segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Tomar nas mãos o pão e o vinho

Tomar nas mãos o pão e o vinho: preparar a mesa... apresentar as oferendas...

Maria de Lourdes Zavarez

Em cada celebração eucarística, Jesus refaz conosco os gestos de tomar nas mãos o pão e o cálice com vinho, dar graças, partir e entregá-los, dizendo: Isto é meu corpo entregue, meu sangue derramado... é minha vida doada por vocês e por muitos... Comendo deste pão e bebendo deste vinho, vocês ficam unidos a mim, formando como que um só corpo comigo. Façam o que eu fiz. Coloquem sua vida a serviço de Deus, a serviço uns dos outros. Amem-se uns aos outros para que se realize o projeto do Pai... numa sociedade de iguais, de irmãos, sem excluídos...
À semelhança de nossas refeições, a primeira ação que realizamos na liturgia eucarística é preparar a mesa e apresentar os alimentos. Pão e vinho, frutos da terra e do trabalho humano, são os elementos essenciais, trazidos e colocados sobre altar. Conforme orienta o missal romano, o pão precisa realmente parecer pão e o vinho seja para todos.
Eles contêm a força, a energia, o dinamismo da natureza... e também, trazem presente a capacidade humana de produzir, de inventar, de transformar, de saborear, de desfrutar, de conviver... Pão e vinho simbolizam toda nossa realidade: alegrias e sofrimentos, conquistas e fracassos, abundância e carência, força e fraqueza... Neles estão presentes o clamor de tantos famintos, de desempregados e subempregados, de sem-terra e sem-teto, dos sem-saúde, enfim dos que têm sua dignidade e direitos desrespeitados e de todos que lutam por uma sociedade mais justa, mais digna e mais feliz.
Neles estão presentes também sonhos, a esperança de ver realizado o projeto de Deus que é vida abundante e feliz para todos. O empenho diário, os gestos de partilha, de doação, de ajuda mútua, de solidariedade... vão concretizando lentamente esse sonho em nossa história, até que chegue sua realização plena e definitiva.
Neste momento da celebração, colocamos sobre a mesa toda esta realidade simbolizadas no pão e no vinho. Reconhecemos que tudo o que temos, tudo o que fazemos vem de Deus, Pai criador do céu e da terra. E agradecidos, O bendizemos pelo tanto que sua bondade nos dá: Bendito seja Deus, pelo pão, pelo vinho que de sua bondade recebemos... É uma oração de bênção que fazemos inspirada na “berâkâh", bênção judaica durante a refeição.
Este não é ainda o ofertório. Estamos apenas preparando a oferenda. Não deve haver um ofertório nosso, desligado do ofertório de Jesus, pois somos com ele um só corpo! E este único ofertório acontece no momento em que, pela ação do Espírito Santo, nossa vida unida à vida de Jesus, torna-se oferenda perfeita entregue com Ele, por Ele e nEle, em louvor ao Pai, na unidade do Espírito.
A apresentação das oferendas é sempre um momento de alegria, de gratidão, de disponibilidade para fazer de nossa vida um dom a serviço de Deus e dos irmãos. Por isso, em geral, é acompanhado de canto e, em dias mais festivos até com dança. A coleta, gesto de partilha gratuita com os irmãos, com alimentos, dinheiro ou outras ofertas, ganha valor de culto quando integrada neste mistério.
Há outros pequenos gestos, menos importantes, integrando este momento ritual. Conforme o costume judaico, um pouco de água é colocado no cálice com vinho. Quem preside lava as mãos, preparando-se espiritualmente para a grande ação de graças e oferta de louvor na Oração Eucarística. Em celebrações festivas pode-se fazer a incensação da mesa, das oferendas, do ministro e de todo o povo.
A oração sobre as oferendas, feita por quem preside, nos encaminha para o ponto alto da liturgia eucarística.

Fonte: Portal Católico.

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