Artigo publicado no jornal "A Folha da Manhã", Campos, no dia 25 de maio de 2011, quarta-feira.
A última assembléia geral dos Bispos do Brasil traçou as diretrizes gerais para a ação evangelizadora da Igreja no Brasil para os próximos anos. O subtítulo do documento – “Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6)”, aponta sua força motriz: tudo a partir de Jesus Cristo.
De fato, toda a ação da Igreja brota de Jesus Cristo e se volta para Ele e o Reino do Pai. Jesus Cristo é a nossa razão de ser, origem do nosso agir, motivo de nosso pensar e sentir. Nele, com Ele e a partir d’Ele, mergulhamos no mistério da Santíssima Trindade, construindo nossa vida pessoal e comunitária. Nisto se manifesta nosso discipulado-missionário: contemplamos Jesus Cristo presente e atuante em meio à realidade, compreendemos a realidade à sua luz e com ela nos relacionamos no firme desejo de que nosso olhar, ser e agir sejam reflexos do seguimento cada vez mais fiel ao Senhor Jesus. Não há, pois, como executar planejamentos pastorais sem antes pararmos e nos colocarmos diante de Jesus Cristo.
Em atitude orante, contemplativa, fraterna e servidora, somos convocados a responder, antes de tudo a nós mesmos: quem é Jesus Cristo? (Mc 8, 27-29). O que significa acolhê-lo, segui-lo e anunciá-lo? O que há em Jesus Cristo que desperta nosso fascínio, faz arder nosso coração (Lc 24, 32), leva-nos a tudo deixar (Lc 5, 8-11) e, mesmo diante das nossas limitações e vicissitudes, afirmar um incondicional amor a Ele (Jo 21, 9-17)?
A paixão por Jesus Cristo leva ao arrependimento, à contrição (Lc 24,47; At 2, 36ss) e à verdadeira conversão pessoal e pastoral. Por isso, devemos sempre nos perguntar: estamos convencidos de que Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida? O que significa para nós, hoje, o Reino de Deus por Ele instaurado e comunicado?
A Conferência de Aparecida nos convida a olhar com atenção para Aquele que, sendo rico, se fez pobre para a todos enriquecer (2 Cor 8,9). O discípulo missionário, ao contemplar Jesus Cristo descobre o Verbo que veio morar entre nós, o Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade (Jo 1, 14); aquele que, sendo de condição divina, não se fecha em si mesmo, mas se esvazia até a morte e morte de cruz (cf. Filip 2,5ss) e, à diferença das aves do céu e das raposas, não tem sequer onde reclinar a cabeça (Mt 8, 20). Ele sempre precisa ir a outros locais (Lc 4, 43), para anunciar o Reino, a graça, a justiça e a reconciliação com Deus e entre os homens. Ele se preocupa com as ovelhas que não fazem parte do rebanho (Jo 10, 16), nem que seja uma única ovelha perdida, sofrida (Lc 15, 4-7), para reanimá-las diante da dor e da desesperança (Lc 24, 13-35). É este mesmo Jesus que virá, um dia, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos (Mt 25, 31-45).
Assim a Igreja pretende evangelizar: a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula do Senhor, mestra, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, para que todos tenham vida (Jo 10,10), rumo à Pátria Celeste.
Dom Fernando Arêas Rifan
Bisbo Titular de Cedamusa
Administrador Apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Fonte: Adapostólica
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