quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Igreja: Mãe e Educadora

Igreja: Mãe e Educadora

Fonte: Lista Exsurge Domini
Autor: John Nascimento
Transmissão: Rogério Hirota

Diz o Catecismo da Igreja Católica :


2030 . – É em Igreja, em comunhão com todos os baptizados, que o cristão realiza a sua vocação. Da Igreja recebe a Palavra de Deus, que contém o ensinamento da “Lei de Cristo”(Gal.6,2); da Igreja recebe a graça dos Sacramentos que o sustentam no “caminho”; da Igreja recebe o exemplo de santidade : reconhece-lhe a figura e a fonte na santíssima Virgem Maria; distingue-a no testemunho autênctico dos que a vivem; descobre-a na tradição espiritual e na longa história dos santos que o precederam e que a Liturgia celebra no ritmo do Santoral.

Etimologicamente, esta palavra Igreja tem a sua origem no termo judaico QAHAL que significa uma Assembleia ou um Ajuntamento, e foi usado no Antigo Testamento para significar a Assembleia do Povo Escolhido por Deus.

O grego traduziu por Ekklesia daí passou para o latim como Ecclesia e chegou até nós como Igreja.

A palavra grega Ekklesia, no grego clássico significava a Assembleia dos cidadãos de uma cidade no sentido legislativo e deliberativo.

Esta Assembleia incluía apenas os cidadãos que gozavam de plenos direitos, e assim, ficava identificada a dignidade dos membros e a legalidade da Assembleia.

Não tinha ainda um significado religioso.

No Novo Testamento já engloba os dois sentidos : a Assembleia religiosa de Deus e a Assembleia local.

Ekklesia foi o termo aplicado pela primeira vez à Igreja de Jerusalém que era uma comunidade local.

Era ao mesmo tempo a Assembleia ou comunidade dos que acreditavam em Jesus Cristo, e era a legítima comunidade sucessora da Assembleia Israelita de Javé.

As relações entre a Igreja de Jerusalém e o Judaísmo não se tornaram agudas senão desde que os gentios foram admitidos como membros e formaram várias comunidades noutras cidades, das quais, a mais importante foi Antioquia.

Então foi necessário que a Igreja se identificasse como uma comunidade distinta do Judaísmo, na qual o Gentios podiam ser admitidos sem se tornarem judeus e sem as obrigações das leis judaicas.

Esta questão foi discutida no primeiro concílio de Jerusalém de que nos fala o capítulo XV dos Actos dos Apóstolos.

O êxito de Paulo entre os pagãos, tornou a pôr em carne viva o problema fundamental da Igreja Apostólica : devem os pagãos observar a lei mosaica, isto é, as prescrições do Pentateuco (especialmente Levítico e Deuteronómio) ?

Os cristãos de facção hebraica, que predominavam em Jerusalém, afirmavam que sim; os helenistas, sobretudo de Antioquia, diziam que não.

Mais tarde Paulo responderia :

- “Mas nem o próprio Tito que estava comigo, sendo gentio, foi obrigado a circuncidar-se”. (Gal.2,3).(cf. Ef.2,11-22).

O Evangelho de S. Mateus diz-nos que Jesus falou em fundar uma Igreja, a Sua Igreja :

- “Também Eu te digo: Tu es Pedro e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do Inferno nada poderão contra ela”.(Mt.l6,18).

Portanto a Igreja é a Assembleia daqueles que Deus chamou para serem o Seu Povo e fazerem a Sua vontade.

São aqueles que acreditam que Jesus é o verdadeiro Messias, o Filho de Deus e que foi posto por Deus no meio do Seu Povo como modelo de vida.

A Igreja foi fundada e fortificada para difundir a Boa Nova de Jesus até ao fim do mundo.

No Novo Testamento é usada a palavra Igreja com dois sentidos :

* Como Igreja Universal, de todos os que acreditam em Jesus Cristo, em toda a parte e em todos os tempos.

* Como Igreja específica de uma determinada região, tal como Igreja de Roma, de Corinto, etc.

Todavia, estes grupos não são Igrejas independentes, mas membros da Igreja Universal.

Assim o entende para os tempos de hoje, o Catecismo da Igreja Católica, citando o Concílio Vaticano II :

832. - "A Igreja de Cristo está verdadeiramente presente em todas as legítimas comunidades locais de fiéis que, unidas aos seus pastores recebem também elas, no Novo Testamento, o nome de Igrejas(...). Nelas, os fiéis são reunidos pela pregação do Evangelho de Cristo, e é celebrado o mistério da Ceia do Senhor (...). Nestas comunidades, muitas vezes pequenas e pobres ou dispersas, está presente Cristo, por cujo poder se constitui a Igreja una, santa, católica e apostólica". (LG.26).

Tendo professado a nossa fé no Espírito Santo, nós continuamos a professar também a nossa fé na Igreja de que o Espírito Santo é a alma e a fonte da sua vida comunitária.

Num certo sentido a Igreja começou com a origem da raça humana.

Deus quer salvar o povo, não apenas como indivíduos, mas também como membros de uma sociedade.

Consequentemente a Igreja corresponde, no nível da graça, à nossa existência social no nível da natureza.

A prefiguração da Igreja recua até aos tempos em que Deus chamou Abraão para ser o pai de todos os crentes.

Mas na presente economia da vida da fé a Igreja começou com a Encarnação do Filho de Deus.

Aqui nós podemos encontrar três fases do estabelecimento da Igreja no mundo :

* Cristo começou por formar o Seu Corpo Místico, que é a Igreja, quando, pela Sua pregação durante a Sua vida pública, deu a conhecer a Sua doutrina ao Mundo.

* Cristo completou a Igreja quando morreu na cruz.

* Cristo proclamou a Igreja quando enviou o Espírito Santo prometido sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes.

Assim quando dizemos que a Igreja nasceu no Calvário, devemos entender que Cristo, pela Sua morte mereceu as graças que o mundo pecador necessitava para ficar completamente reconciliado com um Deus ofendido.

Todavia, isso foi apenas o princípio.

Verdadeiramente, Cristo ganhou para nós todas as graças de que nós necessitávamos para sermos santificados e salvos.

Mas estas graças, desde então e para sempre, deveriam ser comunicadas a todo o mundo...

E é através da Igreja, que começou a sua existência em Sexta-Feira Santa, que o Salvador está a comunicar e a canalizar a Sua graça para toda a família humana.

Fundando a Sua Igreja, Cristo assegurou que ela havia de cumprir a sua missão até ao fim do mundo, prometendo :

- “Eu estarei sempre convosco até ao fim do mundo”. (Mt.28,20).

Logo no princípio da Idade Apostólica, os chefes da Igreja começaram a organizar-se para saberem quem é que pertencia à Igreja, e assentar ideias sobre o que deviam acreditar.

Por isso apareceram dissidências entre os primeiros chefes e houve oposições vindas do exterior.

Começou desde logo a formar-se o Magistério da Igreja que assenta na Sucessão Apostólica.

Todo o Concílio Vaticano II foi um esforço de actualização da Igreja, nas suas múltiplas actividades e na defesa e esclarecimento das verdades em que devemos crer, mas debruçou-se especialmente numa Constituição Dogmática sobre a Santa Igreja - Lumen Gentium, e numa Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Actual - Gaudium et Spes.

Nesta Constituição Pastoral, podemos ler sobre a Natureza da Igreja :

- As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristeza e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história.

E a mesma Constituição Pastoral continua ainda :

- Po isso, o Concílio Vaticano II, tendo investigado mais profundamente o mistério da Igreja, não hesita agora em dirigir a sua palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a quantos invocam o nome de Cristo, mas a todos os homens. Deseja expor-lhes o seu modo de conceber a presença e a actividade da Igreja no mundo de hoje.

Cristo fundou a Sua Igreja para a continuação do cumprimento do plano da História da Salvação.
Fonte: Exsurge Domini

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