Adoráveis mulheres – Parte Um
06 jun 2011 5 Comentários
por lucianalachance em dona-de-casa, esposa, família Tags:educação, mulher católica
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1 – Educação de meninos e meninas
No ano passado, eu tinha cerca de nove alunas na minha pequena turma de catequese, além de cinco meninos. A mais nova delas tinha nove anos, e a mais velha, onze. Meu então noivo (hoje marido) e eu preparamos as crianças para a primeira comunhão, e dentre os assuntos que separamos do catecismo propriamente dito, uma de nossas metas era criar um universo de meninas para meninas, e um universo de meninos para meninos. Pode parecer inusitado incluir este objetivo quando se está dando lições para o sacramento, mas sabíamos que estávamos com uma difícil tarefa nas mãos: plantar uma pequena semente, para que ela desse frutos, com a graça de Deus, no futuro. As crianças precisavam mais do que decorar as verdades da fé, elas precisavam aprender a serem elas mesmas. Eu cuidava das meninas, e Vladimir dos meninos. Vou me deter na história das meninas:
A Igreja sempre recomendou, vivamente, que se educassem meninos e meninas separadamente. É impossível resumir, neste breve texto, todos os prejuízos trazidos com a educação mista – mas sabemos que são muitos. Não há mais disciplinas direcionadas às aptidões próprias de cada sexo, mas uma verdadeira educação unissex, que não pôde sequer admitir que as moças continuassem com os uniformes de moças – ou seja, as saias e vestidos como farda escolar. O cardeal Palazzini escreveu:
“Co-educação é a educação de meninos e meninas feita em comum com o fim de favorecer um pretenso encontro natural e progressivo entre os dois sexos. Além dos propugnadores do naturalismo e de alguns protestantes, (…) tal método tem sido elogiado também por alguns católicos. (…) Porém a Igreja tem-se declarado constantemente contrária a tal método, porque tem visto nele um grave perigo para a pureza e para a formação dos jovens. Com efeito, a comparação com a vida familiar é claramente forçada.” [1]
O resultado de tal educação mista é que os jovens atualmente vivem uma relação de camaradagem que descamba no amor livre. [2] É possível perceber isto claramente quando se educa crianças e jovens. No meu caso, que também ensinava numa escola pública, não podia deixar de observar como as consequências são desastrosas – sobretudo nas meninas. Elas estão masculinizadas: nas atitudes, nas palavras, na maneira de sentar-se, no modo como se relacionam com os garotos. Um aluno meu disse-me ano passado durante a aula de língua portuguesa (quando eu o repreendi por ter falado uma palavra inadequada, e “ainda mais na frente de sua colega“):
- Mas, professora, a senhora não sabe que ela fala coisas piores do que eu?
Estes meninos e meninas, que crescem sem respeito entre si – e sem qualquer mistério – não tarde começam a se relacionar. Agora, que tipo de relacionamento é esse que se inicia entre um rapaz de péssimos modos, e uma moça que tem as mesmas atitudes? Basta observarmos o que são os relacionamentos atuais: sem cerimônias, repleto de liberdades e imoralidades, cada qual tirando o maior proveito que pode da dignidade do outro. Mesmo entre os bons namorados católicos sobrevive a pergunta (e geralmente, é o homem que a faz): “o que eu posso fazer num namoro?“, que equivale à pergunta: “até onde eu posso usar essa moça? até onde me é permitido ter prazer com ela?“.
Em um mundo onde as pessoas fazem o máximo de imprudências, as “boas pessoas” desejam fazer o mínimo de virtudes. Por isso elas desejam ardentemente descobrir o que elas podem “fazer num namoro”, pois dessa forma pretendem usar até a última prerrogativa do que lhes for permitido. Pouco importa quem lhes diga que “é possível fazer certas coisas”, desde que esta pessoa esteja de acordo que o rapaz pode sim, usar um pouquinho a namorada. Nenhum rapaz é honesto e católico o suficiente para perguntar: “como eu posso respeitar ainda mais a minha namorada ou noiva?” – pois eles sabem que esta pergunta os obrigaria a renunciar muitas coisas. Os obrigaria, em suma, a preservar a inocência da moça, a tratá-la com todo decoro e delicadeza… é de partir o coração, mas a juventude hoje não procura saber o que pode fazer de mais virtuoso, mas apenas o mínimo. É o cúmulo da mediocridade.
Todos os sábados de manhã (além do material básico do catecismo), eu procurava levar desenhos de colorir com imagens delicadas, filmes para emprestar para as meninas, histórias de fadas, livros, músicas… as meninas ficavam encantadas com tudo aquilo, mas infelizmente 1 ano é muito pouco tempo. Contra aquele pequeno universo que eu tentava criar uma vez por semana, havia as famílias, a televisão, a escola, o mundo. E as famílias eram péssimas. Apenas duas alunas tinham pais que frequentavam a igreja, e apenas 1 (uma!) podia dizer que os pais receberam o sacramento do matrimônio.
2 – Onde está o universo feminino?
” A todos é notório como a prudente separação entre os jovens e as jovens, que existia até há alguns decênios, praticamente desapareceu atualmente. Nas escolas, nas fábricas, nos escritórios e em toda sorte de agrupações, os jovens de ambos os sexos costumam viver juntos em uma camaradagem aparentemente assexual; encontram-se a qualquer hora do dia e da noite, e se reúnem em bailes, excursões, acampamentos, etc., sem nenhum acompanhamento de parentes, e assim por diante. E isto pode favorecer qualquer irregularidade moral.” - Dicionário de Teologia moral [3]
É tolo dizer que a necessidade da separação entre homens e mulheres seja apenas um arcaísmo, coisa de “tempos passados”. Quem de nós, moças, não poderá dizer que passou um grande inconveniente com rapazes? Amigos que tomaram certas liberdades? Muitas afirmam que, durante a adolescência, acabavam por ter “mais amigos rapazes que moças“. Justamente na época em que se deveria ter uma distância maior – por conta da natural atração entre os sexos – homens e mulheres estão “misturados”… ao mesmo tempo em que se pode dizer que aumenta o interesse entre os dois, cada um se torna mais desinteressante para o outro. Não há grandes novidades… as moças estão por toda parte: é fácil chegar até elas, fácil até demais. Não é preciso passar por ninguém: pai, mãe, família… também não é preciso ter boas referências, bom caráter… a maioria das vezes não se sabe nada sobre o outro, só “que é agradável aos olhos”. Triste realidade, mas as moças não sabem mais o que é o universo feminino!
A mãe se dedica a ler histórias para o bebê
Recolhimento, orações, paciência, trabalhos manuais, cozinha, costura, canto e música, ofícios domésticos, profissão digna: eis algumas das ocupações das moças de família até a primeira metade do século XX.
Por outro lado, preocupação excessiva com a aparência física, vários parceiros durante a vida, evitar filhos, moda sensual: tudo isso estava reservado às mulheres de vida escandalosa no passado.
Cruzamos uma linha definitiva, e não percebemos quando as boas moças se tornaram as péssimas moças. Em marcha lenta, mas constante, fomos caminhando para o ponto exato onde a pequena mocinha de boa família, com seus dezesseis anos, ouve da própria mãe que precisa “se cuidar e tomar a pílula”. No lugar do piano, o estojo de maquiagem. Ao invés das aulas de bolos ou massas, as baladas noturnas.
Teme-se que a adolescente típica de nossos dias, que lê a revista Capricho, leve vida pior do que a moça que acabava por entrar na “vida fácil” dos anos 20. Parece exagerado? Mas de fato não é. Quantos namorados têm as moças de nossos dias? Seis? Sete, sem contar os “ficantes”? Quais as modas que elas vestem? Quais as preocupações centrais? Acaso não estão todas obrigadas a estarem sempre jovens e sensuais? Não estão condicionadas a não darem filhos das relações de que são escravas?
Quando falamos em universo feminino, não percebemos que estamos, em verdade, falando de um universo dignamente construído pela doutrina cristã; não é à toa, portanto, que tais “prendas” são tão atacadas. Fala-se com desprezo da mulher de antigamente, reservada às tarefas domésticas, quase como se ela fosse “incapaz”. Na verdade, o discurso “feminista” se alastrou em alguns pontos fundamentais – entre eles, por exemplo, a máxima do planejamento familiar. É preciso admitir que mesmo as pessoas mais respeitáveis [até mesmo padres, senhoras muito dedicadas à religião...] reagem à possibilidade de uma mãe ter muitos filhos como se fosse falta de higiene: “mas com tantos recursos? hoje em dia não… ah, se eu tivesse toda essa informação na minha época” – afirma hoje uma senhora, mãe de 14 filhos.
3 – Relação entre homens e mulheres: falta o mistério
Podemos não perceber, mas ainda sentimos falta do mistério necessário para a relação entre homens e mulheres. A diferença bem marcada no caráter de cada um é algo que fortifica o interesse natural entre o casal… tal diferença não é, como se poderia supor, de opiniões ou de crenças. Ao contrário: sabemos da importância de princípios sólidos e comuns para o matrimônio santo. Falamos especificamente daquilo que é próprio do homem e da mulher, das disposições de alma que cada um possui para exercer seu papel nos planos de Deus. A mulher se torna adorável aos olhos do homem precisamente naquilo que lhe é inteiramente particular: a disposição para a maternidade, o silêncio, a resolução em encarar os sacrifícios. Estas são coisas absolutamente necessárias para a harmonia da vida em família, onde homem e mulher precisam aprender a conviver juntos e educar os filhos.
Notas
[1] Cardeal Pietro Palazzini, in Dizionario di Teologia Morale, Ed. Studium, Roma, 1968, revista à luz do Concílio Ecumênico Vaticano II.
[2] Prof. Carlos Rizzo in Dizionario di Teologia Morale, Ed. Studium, Roma, 1968, revista à luz do Concílio Ecumênico Vaticano II.
[3] idem.
Fonte: As Chamas Do Lar Católico
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