segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Santos do Dia

3 de outubro

São Dionísio Areopagita



Os cristãos sempre sofreram intensas perseguições, chacinas e saques durante o transcorrer dos séculos, principalmente no início da formação da Igreja. Tanto que muitos dos escritos foram queimados ou destruídos de outra forma. Por isso a memória da Igreja, às vezes, tem dados insuficientes sobre a vida e a obra de santos e mártires do seu passado mais remoto. Para que essas poucas evidências não se perdessem, ela se valeu das fontes mais fiéis da literatura mundial, que nada mais são do que as próprias narrações das antigas tradições orais cristãs preservadas pela humanidade.

Interessante é o caso dos dois santos com o nome de Dionísio, venerados pelo cristianismo. A data de hoje é consagrada ao Areopagita, sendo o outro santo, o primeiro bispo de Paris, festejado no dia 9 deste mês.

O Dionísio homenageado foi convertido pelo apóstolo Paulo (At 17,34) durante a sua pregação aos gregos no Areópago, daí ter sido agregado ao seu nome o apelido de Areopagita.

O Areópago era o tribunal supremo de Atenas, na Grécia, onde eram decididas as leis e regras gerais de conduta do povo. Só pertenciam a ele cidadãos nascidos na cidade, com posses, cultura e prestígio na comunidade. Dionísio era um desses areopagitas.

Nascido na Grécia, no seio de uma nobre família pagã, estudou filosofia e astronomia em Atenas. Em seguida, foi para o Egito finalizar os estudos da matemática. Ao regressar a Atenas, foi nomeado juiz. Até ele chegou o apóstolo Paulo, quando acusado ante o tribunal em que se encontrava Dionísio.

Dionísio, ao assistir à eloqüente pregação de Paulo, foi o primeiro a converter-se. Por isso conseguiu para si inimigos poderosos entre a elite pagã que comandava a cidade. Foi então que são Paulo acolheu o areopagita entre seus primeiros discípulos.

Logo em seguida, Dionísio foi consagrado pelo próprio apóstolo como bispo de Atenas. Nessa condição, ele fez muitas viagens a terras estrangeiras, para pregar e aprender a cultura dos outros povos. Segundo se narra, nessas jornadas teria conhecido pessoalmente são Pedro, são Tiago, são Lucas e outros apóstolos. Além de os registros antigos fazerem referência sobre ele na dormição e Assunção da Virgem Maria, a mãe do Filho de Deus.

Em Atenas, seus opositores na política conseguiram sua condenação à morte pelo fogo, mas ele se salvou, viajando para encontrar-se com o papa em Roma. Depois, só temos a informação do Martirológio Romano, na qual consta que são Dionísio Areopagita morreu sob a perseguição contra os cristãos no ano 95.

Fonte: Paulinas

Bem-Aventurado Columba José Marmion


Columba José Marmion

José Aloísio Marmion nasceu na cidade de Dublin, na Irlanda, no dia 1º de abril de 1858. Seu pai, William, era irlandês e sua mãe, Ermínia, era francesa. O casal muito piedoso teve a graça de ver as três filhas se consagrarem a Deus, na Congregação das Irmãs da Misericórdia. Mais tarde, também o filho José, que ingressou no seminário diocesano da sua cidade natal, aos dezesseis anos de idade. Ele terminou os estudos de teologia no Colégio de Propaganda Fide, em Roma, onde foi ordenado sacerdote em 1881.

No inicio, seu sonho era ser monge missionário na Austrália, mas foi cativado pela atmosfera litúrgica da nova Abadia de Maredsous, fundada na Bélgica em 1872, a qual visitara pouco antes de regressar à Irlanda. Imediatamente, pediu ao seu bispo para ingressar nesse mosteiro, mas foi-lhe dito que esperasse mais algum tempo.

No seu ministério sacerdotal, de 1881 a 1886, conservou o zelo pastoral de missionário desempenhando várias funções: vigário em Dundrun, professor no Seminário Maior de Clonliffe, capelão de um convento de monjas redentoristas e de um cárcere feminino.

Só então obteve permissão para realizar o seu grande desejo de tornar-se monge beneditino. Ingressou na Abadia de Maredsous, na diocese de Namur, Bélgica, e, tomando o nome Columba, iniciou o seu noviciado. Foi um período difícil entre monges mais jovens, pois teve de mudar de costumes, cultura e língua; entretanto esforçou-se na formação da disciplina monástica e assim pôde emitir os votos solenes em 1891.

A partir desse momento, viveu intensamente o espírito monástico beneditino. A sua influência espiritual atingiu sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, os quais orientava para uma vivência fervorosa cristã através dos seus livros, traduzidos em mais de quinze idiomas: "Cristo, vida da alma", "Cristo nos seus mistérios" e "Cristo, ideal do monge", dos retiros e da sua direção espiritual.

Foi ele que, em 1914, quando rebentou a Primeira Guerra Mundial, levou alguns dos seus monges mais novos para a Irlanda. Mas dois anos depois, ele, sozinho, voltou para a Bélgica. Ali, quando a guerra terminou, constatou que o clima político do país não permitia uma ligação permanente com a Congregação alemã. Foi então que recebeu o pedido para começar a constituir uma nova, e somente belga. Assim, em 1920, fundou a "Congregação belga da Anunciação".

Columba Marmion exerceu cargos importantes, como diretor espiritual, professor e prior da Abadia de Mont-César, em Louvain, e terceiro abade de Maredsous. Ele faleceu em 30 de janeiro de 1923, vítima de uma epidemia de gripe. Na ocasião, a fama de sua santidade e mestre de vida espiritual se fazia presente em todo o mundo católico.

O papa João Paulo II declarou bem-aventurado Columba Marmion no Ano Santo do Jubileu de 2000. Sua festa litúrgica foi incluída no calendário para ser celebrada no dia 3 de outubro.

Fonte: Paulinas

São Francisco de Borja


São Francisco de Borja nasceu em Gandia, Espanha, a 28 de Outubro de 1510. Fora seu pai D. João de Borja, terceiro duque de Gandia, neto de Rodrigo de Borja, e sua mãe D. Joana de Aragão, neta do rei católico. Era, portanto, bisneto de Alexandre VI e de Fernando V de Aragão; flor nascida em um solo manchado, destinado ele pela Providência a com as suas terríveis penitências e a cooperar na reforma da Igreja e na Companhia de Jesus;esta a sua missão.

Penitente como um anacoreta e apóstolo como um Xavier seus pais esmeraram-se por que tivesse uma educação privilegiada, à altura do seu nível e da sua missão de primogênito do Duque de Gandia. Aprendeu espanhol, latim, italiano, matemática e música, sentindo por esta simpatia especial; cantava e compunha, peças religiosas principalmente. Aprendeu a andar a cavalo e a usar armas, embora não tivesse nascido para a guerra e as suas preferências fossem para a oração, os livros e a liturgia. A Duquesa repetia-lhe: «Para ti, Francisco, existem armas e cavalos, mas não imagens devotas e sermões. Pedi a Deus um duque e não um frade. Sê piedoso mas conserva-te cavaleiro». Os pais nem sempre acertam, todavia, com os planos de Deus sobre os filhos. A glória e a missão principal de Francisco ia ser precisamente aquela que sua mãe excluiaAos dez anos perdeu Francisco a mãe - 1520 - e foi confiado a um tio materno, D. João de Aragão, arcebispo de Saragoça. Em 1528 saiu para Valhadolide e entrou na corte de Carlos V. Em Alcalá, indo a cavalo, encontrou um pobre estudante que era levado à prisão. Sentiu pena; na verdade, o preso tinha cara de bom e muito honrado, e fixou Francisco; mas não adivinhou que mais tarde aquele pobre estudante iria ser mestre seu de espírito e seu superior. Tratava-se de Inácio de Loyola.

Tinha Francisco 16 anos quando entrou na corte com um futuro risonho. Passou de triunfo a triunfo. Vencia nos exercícios de equitação e sobressaía pela delicadeza, piedade e gravidade. Não gostava do jogo, pois, segundo costumava dizer, nele perdem-se quatro coisas: tempo, dinheiro, devoção e muitas vezes a consciência. Carlos V dedicou-lhe sempre um afeto que nunca diminuiu; a imperatriz deu-lhe por esposa a dama que mais estimava, D. Leonor de Castro, portuguesa, e desde aquele ano, 1529, Francisco ficou sendo Marquês de Lombay, monteiro-mor do palácio.

Viveu na corte como cristão de óptima consciência. Lia os Evangelhos, as Cartas de S. Paulo e as homilias de S. João Crisóstomo. Deus abençoou-o com cinco filhos e três filhas. Em 1536, acompanhou o Imperador na guerra contra a França e pôde recolher nos seus braços, no assédio do castelo de Muy, o seu amigo, o poeta Garcilaso de Ia Vega.

Um acontecimento trágico feriu profundamente a sua alma. Em Maio de 1539, durante os grandes festejos que se estavam a celebrar em Toledo por causa da abertura das Cortes gerais, faleceu a Imperatriz Isabel, em plena vida e glória humana. Francisco foi encarregado de presidir ao transporte do cadáver para Granada. Passados quinze dias, para certificar que o cadáver encerrado na uma de chumbo era o da sua antiga senhora, foi preciso descobrir o rosto da Imperatriz. E apareceu horrivelmente desfigurado pela morte. A impressão foi enorme. O Marquês não se atreveu a jurar, mas atendendo ao cuidado que tinha havido em toda a viagem, aquele tinha de ser o cadáver. No dia seguinte pregou S. João de Ávila e libertou-o do seu abalo. Depois do sermão, falando-lhe, abriu plenamente a consciência; e cobrou ânimo para cumprir aquele grande propósito seu, que pode servir de programa de vida: «Não continuar a servir senhor que me possa morre). Tinha compreendido e sentido profundamente a vaidade da grandeza, do prazer e da vida humana.

Voltando ele de Granada, o Imperador nomeou-o Vice-rei da Catalunha e, nos três anos e meio que durou o seu governo, mostrou-se grande político e patriota. Acabou com o banditismo, manteve os direitos reais, fomentou as forças marítimas e robusteceu a fronteira francesa.

Em 1543, por morte do pai, herdou o ducado de Gandia e, durante sete anos, viveu tranqüilo na sua terra natal, fomentando as artes e as ciências. Em 1546, fundou o Colégio da Companhia de Jesus de Gandia, que pouco depois foi elevado a Universidade. O desterro, como ele chamou ao seu retiro de Gandia, fez-lhe ouvir com maior clareza a voz de Deus. A 27 de Março de 1546 morreu-lhe a esposa. O Santo Duque Stava assim livre para executar o atos mais característico da sua vida, a renúncia heróica .Achas as honras, riquezas e dignidades. Santo Inácio admitiu-o na Companhia de Jesus :: obteve-lhe de Paulo III licença para continuar alguns anos com a aparência de Duque, Cdqwulto ia tratando do casamento dos filhos. «Por agora o mundo não tem ouvidos para :mie tão grande estrondo»: foi o comentário que leu Francisco de Borja em carta que lhe corrigiu nessa altura Santo Inácio de Loyola.

Em 1550 foi a Roma; esteve três meses ao lado de Santo Inácio, mas houve que sair secretamente porque o Papa queria fazê-lo cardeal. Roma inteira sentiu-se edificada com a humildade do Duque: servia à mesa, esfregava os pratos na casa de Santa Maria da Estrada, como se fosse criado de todos.

Regressando a Espanha, albergou-se num canto de Guipúscoa e a dois de Maio de 1551 assinou em Abate a renúncia de todos os seus Estados em favor do primogênito, D. Carlos. Foi ordenado sacerdote e celebrou a primeira Missa na capela da casa de Loyola. Disse outra solene em Vergara, ao ar livre, pois compareceram mais de 20.000 pessoas.

Sempre que pregava enchiam-lhe as igrejas, porque a gente acudia em tropel para ver um «Duque santo». Pedia esmola pelas aldeias, visitava os hospitais, do mesmo modo que as cortes de Espanha e de Portugal.

Santo Inácio, em 1554, nomeou-o Comissário geral de Espanha e Portugal, superior de todos os jesuítas residentes na Península. Desde então, a presença de S. Francisco acendia o fervor em todas as comunidades, protegia os colégios desvalidos e solucionava rodos os pleitos e todas as dificuldades. Em 1555 teve a consolação de obter com as suas orações a lucidez de D. Joana, a Doida; assim, a desgraçada rainha, que tinha estado recuida mais de 40 anos, dispôs-se bem para morrer. Quatro vezes visitou ele Carlos V no seu retiro de Yuste, despertando sempre no Imperador desejos de oração e penitência: (Que é o nosso retiro, dizia este aos seus familiares, se o compararmos com o do Padre Francisco de Borja?)

De 1554 a 1559, o apostolado de Borja decorreu sem incidentes. Mas depois não tardou que principiassem as calúnias e perseguições. Um livreiro sem escrúpulos editou um opúsculo intitulado «Obras do Duque de Gandia», onde estavam duas obras autênticas do Santo, mas também outros livrinhos não seus, cheios de erros. A Inquisição mandou recolher essas «Obras» e procedeu contra o Santo, como se fosse o autor verdadeiro de tudo. Foi preciso esperar que se desvanecesse a tormenta; entretanto, o Padre Laínez, sucessor de Santo Inácio, chamou a Roma S. Francisco, em 1561; nomeou-o primeiro Vigário Geral da Ordem, enquanto ele, Laínez, assistia ao Concílio em Trento. Depois foi nomeado Borja assistente para as províncias de Espanha. E em 1565 foi eleito Geral da Ordem, por morte do Padre Laínez. Durante os sete anos que para ele durou o supremo governo da Companhia, propagou as missões entre os infiéis, aumentou as províncias e aos 1000 jesuítas vieram juntar-se outros 2.500. Morreu em Roma, em 1572, mártir da obediência. Em 1571 recebera de S. Pio V o encargo de acompanhar o Cardea1Alexandrino na viagem às Cortes de Espanha e Portugal: «Eu sirvo para esta classe de ofícios, escrevia ele, e julgo que teria desculpa na minha idade e nos meus achaques... Mas a obediência devida ao Vigário de Cristo impõe-me silêncio... Ela transportar-me-á felizmente por terra e por mar».

Mas a viagem foi-lhe fatal para a saúde; voltou a Roma, ao cabo de oito meses, e morreu poucos dias depois, no dia 30 de Setembro de 1572.

O mundo tinha sido pródigo com ele em toda a espécie de liberalidades, mas ele tudo soube colocar aos pés do Crucifixo, a quem desejou, e a Ele só, servir. S. Francisco de Boija foi padroeiro de Portugal durante dois séculos.

Fonte: Portal Católico.

Protomártires do Brasil


Dentro da conturbada invasão dos holandeses no nordeste do Brasil, encontram-se os dois martírios coletivos: o de Cunhaú e o de Uruaçu. Estes martírios aconteceram no ano de 1645, sendo que o Pe. André de Soveral e Domingos de Carvalho foram mártires em Cunhaú e o Pe. Ambrósio Francisco Ferro e Mateus Moreira em Uruaçu; dentre outros.

No Engenho de Cunhaú, principal pólo econômico da Capitania do Rio Grande (atual estado do Rio Grande do Norte), existia uma pequena e fervorosa comunidade composta por 70 pessoas sob os cuidados do Pe. André de Soveral. No dia 15 de julho chegou em Cunhaú Jacó Rabe, trazendo consigo seus liderados, os ferozes tapuias, e, além deles, alguns potiguares com o chefe Jerera e soldados holandeses. Jacó Rabe era conhecido por seus saques e desmandos, feitos com a conivência dos holandeses, deixando um rastro de destruição por onde passava.

Dizendo-se em missão oficial pelo Supremo Conselho Holandês do Recife, convoca a população para ouvir as ordens do Conselho após a missa dominical no dia seguinte. Durante a Santa Missa, após a elevação da hóstia e do cálice, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da igreja e se deu início à terrível carnificina: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelos flamengos com a ajuda dos tapuias e dos potiguares.

A notícia do massacre de Cunhaú espalhou-se por todo o Rio Grande e capitanias vizinhas, mesmo suspeitando dessa conivência do governo holandês, alguns moradores influentes pediram asilo ao comandante da Fortaleza dos Reis Magos. Assim, foram recebidos como hóspedes o vigário Pe. Ambrósio Francisco Ferro, Antônio Vilela, o Moço, Francisco de Bastos, Diogo Pereira e José do Porto. Os outros moradores, a grande maioria, não podendo ficar no Forte, assumiram a sua própria defesa, construindo uma fortificação na pequena cidade de Potengi, a 25 km de Fortaleza.

Enquanto isso, Jacó Rabe prosseguia com seus crimes. Após passar por várias localidades do Rio Grande e da Paraíba, Rabe foi então à Potengi, e encontrou heróica resistência armada dos fortificados. Como sabiam que ele mandara matar os inocentes de Cunhaú, resistiram o mais que puderam, por 16 dias, até que chegaram duas peças de artilharia vindas da Fortaleza dos Reis Magos. Não tinham como enfrentá-las. Depuseram as armas e entregaram-se nas mãos de Deus.

Cinco reféns foram levados à Fortaleza: Estêvão Machado de Miranda, Francisco Mendes Pereira, Vicente de Souza Pereira, João da Silveira e Simão Correia. Desse modo, os moradores do Rio Grande ficaram em dois grupos: 12 na Fortaleza e o restante sob custódia em Potengi.

Dia 2 de outubro chegaram ordens de Recife mandando matar todos os moradores, o que foi feito no dia seguinte, 3 de outubro. Os holandeses decidiram eliminar primeiro os 12 da Fortaleza, por serem pessoas influentes, servindo de exemplo: o vigário, um escabino, um rico proprietário.

Foram embarcados e levados rio acima para o porto de Uruaçu. Lá os esperava o chefe indígena potiguar Antônio Paraopaba e um pelotão armado de duzentos índios seus comandados. Repetiram-se então as piores atrocidades e barbáries, que os próprios cronistas da época sentiam pejo em contá-las, porque atentavam às leis da moral e modéstia.

Um deles, Mateus Moreira, estando ainda vivo, foi-lhe arrancado o coração das costas, mas ele ainda teve forças para proclamar a sua fé na Eucaristia, dizendo: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento".

A 5 de março de 2000, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa João Paulo II beatificou os 30 protomártires brasileiros, sendo 2 sacerdotes e 28 leigos beatificados.


Protomártires do Brasil, rogai por nós!

Fonte: Canção Nova

Santos Veríssimo, Máxima e Júlia


Testemunho de uma cristandade, de que pouco se conhece, o culto dos mártires Veríssimo, Máxima e Júlia, surge envolto em nebulosa, que apenas permite com rigor atentar na perenidade de uma memória cultivada em Lisboa, muito embora se estenda por outras zonas, como Coimbra, Braga e Porto. Na Diocese do Porto, têm S. Veríssimo como padroeiro as paróquias de Paranhos, Valbom, Nevolgilde, Lagares (Felgueiras) e São Veríssimo, de Amarante.

Uma das referências mais antigas referentes aos mártires de Lisboa surge no Martyrologium de Usuardo que, em 858, percorre diversas cidades hispânicas em busca de relíquias. Os testemunhos litúrgicos multiplicam-se ao longo dos séculos X e XI, sendo convergentes, ao consignarem o dia 1 de Outubro para memória dos três irmãos. O Padre Miguel de Oliveira sustenta a opinião de que "os santos mártires de Lisboa já estavam inscritos nos calendários uns 200 anos depois do seu martírio". Devoção guardada no seio da comunidade moçárabe, o seu eco chega a Osberno, que, na relação da conquista de Lisboa, nos dá conta das ruínas do santuário que lhes estava devotado.

O percurso da vida destes mártires, impossível de averiguar com rigor, aparece descrito num códice quatrocentista da Biblioteca Pública de Évora, (cód. CV/1-23d). Segundo a "Legenda", os irmãos lisboneses, Veríssimo, Máxima e Júlia, durante a perseguição de Dioclesiano (imperador romano de 284 a 305 d. C.), apresentaram-se espontaneamente ao executor dos éditos imperiais, confessando a fé cristã. Tentou ele dissuadi-los, com promessas e ameaças e, como nada conseguisse, mandou-os prender. Vitoriosos da prova do cárcere, aplicou-lhes o juiz vários tormentos: açoites, ecúleo, unhas de ferro, lâminas em brasa. Como ainda resistissem, mandou arrastá-los pelas ruas da cidade e, por fim, degolar. Assim alcançaram a palma do martírio a 1 de Outubro de 303 ou 304.

Não contente com o que lhes fizera em vida, perseguiu-os o juiz depois de mortos, ordenando que os cadáveres ficassem insepultos, para servirem de pasto aos cães e às aves. Como as feras os respeitassem, mandou então que os lançassem ao mar com pesadas pedras. Ainda os barqueiros não tinham regressado à praia e já os santos despojos lá se encontravam. Recolheram-nos piedosamente os cristãos e sepultaram-nos no lugar onde depois se erigiu uma Igreja que ainda por memória se chama "dos santos".

Em 1529, a comendadeira D. Ana de Mendonça, mandou colocar as relíquias em cofre de prata, ao lado direito do altar mor, com o epitáfio seguinte: "Sepultura dos santtos martyres S. Verissimo, Santa Maxima & Iulia, filhos de hum senador de Roma, vindos a esta cidade a receber martyrio, por reuelação do Anjo. Iazem nesta sepultura os seos santos corpos, os quaes há 1350 annos que padecerão & forão trasladados a esta casa onde jazem".

Quanto à naturalidade, nada se costuma afirmar com certeza. Só em época muito recente os hagiólogos os fizeram filhos de um senador romano e os imaginaram em Roma, em colóquio com um anjo que os mandou a Lisboa para confessarem a fé. Esta lenda reflectiu-se na iconografia: os três mártires são apresentados em traje e hábito de romeiros, com bordões compridos nas mãos, como pode ver-se num belo conjunto de três imagens, do séc. XVII, expostas ao culto na Igreja do extinto Mosteiro de Santos-o-Novo, em Lisboa, que guarda as relíquias dos mártires.

Fonte: Evangelho Quotidiano

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