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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

SANTO DO DIA 28/08 - Santo Agostinho

Celebramos no dia 28 de Agosto a memória do grande Bispo e Doutor da Igreja que nos enche de alegria, pois com a Graça de Deus tornou-se modelo de cristão para todos. Agostinho nasceu em Tagaste, no norte da África, em 354, filho de Patrício (convertido) e da cristã Santa Mônica, a qual rezou durante 33 anos para que o filho fosse de Deus.
Aconteceu que Agostinho era de grande capacidade intelectual, profundo, porém, preferiu saciar seu coração e procurar suas respostas existentes tanto nas paixões, como nas diversas correntes filosóficas, por isso tornou-se membro da seita dos maniqueus.
Com a morte do pai, Agostinho procurou se aprofundar nos estudos, principalmente na arte da retórica. Sendo assim, depois de passar em Roma, tornou-se professor em Milão, onde envolvido pela intercessão de Santa Mônica, acabou frequentando, por causa da oratória, os profundos e famosos Sermões de Santo Ambrósio. Até que por meio da Palavra anunciada, a Verdade começou a mudar sua vida.
O seu processo de conversão recebeu um “empurrão” quando, na luta contra os desejos da carne, acolheu o convite: “Toma e lê”, e assim encontrou na Palavra de Deus (Romanos 13, 13ss) a força para a decisão por Jesus:”…revesti-vos do Senhor Jesus Cristo…não vos abandoneis às preocupações da carne para lhe satisfazerdes as concupiscências”.
Santo Agostinho, que entrou no Céu com 76 anos de idade (no ano 430), converteu-se com 33 anos, quando foi catequizado e batizado por Santo Ambrósio. Depois de “perder” sua mãe, voltou para a África, onde fundou uma comunidade cristã ocupada na oração, estudo da Palavra e caridade. Isto, até ser ordenado Sacerdote e Bispo de Hipona, santo, sábio, apologista e fecundo filósofo e teólogo da Graça e da Verdade.
Santo Agostinho, rogai por nós!
Fonte: https://www.facebook.com/feemuitoamor/?hc_ref=ART0yP5yjsyqIlMQXeiDI1L1niw8PFIbb55YCl489E6WKcsT717rht4PzAIyUbCTl8Y&fref=nf

sábado, 21 de junho de 2014

Dia de Corpus Christi - Mistério insondável

Dia desses, fui à Missa e, olhando a Eucaristia, me pus a meditar..
A Eucaristia é Deus. Às vezes, a gente acha que entende o que é isso, mas não entende. Qualquer conceito que possamos ter de Deus, por mais elevado que seja, é sempre analógico e nunca literal. O que Ele é nos escapa. Por isso dizemos apenas que Ele é.
Neste sentido, escreveu S. Gregório de Nissa, na sua Vida de Moisés:
"Todo conceito formado pelo entendimento para tentar atingir e abranger a natureza divina não consegue mais do que forjar um ídolo de Deus, em vez de fazer conhecê-Lo."
Qualquer teologia que suponha poder dizer estritamente quem é Deus torna-se herética no ato mesmo de pretendê-lo. Quem é Deus? Não sabemos. As nossas afirmações d'Ele são sempre comparativas.
Se não sabemos isto, como pretendemos entender o fenômeno da Eucaristia? Simplesmente, não dá.. Podemos ter uma Fé profunda de que Deus está ali, mas a Fé é justamente a "visão obscura", o "ver confusamente" de que fala S. Paulo. Por isso, a Sta Edith Stein costumava dizer que a Eucaristia é "o pão seco dos fortes", pois é preciso ser forte, no sentido de vencer a nossa tendência natural de exigir comprovações e gostos sensíveis, como fazem as crianças com os alimentos, para encontrar ali o Cristo. Sta Faustina Kowalska dizia o mesmo: "A fé firme rasga este véu". E é assim mesmo que Deus o quer, pois diz São Paulo: "O justo vive pela fé" e "sem fé é impossível agradar a Deus." Jesus o exprime de modo claro: "Felizes os que crêem sem ter visto", e Tomás de Aquino, o doutor angélico, por sua vez, escreve em que consiste esta força: "Se não vês nem compreendes, gosto e vista tu transcendes, elevado pela Fé." (Lauda Sion)
A Fé, portanto, não indica um bloqueio no sentido de nos deixar aquém daquilo que é percebido pelos sentidos. Pelo contrário, a Fé nos leva além deles, a um tipo de conhecimento que é tão intenso e se aproxima tanto da luz que, antes, nos ofusca. Mas, ao nos ofuscar, nos ilumina e nos prepara, gradativamente, para a visão. Os olhos incandescidos tendem a adaptar-se aos poucos à luz. A Eucaristia, exigindo-nos a Fé, nos prepara para a visão beatífica.
A Eucaristia é Deus. Ao dizê-lo, abre-se diante de nós um abismo de horizontes infinitos. Como esgotá-lo com o entendimento? Não dá. Os sentidos não o apreendem. A razão apenas assente. E, no entanto, Deus verdadeiramente Se dá, e nós O recebemos, e O comemos.
Deus é a raiz mesma da realidade. É a realidade por si mesma subsistente. É a realidade real por excelência. Duvidar da Eucaristia, portanto, é um contrassenso, pois é duvidar daquilo que é mais verdadeiro que qualquer verdade que conhecemos. Sob as espécies do Pão e do Vinho está aquele que disse: "Eu sou a Verdade" (Ego Sum Veritas).
Nós, que vivemos num mundo efêmero e frágil, que passa como um piscar de olhos, que é um momento entre duas eternidades, como bem o disse Sta Teresinha de Lisieux, ao receber a Eucaristia, recebemos Aquele que É, que não é suscetível de mudanças, que criou e sustenta todas as criaturas; Aquele ao qual tudo o que existe deve sua existência. Comemo-Lo e, ao fazê-Lo, sofremos uma espécie de adensamento da realidade. Nos tornamos mais nós mesmos, pois estamos comendo a própria Verdade. A Eucaristia, portanto, reforça o nosso ser, e tenderá necessariamente a iluminar a inteligência, permitindo-nos conhecê-Lo e conhecer-nos. Conhecer-nos é a raiz da humildade, que é início de qualquer virtude. A Eucaristia, assim, é causa eficiente de uma profunda dinâmica interior que culminará na santidade ou perfeita identificação com o Cristo, se o permitirmos. Não é outra coisa o que Ele mesmo diz a Sto. Agostinho:
"Ao comer-Me, não és tu que Me transformas em ti, mas Eu que te transformo em Mim."
Que mistério.. Uma criatura, abismo de nada, recebe em si mesma Aquele que é o tudo. Como pode um buraco na areia receber o oceano? Deus não pode, depois de recebido, não abrir a amplitude interior da alma, não torná-la grande, não estendê-la ao infinito, não dispô-la a Si. Se o recipiente torna o recebido semelhante a si, aqui se dá o inverso: é o recebido que adapta o recipiente. 
Neste dia de Corpus Christi, nós possamos contemplar o mistério absolutamente inefável da Eucaristia, o amor e a humildade vertiginosos que se comprimem ali, naquelas aparências tão vizinhas do nada, como dizia Sta Teresa D'Avila, e aceitar o fato de que não O vemos nem O entendemos. Não desejemos vê-Lo nem compreender tal mistério. Desejemos apenas amá-Lo e acreditar na Fé que nos diz que, naquele pequeno objeto frágil, magra hóstia branca, há um sobre-excesso de ser, uma raiz de eternidade, ou, como diziam os antigos, o remédio de imortalidade, pois, "quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna." (Jo 6,54)
Fábio
 

segunda-feira, 2 de abril de 2012

São Francisco de Paula

São Francisco de Paula
De um santo casal sem filhos... Tiago e Viena formavam um casal que vivia em Paula, pequena cidade da Calábria, na Itália. Tiago era agricultor. Viena ajudava o marido no que era possível a uma mulher fazer. Juntos, eles constituíam um casal católico exemplar. Embora levando uma vida difícil, procuravam santificar-se: rezavam bastante, jejuavam, praticavam boas obras, faziam penitência. Consideravam-se felizes. A felicidade de situação em que viviam, no entanto, era empalidecida por algo lhes penalizava: não conseguiam ter filhos. ...milagrosamente, nasce um menino Não faltavam pedidos, orações e sacrifícios para que Deus lhes enviasse um filho. Pediam muito a intercessão de São Francisco de Assis, de quem eram devotos. Prometeram até que, se o santo lhes atendesse, dariam o nome de Francisco ao primeiro dos filhos que tivessem. Deus ouviu tão prementes e piedosos pedidos: nasceu-lhes um filho. O menino tinha uma infecção nos olhos e poderia ficar cego. De novo procuraram São Francisco. Com respeito, pediam que ele atendesse por inteiro o pedido deles e não apenas pela metade. Tiago e Viena prometiam ao Santo que, se ele curasse o menino, tão logo a idade o permitisse, ele seria vestido com o hábito de frade franciscano e colocado, por um ano, num convento da Ordem de São Francisco. Novamente o casal foi atendido. Francisco crescia saudável, abençoado por Deus e com evidentes pendores para a santidade. Até os 12 anos seguia o exemplo paterno: rezava e praticava penitência. ... que se tornou um "menino frade", exemplar, obediente e milagreiro. O tempo passou e Tiago e Viena não tinam cumprido ainda a promessa feita. Um dia apareceu na casa deles um frade franciscano lembrando que chegara a hora de cumprirem a promessa feita. Os pais, de bom grado, levaram o jovenzinho com o hábito de São Francisco para o convento de São Marcos, onde era observava rigorosamente a regra da Ordem dos Frades Menores. O jovem Francisco, mesmo não estando obrigado, cumpria com exatidão as normas conventuais. E isso a tal ponto que se tornou modelo de observância da regra. Era exemplo até para os frades mais experimentados e vividos nas práticas religiosas. Já nessa ocasião, alguns fatos extraordinários marcaram a vida do pequeno Francisco. Um dia o irmão sacristão ordenou-lhe que fosse buscar brasas para o turíbulo. Porém, esqueceu-se de dizer a Francisco como deveria proceder. Com toda simplicidade e inocência, ele atendeu ao pedido colocando as brasas em seu hábito e as levou ao irmão sacristão. Seu hábito nada sofreu. Em uma outra ocasião, ele ficou como encarregado da cozinha. Pôs os alimentos em uma panela e a colocou sobre o carvões e lá a deixou. Em seguida foi para a igreja rezar, esquecendo-se de acender o fogo... Rezando, entrou em estase, e tempo foi passando. Um frade entrou na cozinha e viu o fogo apagado. Procurou Francisco perguntando se a refeição estava pronta. O jovem respondeu que sim e, em seguida, foi para a cozinha. Não se sabe como, o certo é que o fogo estava aceso e os alimentos cozidos... são francisco3.jpg Fez-se um Eremita adolescente... Claro que os bons frades do convento de São Marcos queriam que o jovem Francisco continuasse entre eles. Era um adorno para o convento aquele adolescente que já dava tantos indícios de santidade. O jovem, no entanto, sentia-se chamado para outro estado de vida. Tendo já cumprido a promessa de ficar um ano no convento, com os pais, ele foi conhecer Roma, Assis, Loreto e Monte Cassino. Ficou impressionado com Monte Cassino. Soube que naquele lugar São Bento estabelecera-se aos 14 anos para entregar-se todo a Deus, ele fez também o mesmo propósito: pediu aos pais que o deixassem viver como eremita na chácara que habitavam. Tiago e Viena aceitaram o pedido do filho. E não só consentiram que se mudasse para sua "ermida", mas passaram a levar-lhe a alimentação. Mas, Francisco deseja ser mais radical em sua solidão. Um dia ele desapareceu: havia subido a uma montanha próxima. Nela encontrou uma pequena gruta e a transformou no local onde passou a morar por seis anos. Vivia exclusivamente para Deus, na contemplação e penitência. Seu alimento eram raízes e ervas silvestres. De acordo com uma tradição corrente na Ordem fundada por ele, foi nessa gruta eremítica que ele recebeu, das mãos de um Anjo, o hábito monástico. ...aprovado pelo Bispo e com discípulos, funda uma Ordem Religiosa. Com 19 anos de idade, Francisco obteve licença do Bispo local para construir um mosteiro no alto de um monte próximo a Paula. Logo surgiram os primeiros discípulos e auxiliares. Da construção desse Mosteiro participaram os habitantes da cidade. Pouco importando que fossem ricos ou pobres, nobres ou plebeus. Era um verdadeiro milagre: todos queriam ajudar. Eles foram testemunhas de inúmeros milagres. Viram pedras se deslocarem à uma simples ordem de Francisco. Árvores pesadas e pedras enormes tornavam-se leves para serem removidas ou transportadas. Os víveres, cuja quantidade mal daria para saciar a fome de um só trabalhador, alimentavam a muitos. Até pessoas enfermas que iam participar das construções ficavam curadas. Foi dai que nasceram as origens da "Ordem dos Mínimos", ordem religiosa fundada oficialmente por São Francisco de Paula em 1435. Arcanjo São Miguel era seu protetor e também da Ordem que ele fundou. Foi o Arcanjo quem trouxe-lhe uma espécie de ostensório no qual aparecia o sol tendo um fundo azul e escrita a palavra Caridade. São Miguel mostrou-lhe ostensório e recomendou ao Santo tomá-lo como emblema de sua Ordem. Francisco tinha na simplicidade de vida um coroamento de todas suas virtudes. Ele era bom, franco, cândido, serviçal, sempre disposto a fazer o bem a qualquer um. Esse espírito, ele comunicou em abundância a seus filhos espirituais. Fatos, profecias e mais milagres A Divina Providencia distribui seus dons a quem fará uso deles para maior glória de Deus. Sendo assim, é o caso de dizer que São Francisco de Paula glorificou muito a Deus, aplicando esses dons abundantemente. Até parece que seu carisma constituía-se em fazer milagres. Um autor chegou a afirmar sobre ele: "Não há espécie de doenças que ele não tenha curado, de sentidos e membros do corpo humano sobre os quais não tenha exercido a graça e o poder que Deus lhe havia dado. Ele restituiu a vista a cegos, a audição a surdos, a palavra aos mudos, o uso dos pés e mãos a estropiados, a vida a agonizantes e mortos; e, o que é mais considerável, a razão a insensatos e frenéticos". "Não houve jamais mal, por maior e mais incurável que parecesse, que pudesse resistir à sua voz ou ao seu toque. Acorria-se a ele de todas as partes, não só um a um, mas em grandes grupos e às centenas, como se ele fosse o Anjo Rafael e um médico descido do Céu; e, segundo o testemunho daqueles que o acompanhavam ordinariamente, ninguém jamais retornou descontente, mas cada um bendizia a Deus de ter recebido o cumprimento do que desejava"(*). Francisco ressuscitou seu próprio sobrinho chamado Nicolas. Ele queria ser monge na Ordem que seu tio havia fundado. Mas sua mãe se opôs ferrenhamente a isso. Nicolas adoeceu e morreu. O corpo estava sendo velado na igreja do convento e Francisco pediu que o conduzissem à sua cela. Passou a noite em lágrimas e orações. Foi assim que, naquela noite, ele obteve de Deus que o rapaz fosse ressuscitado. Quando, na manhã seguinte, a mãe de Nicolas veio para assistir ao sepultamento do filho, Francisco perguntou-lhe se ela ainda se opunha a que ele se fizesse religioso. "Ah!" - disse ela em lágrimas - "se eu não me tivesse oposto, talvez ele ainda vivesse". - "Quer dizer que você está arrependida?" - insistiu o Santo. - "Ah, sim!". Francisco, então, trouxe-lhe o filho são e salvo. Em prantos, a mãe abraçou o filho concedendo a licença que havia negado. Tornou-se famosa outra ressurreição realizada pela intercessão de Francisco. Foi aquela em que viveu novamente um homem malfeitor que a justiça havia enforcado três dias antes. São Francisco de Paula não só lhe restituiu a vida do corpo, como também a da alma. Mas Francisco também ressuscitou duas vezes a mesma pessoa: Tomás de Yvre, era habitante de Paterne, França, e trabalhava na construção do convento de sua cidade. Num acidente ele foi esmagado por uma árvore. São Francisco o ressuscitou. Algum tempo depois, Tomás caiu do alto do campanário e morreu em consequência da queda. Novamente o Santo restituiu-lhe a vida. São Francisco era também dotado de uma graça especial para a obtenção do favor da maternidade para mulheres estéreis. Muitos milagres desse gênero foram relatados no processo de canonização do Santo em Tours. Alguns deles foram acontecidos em casas reais ou principescas. são francisco4.jpg Um analfabeto cheio de sabedoria e santidade Na verdade ele era analfabeto, mas isso pouco importa. Em suas homilias, ele pregava com tanta sabedoria que deixava seus ouvintes extasiados e entusiasmados: a boca fala é da abundancia do coração... Em seu modo de ser, de portar-se e agir brilhavam em grau heroico a virtude da sabedoria, além da prudência, da justiça, da temperança e da fortaleza. Por isso, mesmo é que esse Santo não alfabetizado mão sentiu nenhum constrangimento ao conversar ou dar conselhos a Papas, reis e a grandes deste mundo. Ficar na França foi discernimento da vontade de Deus Sua fama chegou até na França. O Rei Luís XI estava atacado por doença que poderia levá-lo à morte. E não duvidou: pediu ao Santo que fosse até a França para curá-lo. Mas Francisco só se dirigiu à côrte francesa depois de uma ordem formal do Papa. A ida dele foi providencial para a expansão de sua Ordem não só na França, mas também em outros países da Europa, como Alemanha e Espanha. Estando com o Rei, ele discerniu que a vontade de Deus não era que ele se curasse, mas, em seus desígnios queria levá-lo desta vida. Sem temor, ele disse isso a Luís XI e, com isso, preparou-o para a morte. Foi nessas circunstancias que o monarca confiou a Francisco a formação de seus filhos, sobretudo ao principe herdeiro que tinha, então, apenas 14 anos. Francisco foi também o confessor da Princesa Joana. Depois que de repudiada por seu marido, o futuro Luís XII, tornou-se religiosa e, morrendo santamente, foi canonizada recebendo a maior das honras, a dos altares. Foi por conselho de Francisco que o Rei Carlos VIII casou-se com Ana de Bretanha, herdeira única daquele ducado, que veio assim unir-se ao Reino da França. Imitou Jesus até a morte Francisco dormia sobre umas pranchas. Isso quando dormia, pois, geralmente passava grande parte das noites rezando. Parecia viver continuamente em espírito de quaresma. Muitas vezes, comia apenas a cada oito dias. Para melhor imitar a Nosso Senhor Jesus Cristo, uma vez, passou toda uma quaresma sem alimentar-se. Seu hábito era de um tecido grosseiro, bem rude. Embora, como penitencia, o usasse dia e noite, era limpo e dele subia um odor agradável a todos os olfatos. Seu rosto, sempre tranquilo e ameno, parecia não se ressentir das austeridades que praticava e nem dos efeitos da idade. são francisco5.jpg A alguém com uma vida assim levada por amor de Deus, não haveria demônio que o resistisse. Foram inúmeros os casos de possessos que ele livrou do jugo diabólico. São Francisco de Paula tinha como devoções particulares o culto ao mistério da Santíssima Trindade e da Anunciação da Virgem, uma veneração aos nomes santíssimos de Jesus e Maria e uma verdadeira adoração à pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, enquanto padecendo a Paixão. Seria indício de uma identificação a mais com Nosso Senhor, quem, tendo essas devoções viesse a morrer no dia em que nossa Redenção se consumou. E foi o que aconteceu: na Sexta-feira Santa do ano de 1507, aos 91 anos de idade ele faleceu. Mas, ele "morreu" ainda uma segunda vez... Durante as Guerras de Religião na Europa, os protestantes calvinistas, em 1562, invadiram o convento de Plessis, França. Ali estava enterrado o Santo. Então, como ele havia predito, seu corpo, ainda incorrupto, foi tirado do sepulcro e foi queimado com a madeira pertencente a um grande crucifixo da igreja. Ele, praticamente, foi martirizado depois da morte. A gloria de São Francisco de Paula permanece até nossos dias, apesar do ódio dos inimigos da fé. E permanecerá para sempre. (JS) Fontes: * - Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, d'après le P. Giry, Bloud et Barral, Paris, 1882, tomo IV, p. 143. --Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1947, tomo II, pp. 333 e ss. -Pe. José Leite S.J., Santos de Cada Dia, Editorial A. O., Braga, 1993, pp. 412-413. Fonte: Gaudium Press

domingo, 22 de janeiro de 2012

136ª Festa de São Sebastião Mártir

136ª Festa de São Sebastião Mártir

Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

Acontece neste final de semana, mais precisamente nos dias 19 a 22 de janeiro, a 136ª festa de São Sebastião Mártir. Serão 4 dias de muita reza, confraternização e animação para homenagear o padroeiro da paróquia e da cidade de Venâncio Aires. Como já acontece desde 1876, toda comunidade venâncio-airense está mobilizada com as festividades do “Bastião”. A imagem do padroeiro peregrinou por todas as comunidades desde o dia 27 de dezembro enquanto as bandeiras visitaram as famílias levando a benção do santo padroeiro. Neste domingo, após a missa campal das 17 horas, a imagem será levada pelas ruas centrais da cidade, acompanhada por uma grande procissão, promovendo, assim, uma das maiores demonstrações públicas de fé na nossa Diocese.

A festa de São Sebastião Mártir quer avivar a nossa fé no Deus defensor e protetor da vida de seu povo, fazendo um convite a São Sebastião Mártir para que “lute conosco por mais saúde, justiça e paz”. Sabemos que a causa do seu martírio foi sua corajosa defesa da vida dos cristãos. Por isso, neste domingo, as milhares de pessoas que estão sendo esperadas para a missa e a procissão vão rezar confiantes esta oração do padroeiro: “Dai-nos, ó Deus, o espírito de fortaleza, para que, sustentados pelo exemplo de São Sebastião, vosso glorioso mártir, possamos aprender com ele a obedecer mais a Vós que aos homens, colaborando assim na construção do vosso Reino. Amém”.

Sintamo-nos todos convidados a participar desta grandiosa festa em honra a São Sebastião Mártir. Particularmente, quero convidar o povo cristão da nossa região a se unir ao povo de Venâncio Aires na missa e procissão que acontece no domingo de tarde, para assim alcançarmos a graça da fortaleza na missão evangelizadora. Na mesma oportunidade também vamos invocar a graça da saúde para as famílias e pessoas que se devotam a São Sebastião Mártir, fazendo eco à Campanha da Fraternidade de 2012, que nos convida a aprofundar a temática da saúde pública.

Que São Sebastião Mártir interceda junto ao Deus da Vida pela melhoria das condições de saúde da população, inspirando ações que propiciem acesso à saúde pública a todas as pessoas necessitadas. E que a 136ª festa de São Sebastião se torne um marco na busca por saúde, justiça e paz.

Fonte: CNBB

São Sebastião, jovem discípulo de Jesus Cristo!

São Sebastião, jovem discípulo de Jesus Cristo!

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

A Igreja apresenta-nos, neste dia 20 de janeiro, a pessoa de São Sebastião para cultuá-lo como mártir. A festa de nosso querido padroeiro São Sebastião ensina-nos que ele morreu para não renegar a fé em Jesus Cristo. Soldado imperial de Narbona (Gália) ou de Milão, segundo nos relata Santo Ambrósio, sofreu o martírio em Roma, em testemunho de sua fé em Cristo, na época do Imperador Diocleciano.

O culto ininterrupto a ele prestado mostra o lugar de sua sepultura no cemitério da antiga Via Ápia, nas catacumbas de São Sebastião. A Igreja de Roma sempre lhe reservou um lugar privilegiado na iconografia e na Liturgia. A iconografia retrata-o no ato do martírio, basta contemplarmos sua imagem, tão querida de nosso povo carioca – Sebastião está crivado de flechas numa árvore. Contudo, poder-se-ia perguntar: por que a Igreja celebra a memória litúrgica dos mártires? E qual o sentido desta festa para nossa fé?

Para tanto, ser-nos-ia necessário aprofundar na própria história do cristianismo a resposta para a mesma. Etimologicamente a palavra mártir origina-se do grego μάρτυς (martys), "testemunha", este é uma pessoa que morre por sua fé, testemunha, não o masoquismo da dor, do sofrimento, da morte, mas da própria essência de Deus Trindade, que é kenótica. Ou seja, nosso Deus é esvaziamento, é descida por Amor. Em suma, ser mártir é testemunhar com a própria vida o mistério kenótico do Amor de Jesus na cruz.

Pode-se traçar um itinerário do martírio na própria Escritura, quando Caim, que matou seu irmão Abel; José foi vendido como escravo por seus irmãos porque ele compartilhou seu sonho de Deus, que estava a ser exaltado acima de seus irmãos, sem nos olvidar dos profetas do Antigo Testamento que conheceram o escárnio, a dor, a morte. Estas personagens são tipologias do que aconteceu com Jesus, Ele é o grande mártir da história humana, pois testemunha a essência de Deus, que é Amor-doação.
Assim, pode-se pensar nas tipologias e analogia entre Cristo e Sebastião: ambos mortos pelas autoridades constituídas, num madeiro (árvore/cruz) e despidos. Por isto, a Liturgia apresenta aos fiéis a memória dos mártires, que são, na verdade, ícones vivos da Páscoa de Jesus.

Jesus mesmo adverte: "Vede, eu vos envio profetas, sábios, doutores. Matareis e crucificareis uns e açoitareis outros nas vossas sinagogas. Persegui-los-eis de cidade em cidade, para que caia sobre vós todos o sangue inocente derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o templo e o altar” (Mt 23, 34-35). Os mártires testemunham a relação entre o Templo e o altar, pois o altar é o lugar simbólico-sacramental do sacrifício, mas sacrifício de Amor. Os cristãos que foram “testemunhas” do Cristo altar tornaram-se ícones do Altar-Amor de Cristo, trazendo em seus corpos os sinais do Crucificado. Por isto, ensina-nos a teologia litúrgica: Cristo é o Altar, o novo-Templo, edificado não por mãos humanas (carta aos Hebreus), mas feita por nós, batizados-crismados, que fomos mortos com Ele para ressuscitarmos Nele. Assim, a memória de São Sebastião convida-nos a sermos fiéis na nossa Iniciação Cristã, pois somos, com os santos, mártires e doutores da Igreja, corpo de Cristo – Igreja, altar e templos vivos, sinais do Deus Amor.
Por isto, o então Cardeal Ratzinger em sua obra: “Introdução ao Espírito da Liturgia”, corrobora o costume antigo da Igreja de celebrar a Eucaristia em cima dos túmulos dos mártires, estabelecendo esta relação entre o Corpo de Cristo e o corpo do mártir.

Após o período de perseguições dos romanos, que terminou no ano 313 com a Paz de Constantino (Edito de Milão), os cristãos começaram, então, a construir capelas e igrejas sobre os túmulos dos mártires, mas antes celebravam clandestinamente a Eucaristia nas catacumbas. Daí, o costume de na Dedicação do Altar o Ritual Romano prever a colocação de uma relíquia.
O primeiro modelo de cristão a ser cultuado pelos fiéis foi o do mártir. Este, desde cedo, foi tido como o imitador mais perfeito de Cristo, já que o Senhor disse que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).

Distinguindo-se do culto dos pagãos, que tributavam esta apoteose exclusivamente aos Imperadores e aos membros e protegidos da família imperial, os cristãos, ao contrário, reconhecem como santos tanto reis e pontífices como irmãos mais simples, como o cozinheiro São Benedito. Assim, Sebastião é modelo de seguimento de Cristo. Em consonância com a Conferência de Aparecida, que nos convida a ser discípulos e missionários, queremos assumir o seguimento que gera discipulado e missionariedade em nossa Arquidiocese.

Sebastião, soldado da milícia Romana, torna-se militante de Cristo, carregando em seu corpo os sinais preclaros da cruz de Cristo, configurando-se ao Mestre e Senhor, sendo seu seguidor. O seu nome deriva do grego “sebastós”, que significa venerável. Como uma profecia, seu nome anunciava o que seria com a morte – venerável.

Neste ano, nosso trezenário, com as suas peregrinações, nos levou a refletir sobre “São Sebastião, jovem discípulo de Jesus Cristo!” Sim, na festa do padroeiro e patrono de nossa amada cidade e Arquidiocese, queremos convidar nossos fiéis, particularmente os jovens, ao discipulado de Jesus Cristo, como nosso excelso padroeiro, que não temeu a morte e mesmo diante dela disse: Eu creio em Jesus Cristo, o Senhor! Não tenho medo da morte, porque o Vivente, Jesus, caminha comigo e é vida plena!

Contemplando o Cristo Redentor no alto do Corcovado, queremos, como Povo de Deus, suplicar pela intercessão de São Sebastião a proteção da Cidade, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, da Jornada Mundial da Juventude com o Papa em 2013 e de todo o povo brasileiro.

Louvado seja Deus que nos deu Jesus Cristo – mártir por excelência do Amor aos homens! E corroboramos juntos, como discípulos-missionários, com nosso irmão São Sebastião: “Antes de ser oficial do Imperador, sou soldado de Cristo”. Amém.

Fonte: CNBB

Santos Padroeiros

Santos Padroeiros

Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

O mês de janeiro traz marcas evidentes de nossa tradição cultural e religiosa. O dia 20, por exemplo, é a festa de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro. E no dia 25, a festa de São Paulo coincide com o aniversário da fundação da cidade, em 1554.
E assim daria para lembrar diversos ouros nomes de Estados e Cidades, que levam o nome de santos. São Salvador da Bahia é o nome da primeira capital do país. E a baía que banha a cidade e os seus entornos é nada mais do que a Baía de Todos os Santos!

Se a cidade tem nome, o seu padroeiro serve de sobretudo. Ou vice versa, tanto faz. Assim, por exemplo, se chamava a “província” situada no extremo sul do país, a “Província de São Pedro do Rio Grande”. Depois São Pedro ficou esquecido, ou relegado a padroeiro da Catedral da cidade de Rio Grande, onde fica o porto, bem maior que o “Porto Alegre dos Casais”, que também deixou os “casais” pelo caminho, para ficar com a alegria do porto! Santa Catarina era o nome da Ilha. Depois emprestou seu nome a todo o Estado!

O Maranhão, desde o começo, foi batizado como “São Luiz do Maranhão”, colonizado pelos franceses, que quiseram honrar o rei que tinha sido santo, no mesmo trono de tantos outros que com certeza não o foram! O Estado do Espírito Santo já foi mais atrevido, invocou o nome de uma das três pessoas da Santíssima Trindade.

Ao redor de São Paulo se ensaiou uma espécie de ladainha de todos os santos, com o famoso ABC - Santo André, São Bernardo e São Caetano, que prolongam a megalópole, acrescentando alguns milhões de habitantes, aos muitos que a capital já tem.
Em todo o caso, a invocação dos padroeiros evidencia a intuição da fé cristã, que nos alerta, com discrição e insistência, que esta vida tem outro lado, tem outra dimensão, tem outro significado, que simbolicamente é expresso pelo nome do Santo que acompanha o toponímio.

Sem a invocação de um santo o nome parece incompleto. É o caso pitoresco que aconteceu com uma cidade da Diocese de Jales. O fundador lhe deu o nome de sua filha, Albertina, para que assim se chamasse a cidade que ele fundou. Mas, o povo achou pouco. Acrescentou o adjetivo “santa”. De modo que, oficialmente, a cidade passou a ser chamar de “Santa Albertina”. Acontece que não existe no calendário cristão esta santa! Mas assim mesmo o povo fez questão que a cidade se chamasse de “Santa Albertina”!

Ainda bem que agora a Igreja está providenciando uma Santa Albertina de verdade, com a beatificação da adolescente que morreu em defesa de sua dignidade, a Albertina Berkenbrock, cuja canonização se espera para breve. Assim Santa Albertina terá uma santa de verdade para invocar como sua padroeira.

Moral da história: quer levemos o nome de algum padroeiro, ou não, a melhor proposta é seguir os santos, e garantir um lugar junto deles no céu, pois a geografia aqui na terra não está muito garantida, não!

Fonte: CNBB

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Martírio de Policarpo de Esmirna

Martírio de Policarpo de Esmirna

Roque Frangiotti

Por volta do ano 400, um autor anônimo se faz passar pelo sacerdote Piônio de Esmirna (morto em 250), escreve uma vida de Policarpo. Embora totalmente lendário, insere nela o texto completo, autêntico, da carta da Igreja de Esmirna endereçada à Igreja de Filomélio, relatando o martírio de Policarpo.

Trata-se de um texto, no gênero literário epistolar, escrito logo depois da morte de Policarpo (+- 150 d.C), endereçado à Igreja de Filomélio. Este é o primeiro texto cristão que descreve o martírio, e também o primeiro a usar este título de "mártir" para designar um cristão morto pela fé. O texto parece ter sofrido influências de narrações semelhantes do judaísmo de II e III Macabeus. Por sua vez, influenciou o desenvolvimento deste gênero literário entre os cristãos, o que fez Renan declarar: "Este belo trecho constitui o mais antigo exemplo conhecido das Atas de martírio. Foi o modelo que se imitou e que forneceu a marcha e as partes essenciais destas espécies de composições"1.

De fato, parece ser um texto tão importante que leva J. Lebreton a afirmar: "O historiador das origens da religião cristã não poderia desejar um texto mais autorizado"2. H. Delehaye destaca o valor histórico deste documento afirmando: "É o mais antigo documento hagiográfico que possuímos e não há uma só voz para dizer que existe outro mais belo. Basta relê-lo e pesar cada frase para se persuadir de que esta narração é a que pretende ser a relação de um contemporâneo que conheceu o mártir, o viu no meio das chamas, tocou com suas mãos os restos do santo corpo"3.

É o segundo texto mais antigo que se verifica o uso da expressão "Igreja católica" pelos cristãos primitivos. O Capítulo 20 nos informa que esta "narração sumária" foi redigida por certo Marcião, um irmão da igreja de Esmirna. O copista que transcreveu a carta foi Evaristo. É de fato, um sumário, se pensa nos onze mártires que precederam Policarpo.


[1] - Renan, L'Églesie chrétienne, Paris, 1879, p.492
[2] - J. Lebreton, Histoire du dogme de la Trinité, t. II, Paris, 1928, p.200.
[3] - Les passiones des martyrs et les genres littéraires, Bruxelas, 1922, p.12-13.

Fonte: Padres Apostólicos, Volume I, Coleção Patrística. Ed. Paulus

Comentário do Apologistas Católicos, por Jonadabe Santos Rios:

É impressionante a narração dos martírios destes vitoriosos cristãos primitivos, e o de Policarpo é especialmente emocionante, além de, é claro, conter informações muito importantes sobre a fé primitiva.

Nelas podemos ver, por exemplo, a crença na ressurreição dos mortos hoje tão esquecida e negligenciada.

Estes cristãos primitivos acreditavam sim em um tipo de consciência após a morte ao lado de Jesus Cristo (não do mesmo tipo de crença popular hoje), mas também não deixavam de pregar a ressurreição dos mortos. Esta era a principal esperança deles. A ressurreição de Jesus nos mostra que Deus não abandonou sua criação e que seu trabalho de restauração do mundo começou assim que Jesus viveu novamente.

Aconselho principalmente aos que acreditam em um tipo de reencarnação como a pregada pelo Espíritismo, e vivem dizendo que os cristãos primitivos ensinavam a reencarnação, que passem a ler o que tais cristãos primitivos nos dizem, em vez de apresentar teorias milaborantes.

Hoje em alguns lugares, não é muito diferente ver cristãos sendo perseguidos por sua fé, como o caso de algumas postagens recentes.


Triste é ver que boa parte dos que se dizem cristãos vivem indiferentes a isso.

Glórias a Deus pela vida de tais pessoas!

Fonte: Apologistas Católicos

domingo, 1 de janeiro de 2012

Beato João Paulo II: Breve Biografia

Biografia de João Paulo II, lida durante a cerimônia de sua Beatificação na Praça São Pedro, Roma, no dia 01 de maio de 2011.

Karol Józef WoJtyła, eleito Papa a 16 de Outubro de 1978, nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de Maio de 1920. Foi o segundo de dois filhos de Karol Wojtyła e de Emília Kaczorowska, que faleceu em 1929. O seu irmão mais velho, Edmund, médico, morre em 1932, e o seu pai, oficial do Exército, em 1941.

Aos nove anos recebeu a Primeira Comunhão e aos dezoito o sacramento da Confirmação. Terminados os estudos na Escola Superior de Wadowice, inscreveu-se em 1938 na Universidade Jagellónica de Cracóvia.

Depois de as forças ocupantes nazis encerrarem a Universidade em 1939, o jovem Karol trabalhou (1940-1944) numa mina e, posteriormente, na fábrica química Solvay, para poder sustentar-se e evitar a deportação para a Alemanha.

A partir de 1942, sentindo-se chamado ao sacerdócio, frequentou o Curso de Formação do Seminário Maior clandestino de Cracóvia, dirigido pelo Arcebispo local, o Cardeal Adam Stefan Sapieha. Simultaneamente, foi um dos promotores do «Teatro Rapsódico», também este clandestino.

Depois da guerra, continuou os estudos no Seminário Maior de Cracóvia, novamente aberto, e na Faculdade de Teologia da Universidade Jagellónica, até à sua ordenação sacerdotal em Cracóvia a 1 de Novembro de 1946. Depois foi enviado pelo Cardeal Sapieha a Roma, onde obteve o doutoramento em Teologia (1948), com uma tese sobre o conceito da fé nas obras de São João da Cruz. Naquele período - durante as suas férias - exerceu o ministério pastoral entre os emigrantes polacos na França, Bélgica e Holanda.

Em 1948, regressou à Polónia e foi coadjutor, primeiro na paróquia de Niegowić, próxima de Cracóvia, e depois na de São Floriano, na própria cidade. Foi capelão universitário até 1951, quando retomou os seus estudos filosóficos e teológicos. Em 1953 apresentou na Universidade Católica de Lublin uma tese sobre a possibilidade de fundar uma ética cristã a partir do sistema ético de Max Scheler. Mais tarde, tornou-se professor de Teologia Moral e Ética no Seminário Maior de Cracóvia e na Faculdade de Teologia de Lublin.

Em 4 de Julho de 1958, o Papa Pio XII nomeou-o Bispo Auxiliar de Cracóvia e Titular de Ombi. Recebeu a ordenação episcopal em 28 de Setembro de 1958 na Catedral de Wawel (Cracóvia), das mãos do Arcebispo Eugeniusz Baziak.

A 13 de Janeiro de 1964 foi nomeado Arcebispo de Cracóvia pelo Papa Paulo VI, que o criou Cardeal a 26 de Junho de 1967.

Participou no Concílio Vaticano II (1962-65), dando um contributo importante na elaboração da Constituição Gaudium et Spes. O Cardeal Wojtyła tomou também parte na V Assembleia do Sínodo dos Bispos anterior ao seu Pontificado.

Foi eleito Papa em 16 de Outubro de 1978 e, em 22 de Outubro, deu início ao seu ministério de Pastor Universal da Igreja.

O Papa João Paulo II realizou 146 visitas pastorais em Itália e, como Bispo de Roma, visitou 317 das actuais 332 paróquias romanas. As viagens apostólicas pelo mundo - expressão da constante solicitude pastoral do Sucessor de Pedro por toda a Igreja - foram 104.

Entre os seus principais documentos, contam-se 14 Encíclicas, 15 Exortações Apostólicas, 11 Constituições Apostólicas e 45 Cartas Apostólicas. Ao Papa João Paulo II devem-se ainda 5 livros: «Atravessar o Limiar da Esperança» (Outubro de 1994); «Dom e Mistério: Nas minhas Bodas de Ouro Sacerdotais» (Novembro de 1996); «Tríptico Romano», meditações em forma de poesia (Março de 2003); «Levantai-vos! Vamos!» (Maio de 2004) e «Memória e Identidade» (Fevereiro de 2005).

O Papa João Paulo II celebrou 147 ritos de Beatificação - nos quais proclamou 1338 Beatos - e 51 Canonizações, com um total de 482 Santos. Realizou 9 Consistórios, nos quais criou 231 Cardeais (+ 1 in pectore). Presidiu ainda a 6 Reuniões Plenárias do Colégio Cardinalício.

Desde 1978, convocou 15 Assembleias do Sínodo dos Bispos: 6 gerais ordinárias (1980, 1983, 1987, 1990, 1994 e 2001), 1 assembleia-geral extraordinária (1985) e 8 assembleias especiais (1980, 1991, 1994, 1995, 1997, 1998 e 1999).

A 13 de Maio de 1981, na Praça de São Pedro, sofreu um grave atentado. Perdoou ao autor do atentado. Salvo pela mão materna da Mãe de Deus, submeteu-se a uma longa recuperação. Convencido de ter recebido uma nova vida, intensificou os seus empenhos pastorais com heróica generosidade.

A sua solicitude de Pastor manifestou-se, entre outras coisas, na erecção de numerosas dioceses e circunscrições eclesiásticas, na promulgação do Código de Direito Canónico Latino e das Igrejas Orientais, e na promulgação do Catecismo da Igreja Católica. Propôs ao Povo de Deus momentos de particular intensidade espiritual como o Ano da Redenção, o Ano Mariano e o Ano da Eucaristia, culminando no Grande Jubileu do Ano 2000. Foi ao encontro das novas gerações, com a celebração das Jornadas Mundiais da Juventude.

Nenhum outro Papa encontrou tantas pessoas como João Paulo II: nas Audiências Gerais das Quartas-feiras (cerca de 1160) participaram mais de 17 milhões e 600 mil peregrinos, sem contar as outras Audiências especiais e as cerimónias religiosas (mais de 8 milhões de peregrinos apenas no decorrer do Grande Jubileu do Ano 2000) e os milhões de fiéis contactados durante as visitas pastorais em Itália e no mundo; numerosas também as personalidades de Governo recebidas em Audiência: basta recordar as 38 Visitas Oficiais e as restantes 78 Audiências ou Encontros com Chefes de Estado, como também as 246 Audiências e Encontros com Primeiros-Ministros.

Morreu em Roma, no Palácio Apostólico do Vaticano, às 21.37h de sábado 2 de Abril de 2005, vigília do Domingo in Albis e da Divina Misericórdia, por ele instituído. Os funerais solenes na Praça de São Pedro e a sepultura nas Grutas Vaticanas foram celebrados a 8 de Abril.

Fonte: Zenit.org e Adapostólica

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI NA MISSA DE BEATIFICAÇÃO DE JOÃO PAULO II

Homilia de Bento XVI na Missa de Beatificação de João Paulo II. Roma, 01 de maio de 2011.

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI NA MISSA DE BEATIFICAÇÃO DE JOÃO PAULO II

Átrio da Basílica Vaticana
Domingo, 1° de Maio de 2011



Amados irmãos e irmãs,

Passaram já seis anos desde o dia em que nos encontrávamos nesta Praça para celebrar o funeral do Papa João Paulo II. Então, se a tristeza pela sua perda era profunda, maior ainda se revelava a sensação de que uma graça imensa envolvia Roma e o mundo inteiro: graça esta, que era como que o fruto da vida inteira do meu amado Predecessor, especialmente do seu testemunho no sofrimento. Já naquele dia sentíamos pairar o perfume da sua santidade, tendo o Povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele. Por isso, quis que a sua Causa de Beatificação pudesse, no devido respeito pelas normas da Igreja, prosseguir com discreta celeridade. E o dia esperado chegou! Chegou depressa, porque assim aprouve ao Senhor: João Paulo II é Beato!

Desejo dirigir a minha cordial saudação a todos vós que, nesta circunstância feliz, vos reunistes, tão numerosos, aqui em Roma vindos de todos os cantos do mundo: cardeais, patriarcas das Igrejas Católicas Orientais, irmãos no episcopado e no sacerdócio, delegações oficiais, embaixadores e autoridades, pessoas consagradas e fiéis leigos; esta minha saudação estende-se também a quantos estão unidos connosco através do rádio e da televisão.

Estamos no segundo domingo de Páscoa, que o Beato João Paulo II quis intitular Domingo da Divina Misericórdia. Por isso, se escolheu esta data para a presente celebração, porque o meu Predecessor, por um desígnio providencial, entregou o seu espírito a Deus justamente ao anoitecer da vigília de tal ocorrência. Além disso, hoje tem início o mês de Maio, o mês de Maria; e neste dia celebra-se também a memória de São José operário. Todos estes elementos concorrem para enriquecer a nossa oração; servem-nos de ajuda, a nós que ainda peregrinamos no tempo e no espaço; no Céu, a festa entre os Anjos e os Santos é muito diferente! E todavia Deus é um só, e um só é Cristo Senhor que, como uma ponte, une a terra e o Céu, e neste momento sentimo-lo muito perto, sentimo-nos quase participantes da liturgia celeste.

«Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20, 29). No Evangelho de hoje, Jesus pronuncia esta bem-aventurança: a bem-aventurança da fé. Ela chama de modo particular a nossa atenção, porque estamos reunidos justamente para celebrar uma Beatificação e, mais ainda, porque o Beato hoje proclamado é um Papa, um Sucessor de Pedro, chamado a confirmar os irmãos na fé. João Paulo II é Beato pela sua forte e generosa fé apostólica. E isto traz imediatamente à memória outra bem-aventurança: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus» (Mt 16, 17). O que é que o Pai celeste revelou a Simão? Que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus vivo. Por esta fé, Simão se torna «Pedro», rocha sobre a qual Jesus pode edificar a sua Igreja. A bem-aventurança eterna de João Paulo II, que a Igreja tem a alegria de proclamar hoje, está inteiramente contida nestas palavras de Cristo: «Feliz de ti, Simão» e «felizes os que acreditam sem terem visto». É a bem-aventurança da fé, cujo dom também João Paulo II recebeu de Deus Pai para a edificação da Igreja de Cristo.

Entretanto perpassa pelo nosso pensamento mais uma bem-aventurança que, no Evangelho, precede todas as outras. É a bem-aventurança da Virgem Maria, a Mãe do Redentor. A Ela, que acabava de conceber Jesus no seu ventre, diz Santa Isabel: «Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor» (Lc 1, 45). A bem-aventurança da fé tem o seu modelo em Maria, pelo que a todos nos enche de alegria o facto de a beatificação de João Paulo II ter lugar no primeiro dia deste mês mariano, sob o olhar materno d’Aquela que, com a sua fé, sustentou a fé dos Apóstolos e não cessa de sustentar a fé dos seus sucessores, especialmente de quantos são chamados a sentar-se na cátedra de Pedro. Nas narrações da ressurreição de Cristo, Maria não aparece, mas a sua presença pressente-se em toda a parte: é a Mãe, a quem Jesus confiou cada um dos discípulos e toda a comunidade. De forma particular, notamos que a presença real e materna de Maria aparece assinalada por São João e São Lucas nos contextos que precedem tanto o Evangelho como a primeira Leitura de hoje: na narração da morte de Jesus, onde Maria aparece aos pés da Cruz (Jo 19, 25); e, no começo dos Actos dos Apóstolos, que a apresentam no meio dos discípulos reunidos em oração no Cenáculo (Act 1, 14).

Também a segunda Leitura de hoje nos fala da fé, e é justamente São Pedro que escreve, cheio de entusiasmo espiritual, indicando aos recém-baptizados as razões da sua esperança e da sua alegria. Apraz-me observar que nesta passagem, situada na parte inicial da sua Primeira Carta, Pedro exprime-se não no modo exortativo, mas indicativo. De facto, escreve: «Isto vos enche de alegria»; e acrescenta: «Vós amais Jesus Cristo sem O terdes conhecido, e, como n’Ele acreditais sem O verdes ainda, estais cheios de alegria indescritível e plena de glória, por irdes alcançar o fim da vossa fé: a salvação das vossas almas» (1 Ped 1, 6.8-9). Está tudo no indicativo, porque existe uma nova realidade, gerada pela ressurreição de Cristo, uma realidade que nos é acessível pela fé. «Esta é uma obra admirável – diz o Salmo (118, 23) – que o Senhor realizou aos nossos olhos», os olhos da fé.

Queridos irmãos e irmãs, hoje diante dos nossos olhos brilha, na plena luz de Cristo ressuscitado, a amada e venerada figura de João Paulo II. Hoje, o seu nome junta-se à série dos Santos e Beatos que ele mesmo proclamou durante os seus quase 27 anos de pontificado, lembrando com vigor a vocação universal à medida alta da vida cristã, à santidade, como afirma a Constituição conciliar Lumem gentium sobre a Igreja. Os membros do Povo de Deus – bispos, sacerdotes, diáconos, fiéis leigos, religiosos e religiosas – todos nós estamos a caminho da Pátria celeste, tendo-nos precedido a Virgem Maria, associada de modo singular e perfeito ao mistério de Cristo e da Igreja. Karol Wojtyła, primeiro como Bispo Auxiliar e depois como Arcebispo de Cracóvia, participou no Concílio Vaticano II e bem sabia que dedicar a Maria o último capítulo da Constituição sobre a Igreja significava colocar a Mãe do Redentor como imagem e modelo de santidade para todo o cristão e para a Igreja inteira. Foi esta visão teológica que o Beato João Paulo II descobriu na sua juventude, tendo-a depois conservado e aprofundado durante toda a vida; uma visão, que se resume no ícone bíblico de Cristo crucificado com Maria ao pé da Cruz. Um ícone que se encontra no Evangelho de João (19, 25-27) e está sintetizado nas armas episcopais e, depois, papais de Karol Wojtyła: uma cruz de ouro, um «M» na parte inferior direita e o lema «Totus tuus», que corresponde à conhecida frase de São Luís Maria Grignion de Monfort, na qual Karol Wojtyła encontrou um princípio fundamental para a sua vida: «Totus tuus ego sum et omnia mea tua sunt. Accipio Te in mea omnia. Praebe mihi cor tuum, Maria – Sou todo vosso e tudo o que possuo é vosso. Tomo-vos como toda a minha riqueza. Dai-me o vosso coração, ó Maria» (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 266).

No seu Testamento, o novo Beato deixou escrito: «Quando, no dia 16 de Outubro de 1978, o conclave dos cardeais escolheu João Paulo II, o Card. Stefan Wyszyński, Primaz da Polónia, disse-me: “A missão do novo Papa será a de introduzir a Igreja no Terceiro Milénio”». E acrescenta: «Desejo mais uma vez agradecer ao Espírito Santo pelo grande dom do Concílio Vaticano II, do qual me sinto devedor, juntamente com toda a Igreja e sobretudo o episcopado. Estou convencido de que será concedido ainda por muito tempo, às sucessivas gerações, haurir das riquezas que este Concílio do século XX nos prodigalizou. Como Bispo que participou no evento conciliar, desde o primeiro ao último dia, desejo confiar este grande património a todos aqueles que são, e serão, chamados a realizá-lo. Pela minha parte, agradeço ao Pastor eterno que me permitiu servir esta grandíssima causa ao longo de todos os anos do meu pontificado». E qual é esta causa? É a mesma que João Paulo II enunciou na sua primeira Missa solene, na Praça de São Pedro, com estas palavras memoráveis: «Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!». Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e económicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus –, uma tendência que parecia irreversível. Com o seu testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, este filho exemplar da Nação Polaca ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho. Numa palavra, ajudou-nos a não ter medo da verdade, porque a verdade é garantia de liberdade. Sintetizando ainda mais: deu-nos novamente a força de crer em Cristo, porque Cristo é o Redentor do homem – Redemptor hominis: foi este o tema da sua primeira Encíclica e o fio condutor de todas as outras.

Karol Wojtyła subiu ao sólio de Pedro trazendo consigo a sua reflexão profunda sobre a confrontação entre o marxismo e o cristianismo, centrada no homem. A sua mensagem foi esta: o homem é o caminho da Igreja, e Cristo é o caminho do homem. Com esta mensagem, que é a grande herança do Concílio Vaticano II e do seu «timoneiro» – o Servo de Deus Papa Paulo VI –, João Paulo II foi o guia do Povo de Deus ao cruzar o limiar do Terceiro Milénio, que ele pôde, justamente graças a Cristo, chamar «limiar da esperança». Na verdade, através do longo caminho de preparação para o Grande Jubileu, ele conferiu ao cristianismo uma renovada orientação para o futuro, o futuro de Deus, que é transcendente relativamente à história, mas incide na história. Aquela carga de esperança que de certo modo fora cedida ao marxismo e à ideologia do progresso, João Paulo II legitimamente reivindicou-a para o cristianismo, restituindo-lhe a fisionomia autêntica da esperança, que se deve viver na história com um espírito de «advento», numa existência pessoal e comunitária orientada para Cristo, plenitude do homem e realização das suas expectativas de justiça e de paz.

Por fim, quero agradecer a Deus também a experiência de colaboração pessoal que me concedeu ter longamente com o Beato Papa João Paulo II. Se antes já tinha tido possibilidades de o conhecer e estimar, desde 1982, quando me chamou a Roma como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, pude durante 23 anos permanecer junto dele crescendo sempre mais a minha veneração pela sua pessoa. O meu serviço foi sustentado pela sua profundidade espiritual, pela riqueza das suas intuições. Sempre me impressionou e edificou o exemplo da sua oração: entranhava-se no encontro com Deus, inclusive no meio das mais variadas incumbências do seu ministério. E, depois, impressionou-me o seu testemunho no sofrimento: pouco a pouco o Senhor foi-o despojando de tudo, mas permaneceu sempre uma «rocha», como Cristo o quis. A sua humildade profunda, enraizada na união íntima com Cristo, permitiu-lhe continuar a guiar a Igreja e a dar ao mundo uma mensagem ainda mais eloquente, justamente no período em que as forças físicas definhavam. Assim, realizou de maneira extraordinária a vocação de todo o sacerdote e bispo: tornar-se um só com aquele Jesus que diariamente recebe e oferece na Igreja.

Feliz és tu, amado Papa João Paulo II, porque acreditaste! Continua do Céu – nós te pedimos – a sustentar a fé do Povo de Deus. Muitas vezes, do Palácio, tu nos abençoaste nesta Praça! Hoje nós te pedimos: Santo Padre, abençoa-nos! Amen.

Fonte: Adapostólica

João Paulo II: Admirável sim, mas também imitável.

No dia 01 de maio passado, a Igreja toda foi tomada por uma imensa alegria com a histórica beatificação de João Paulo II. Pe. Gaspar Pelegrini

No dia 01 de maio passado, a Igreja toda foi tomada por uma imensa alegria com a histórica beatificação de João Paulo II.
Sim, histórica! Porque havia muitos séculos que um Papa não beatificava seu antecessor imediato.
Histórica, porque feita apenas seis anos após sua morte.
Histórica, porque se trata de uma pessoa que fez história, que vai ficar para a história. Um pontificado longo, fecundo, providencial, singular.
Beatificação histórica também porque a mais concorrida de toda a história.
Histórica ainda, porque foi a mais universal de todas as realizadas até hoje. A Igreja inteira esperava com ansiedade e se encheu de júbilo com seu anúncio e com sua realização. No dia primeiro de maio, a Igreja toda estava em festa, juntamente com o céu.
Tudo isso que até agora dissemos causa-nos admiração, estupefação. Acontece que os santos não foram feitos só para serem admirados. Eles nos são propostos para serem imitados, copiados, seguidos.
Não podemos aqui, na escassez de espaço que temos, mostrar todos os aspectos em que João Paulo II se mostrou exemplo. O resultado não seria um artigo, mas um livro, ou muito mais do que isso.
Como nosso boletim é vocacional, vamos nos limitar a mostrar o nosso Beato como um modelo de como se responde, se corresponde ao chamado, às iniciativas de Deus.
Por trás desta figura extraordinária, o Papa que mais escreveu, o Papa que mais viajou, o Papa que mais beatificou e mais canonizou, o Papa que mais foi amado, e que talvez mais foi odiado (como o provam as tentativas de matá-lo), o Papa que mais pessoas recebeu, etc., etc., por trás desta pessoa extraordinária, repito, existe uma história de heroísmo, de generosidade, de confiança total e abandono constante aos planos de Deus, e à ação materna de Nossa Senhora. Totus tuus...
João Paulo II não se tornou este gigante num piscar de olhos, por uma espécie de magia. Nem foi fabricado pela mídia. Não. O que aconteceu com ele, o que ele fez é o que todos nós devemos fazer, nas mais diversas circunstâncias de nossa vida, nas mais distintas vocações a que Deus chama seus filhos.
Como lembrou o Papa Bento XVI na homilia durante seus funerais, a cada momento de sua vida, Jesus ia-lhe dizendo, como a São Pedro: Segue-me. E ele, sem saber até onde Cristo o queria conduzir, foi respondendo a cada convite com seu generoso “sim”.
Foi assim que abandonou a grande paixão de sua juventude: o teatro. Foi assim que decidiu ser sacerdote num momento em que tudo desaconselharia seguir este caminho.
Foi respondendo a este chamado que aceitou ser seminarista clandestino, colocando sua vida em risco. O risco era grande, mas a certeza de que Deus estava com ele, de que a Virgem Maria não o abandonaria nunca, foi muito maior e mais forte. Foi irresistível. Talvez tenha sido profética a brincadeira que fizeram com ele quando colaram na porta de seu quarto estes dizeres: “Seminarista Woitilla, que um dia será Santo!”
Depois veio a ordenação sacerdotal, os anos de ministério. Depois Cristo o chamou para o episcopado. E ele, sempre com a mesma generosidade e confiança, ia-se abandonando nas mãos dAquele que cunduz a história.
Depois cardeal. Recebe a missão de colaborar mais de perto com o Sucessor de Pedro, a missão de escolher o próprio sucessor do Pescador da Galiléia. Assim ele esteve no conclave que elegeu João Paulo I.
Até que um dia... Deus lhe pede mais: Não só ajudar a escolher um novo Papa, mas pede-lhe que ele aceite ser o Papa.
Era um “Segue-Me” muito diferente, muito desafiador, num momento em que o rumo da Igreja dependeria muito da ação de um gigante, de um marinheiro habilidoso, como Pedro no Mar da Galiléia, um Papa que conseguisse fazer a Barca da Igreja enfrentar tempestades, ventos e ataques de fora e de dentro, como S. João Bosco viu em sonhos.
Mas isto, vamos deixar para a próxima vez, pois será uma longa e linda história.

Fonte: Adapostólica

Santos Juninos

Dom Fernando Arêas Rifan - Artigo publicado no jornal "A Folha da Manhã", Campos, no dia 15 de junho de 2011, quarta-feira.

No mês de junho, temos as tradicionais festas juninas. Devemos nos lembrar que, ao menos originalmente, elas existem para comemorar três santos de grande importância, cuja festa se celebra neste mês: Santo Antônio, dia 13, segunda-feira passada, São João Batista, dia 24, e São Pedro, dia 29.


Santo Antônio de Pádua, também chamado, sobretudo pelos portugueses, Santo Antônio de Lisboa, nasceu em Lisboa, chamava-se Fernando, foi cônego agostiniano e entrou, pelo desejo do martírio, na Ordem Franciscana, tomando o nome de Antônio. Foi grande pregador, recebendo as alcunhas de “Doutor Evangélico” e “martelo dos hereges”, terminando a sua vida em Pádua, na Itália. É o santo dos milagres, tal a quantidade de fatos extraordinários e sobrenaturais que acompanhavam a sua pregação. Sua língua está miraculosamente conservada em Pádua, há mais de 700 anos.


São João Batista foi o precursor de Jesus, aquele que o apresentou ao povo de Israel. Filho de Zacarias e Santa Isabel, foi santificado ainda no seio materno quando da visita de Nossa Senhora, já grávida do Menino Jesus. Por isso a Igreja festeja, dia 24, o seu nascimento, ao contrário de todos os outros santos, dos quais ela só comemora a morte, ou seja, seu nascimento para o Céu. Desde criança, retirou-se para o deserto para fazer penitência e se preparar para sua futura missão. Ministrava ao povo o batismo de penitência, ao qual Jesus também acorreu, por humildade. São João Batista era o homem da verdade, sem acepção de pessoas. Por isso admoestava o Rei Herodes contra o seu pecado de infidelidade conjugal e incesto, o que atraiu a ira da amante do rei, Herodíades, que instigou o rei a metê-lo no cárcere. No dia do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades, Salomé, dançou na frente dos convivas, o que levou o rei, meio embriagado, a prometer-lhe como prêmio qualquer coisa que pedisse. A filha perguntou a mãe, que não perdeu a oportunidade de vingar-se daquele que invectivava seu pecado. Fez a filha pedir ao rei a cabeça de João Batista. João foi decapitado na prisão, merecendo o elogio de Jesus, por ser um homem firme e não uma cana agitada pelo vento: “Entre os nascidos de mulher não apareceu ninguém igual a João Batista”.


João Batista foi fiel imitador de Jesus Cristo, caminho, verdade e vida, aquele que, como disse o poeta João de Deus, ensinou-nos a verdade “e morreu para mostrar/ que a gente pela verdade/ se deve deixar matar”.


São Pedro foi Apóstolo de Jesus, por ele escolhido para chefe do colégio apostólico e da sociedade hierárquica visível que ele fundaria, simbolizado isso pela entrega das chaves do Reino dos Céus, ou seja, da sua Igreja. Pescador do mar da Galiléia, foi por Jesus transformado em pescador de homens. Após ter chorado o seu pecado de negação do seu divino Mestre, foi por ele consagrado seu vigário aqui na terra. São Pedro fundou a Igreja de Roma, da qual foi o primeiro bispo. Seu sucessor é o Papa, bispo de Roma, vigário de Cristo.




Dom Fernando Arêas Rifan
Bisbo Titular de Cedamusa
Administrador Apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

Fonte: Adapostólica