pois a Missa é o céu na terra. Contudo antes de perceber isso claramente (e eis um segredo:antes de entendermos o livro do apocalíse), temos de entender as partes da Missa.

Neste capítulo, vamos caminhar passo a passo pela liturgia, para ver como "funciona" cada elemento - de onde vem e para que serve. Embora só tenhamos espaço para tratar de alguns dos principais detalhes, eles devem bastar para nos ajudar a contemplar a Missa e a descobrir sua lógica interior pois, se não entendermos as partes e o todo, a Missa poderá se tornar rotina tediosa, sem participação sincera; e esse é o tipo de rotina que dá má fama à rotina.

Primeiro, devemos entender que a missa de divide realmente eu duas: a "liturgia da Palavra" e a "liturgia Eucarística". Essas metades dividem-se ainda em rituais específicos.

Na Igreja latina, a liturgia da Palavra inclui: a entrada, os ritos iniciais, o ato penitencial e as leituras das Escrituras. A liturgia eucarística divide-se em quatro partes: o ofertório, a oração eucarística, o rito da comunhão e os ritos finais. Embora os atos sejam muitos, a missa "é uma só oferenda", isto é, o Sacrifício de Jesus Cristo, que renova nossa aliança com Deus Pai.

Os propósitos da Cruz

É provável que entre os cristãos primitivos, o Sinal-da-Cruz fosse a expressão de fé mais universal. Aparece com frequência nos documentos do período. Na maioria dos lugares, o costume era apenas traçar a Cruz sobre a fronte.

Alguns autores -(como São Jerônimo e santo Agostinho) -, descrevem os cristãos traçando sobre a fronte, em seguida sobre os lábios e depois sobre o coração, exatamente como fazem os católicos ocidentais modernos antes da leitura do Evangelho.

Grandes santos também atestam o poder extraordinário do sinal. No sec.III, são Cipriano de Cartago escreveu que "no...sinal-da-cruz está toda virtude e todo poder...Neste sinal-da-cruz está a salvação para todos os marcados na fronte"(ref. aliás de Ap.7,3 e 14,1).

Um século mais tarde, santo Atanásio declarou que "pelo sinal-da-cruz toda mágica cessa e toda feitiçaria não dá resultado". Satanás é impotente diante da Cruz de Jesus Cristo.

O Sinal-da-Cruz é o gesto mais profundo que fazemos. É o mistério do Evangelho em um momento. É a fé cristã resumida em um único gesto. Quando nos persignamos, renovamos a aliança que se iniciou com nosso batismo.Com nossas palavras, proclamamos a fé trinitária na qual fomos batizados - "Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".

Com a mão proclamamos nossa redenção pela Cruz de Jesus Cristo. O maior pecado da história da humanidade - a cruxifixão do Filho de Deus - tornou-se o maior ato de amor misericordioso e de poder divino. A cruz é o meio pelo qual somos salvos, pelo qual entramos em comunhão com a natureza divina.(veja 2Pd 1,4).

Trindade, Encarnação e Redenção - o Credo todo passa como um raio naquele breve momento.

No Oriente, o gesto é ainda mais fecundo, pois os cristãos traçam o sinal juntando os tres primeiros dedos (polegar, indicador e médio), separados dos outros dois (anular e mínimo):os tres dedos juntos representam a unidade da Trindade, os dois dedos juntos representam a união das duas naturezas de Cristo, a humana e a divina.

Não é apenas um ato de culto. É também um lembrete de quem somos nós."Pai, Filho e Espírito Santo" reflete um relacionamento familiar, a vida interior e a comunhão eterna de Deus. A nossa é a única religião com um Deus que é uma família. O próprio Deus é uma "família eterna", mas por causa de nosso Batismo, ele é nossa família também.

O Batismo é um sacramento que vem da palavra latina para juramento (sacramentum) e por esse juramento estamos ligados à família de Deus. Ao fazer o Sinal da Cruz, iniciamos a Missa com um lembrete de que somos filhos de Deus. Também renovamos o juramento solene do Batismo. Fazer o sinal-da-cruz, então, é como jurar sobre a Bíblia num tribunal.

Prometemos que viemos à Missa para dar testemunho. Assim, não somos espectadores do culto, mas participantes ativos, testemunhas e juramos dizer a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade.

Fonte: O Banquete do Cordeiro e É Razoável Crer?

Nenhum comentário:

Postar um comentário